Acervo

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Futebol Pitacos- Jogos de Quarta 13/05

Cruzeiro 1x0 São Paulo

-Se o São Paulo havia sido muito melhor no Morumbi, o Cruzeiro foi bem superior, especialmente na etapa final no Mineirão. Em uma disputa tão equilibrada assim, deu o óbvio. Disputa de pênaltis.

-Ganso e De Arrascaeta, pouco apareceram. O jogo, principalmente dos mineiros, era pelos lados do campo. De qualquer maneira, a partida era disputada com alta intensidade e agradava.

-O primeiro tempo começou com uma pressão total da raposa. Isso durou até os quinze minutos. Depois, o tricolor passou a tocar a bola, valorizar a posse e atacar mais, fazendo boa partida. Porém, existia um sério problema no seu lado esquerdo de defesa. Reinaldo, amarelado, tomava um baile de Marquinhos e não tinha ajuda dos companheiros. Era o mapa da mina para os mineiros.

-A etapa complementar foi toda do Cruzeiro. o time adiantou a marcação, criou oportunidades e marcou por onde já se previa. Em jogada nas costas de Reinaldo, saiu o gol de Leandro Damião.

-Depois disso, a raposa seguiu atacando. E desperdiçando chances de garantir a classificação no tempo normal. Milton Cruz tentou dar mais vida e velocidade ao seu ataque, com as entradas de Luís Fabiano e Centurión. Não funcionou.

-Nos pênaltis, deu Cruzeiro. Justo, como também teria sido se tivesse dado São Paulo. O bicampeão brasileiro segue na luta por seu terceiro título na Libertadores. E o tricolor tem elenco mais do que suficiente para buscar nova classificação para o torneio no ano que vem. Resta saber se terá motivação para tal.

Inter 3x1 Atlético-mg

-O melhor duelo da fase de oitavas de final da Libertadores. Dois jogos muito bons e bem disputados. Mas no fim, passou quem hoje é mais organizado e tem mais elenco.

-O Inter jogou o tempo todo com uma estratégia clara. Recuava suas linhas de marcação (jogou no 4-4-1-1) e deixava o galo propor o jogo e ter a posse de bola. Ao mesmo tempo, tinha espaço para a velocidade de Valdivia e Eduardo Sasha (que depois foi substituído por Jorge Henrique). Foi assim e com dois golaços que ampliou a sua vantagem antes mesmo do intervalo.

-Como de praxe, o Atlético não desistiu e foi com tudo para cima na etapa complementar. Conseguiu diminuir a desvantagem. Porém, uma falha individual de Dátolo deu a Lisandro Lopez a chance de selar a classificação colorada. O que chamou mais atenção nesse lance foi o fato de dois jogadores gaúchos estarem pressionando a marcação na grande área adversária. Palmas para Diego Aguirre.

-O técnico do Inter, aliás, merece todos os parabéns. Questionado até pouco atrás, ele vem fazendo um ótimo trabalho.

-Para o galo, que caiu de pé, lutando, resta tentar nova classificação para a Libertadores nos certames nacionais. Pelo elenco que possui, está entre os favoritos.

-O Inter vai enfrentar nas quartas o bom time do Independiente de Santa Fé. Decide em casa e é favorito a passar as semifinais. Novamente, serão dois jogos espetaculares. Valerá assistir!

Corinthians x Guarani-par

-Não. O Corinthians não era isso tudo que muitos achavam. A eliminação para o Palmeiras no Campeonato Paulista, o empate diante do San Lorenzo e as derrotas para o São Paulo e Guarani já davam mostras da queda. Contudo, a equipe é superior ao Guarani. E era favorito para se qualificar.

-O primeiro tempo nem foi tão ruim. Foram várias chances criadas. As mais claras foram perdidas por um Guerrero ainda sem ritmo de jogo. Mesmo assim, a equipe que se notabilizou por marcar poucos gols trabalhava a bola, trocava passes, tinha a bola. Mas encontrava dificuldades para passar pelo 5-4-1 paraguaio. Até porque Elias não jogava bem e Ralf atrasava as transições ofensivas.

-O gol não saiu, mas a torcida não parou. O time sim. A etapa complementar foi desastrosa. As entradas de Mendoza e Danilo não tiveram o efeito desejado. Poucas chances foram criadas. E o que era ruim ficou ainda pior com o destempero de Fábio Santos e Jádson, justamente expulsos pelo árbitro chileno Enrique Óses.

-Com dois jogadores a mais, o gol do Guarani até demorou a sair. Quando aconteceu, não foi surpresa pra ninguém. Méritos para um time que sabia das suas limitações. Mas que fez o resultado em casa, como havia feito quando venceu o Racing, campeão argentino, na fase de grupos.

-Sem as receitas das fases mais agudas da Libertadores, como o timão fará para acertar os salários? Prevejo semanas difíceis no Corinthians, com saída de jogadores e muita lavagem de roupa suja. É o preço a se pagar pela eliminação precoce. Se conseguir juntar os cacos e focar no brasileirão, tem boas possibilidades de lutar pela vaga na Libertadores do ano que vem. O problema é que a panela de pressão que é o clube está prestes a explodir.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Futebol Pitacos Jogos de Terça- 12/05

Bayern de Munique 3x2 Barcelona

-Deu a lógica em Munique. Cheio de desfalques importantes e com uma grande desvantagem, o Bayern lutou, pressionou, atacou, mas não conseguiu o milagre da classificação. O estrago feito por Messi no Camp Nou já havia selado o destino dos baváros.

-A partida foi muito boa, como todos esperavam. O Bayern saiu pressionando, adiantando Rafinha e Bernat para marcar os laterais do Barcelona no campo de ataque. Xabi Alonso fazia as vezes de terceiro zagueiro quando isso ocorria. A torcida vinha junto e parecia acreditar. E o gol marcado logo aos sete minutos, em um escanteio reforçou ainda mais a esperança.

-Entretanto, o clube catalão não se abalou. Seguiu tocando a bola e achando os espaços, especialmente no lado esquerdo da defesa alemã. Foi por lá que Rakitic desperdiçou boa chance. E também foi por onde Messi achou Suarez, que bateu a linha de impedimento e achar Neymar sozinho para igualar a partida.

-O que já estava ruim ficou ainda pior quando o uruguaio novamente serviu o craque brasileiro para virar o placar ainda no primeiro tempo.

-Messi não foi brilhante como de costume. Mas jogou em prol da equipe. Mais recuado que o habitual, o argentino foi o responsável pelo antepenúltimo toque. e por levar os marcadores a loucura com sua habilidade.

-Com a classificação já garantida, o Barça poupou Suarez e pouco fez na etapa final. Jogando pela honra, o Bayern atacou, pressionou e chegou a virada, sem nunca chegar a ameaçar a vaga do time espanhol.

-Fica agora a torcida desse blogueiro para um superclássico espanhol na final dessa edição da UEFA Champions League. Seria a final dos sonhos. Depende do Real Madrid amanhã!

Palmeiras 5x1 Sampaio Corrêa

-Jogando pelo empate em zero a zero, o Palmeiras começou melhor, inclusive encontrando incrível facilidade para criar jogadas pelo meio da defesa. Foi por ali que perdeu uma grande chance e teve um gol bem anulado, tudo isso antes dos 15 minutos.

-Jogando fechadinho, o time maranhense tentava explorar a velocidade de Pimentinha. E foi com ele entortando o zagueiro Vítor Hugo que saiu o gol de Diones. Gol esse que deixou o verdão extremamente nervoso. A equipe paulista passou a errar passes fáceis e muito pouco criou a partir desse momento. Culpa também do esquema tático de Oswaldo de Oliveira, que atuava com dois volantes (Gabriel e Amaral) diante de um adversário que pouco saia para o jogo.

-No intervalo, o treinador arrumou a casa, tirando Amaral e colocando Robinho. A pressão foi total e, antes dos 10 minutos o Palmeiras já havia virado o marcador. As jogadas pelo lado direito começaram a surgir com naturalidade, já que Lucas apoiava com eficiência, Robinho dava suporte e Rafael Marques caia por aquele setor.

-Precisando pelo menos do empate, o Sampaio tentou ir a frente, mas só tinha como arma a velocidade. Ou os chutes de longe. Mesmo assim, carimbou duas vezes a trave de Fernando Prass e por pouco não igualou o placar.

-Depois que o Palmeiras marcou o seu terceiro gol, o Sampaio sentiu o golpe e baixou a guarda, deixando o alviverde chegar a goleada com naturalidade. Porém, apesar do placar dilatado, que os torcedores não se iludam. A partida foi mais complicada do que o marcador sugere. A classificação a próxima fase foi justa pela qualidade e quantidade do seu elenco. Mas ficou muito claro que o Palmeiras precisa melhorar, e muito, para brigar pelos títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

A Era de Ouro do Flamengo- A preparação para o Carioca e Libertadores 1981

A preparação para o carioca e Libertadores 81

Os boatos sobre a reformulação da equipe começaram logo. Adílio seria trocado pelo ponta esquerda Zezé, do Fluminense, para solucionar o já crônico problema da posição. Outro que deve deixar a Gávea é Luís Pereira. O Palmeiras será seu destino. Baroninho, ponta que surgiu no Noroeste e que atualmente estava no verdão será incluído na negociação (o fla recebeu três milhões, mais o empréstimo de Barone até o fim da temporada)

Pelo menos Dino Sani teria 15 dias só de treinamentos para acertar o time. Só depois seriam marcados amistosos. O primeiro reforço anunciado não agradou muito os torcedores. Do Figueirense, chegou por empréstimo o ponta Gersinho. Após ser apresentado, o jogador acabou retornando para o Figueirense e o negócio foi cancelado, já que Lico não aceitou ser emprestado para o time de Santa Catarina.

A ponta direita continuaria a ser prioridade. Nos dias que se seguiram, Fumanchu foi emprestado ao Santos e Chiquinho, ponteiro do Olaria foi contratado.

Ao mesmo tempo, começa a “guerra” para renovar o contrato de Zico. A idéia da Diretoria era marcar um amistoso contra a Seleção Brasileira. Com a renda, renovaria o vínculo do camisa 10. A CBF vetou a realização do jogo. Na mesma semana, Rondinelli renovou. Faltavam Zico e Adílio.

Quase no fim do período de treinamentos, Leandro voltou a treinar e assumir a lateral direita da equipe, após longo período afastado por conta do acidente que sofrera.

O primeiro amistoso foi diante do Democrata, em Minas. Novamente, o Flamengo decepcionou, ao empatar em dois a dois. Chiquinho e Tita marcaram os gols. De bom, a atuação dos novos ponteiros, Chiquinho e Baroninho.

Antes do próximo compromisso, a central de boatos voltou a aparecer. Segundo ela, Adílio seria trocado por Guina, meia do Vasco. Imediatamente, a Diretoria rubro-negra tratou de recusar a proposta.

Contra o Carlos Chagas, veio a primeira vitória. Dois a zero, com gols de Chiquinho e Leandro. O time esteve muito mal no primeiro tempo, mas melhorou na etapa final. Enquanto isso, na excursão da Seleção Brasileira a Europa, Zico mostrava que valia o que pedia. Ele marcou seu gol de número 500, frente a Inglaterra, em Wembley, na primeira derrota dos ingleses para sul americanos em seu estádio.

Ainda sem poder contar com os jogadores que estavam servindo o Brasil, o Flamengo foi derrotado pelo Vasco, em amistoso, por um a zero. Na seqüência, a delegação foi para Porto Alegre, jogar a final do Torneio de Maldonado, que havia sido adiada por conta das chuvas, contra o Grêmio. Empate em um a um (gol de Nunes) no tempo normal e título vermelho e preto, no sorteio.

De volta a Gávea, Zico avisa: Sem contrato, não jogo. O Milan volta a carga para contratar o jogador. Novamente, o rubro-negro recusa a proposta italiana.

No próximo texto: O primeiro Turno do Carioca de 81 e o começo da Libertadores. Até lá!




quarta-feira, 6 de maio de 2015

A Era de Ouro do Flamengo- Taça de Ouro de 1981, as fases decisivas


Segunda Fase

Tendo ficado com o segundo lugar do grupo na primeira fase, o Flamengo iria enfrentar Atlético-mg, Colorado e o Uberaba (que veio da Taça de Prata). Todos jogavam contra todos, em ida e volta e apenas os dois primeiros colocados avançariam as oitavas de final.

Porém, antes de voltar ao certame nacional, era hora de faturar. E lá foi a equipe para o Uruguai, participar do Torneio de Maldonado. Na estréia, vitória categórica sobre o Peñarol, por três a zero, com gols de Anselmo, Lino e Peu. Infelizmente, por conta das fortes chuvas, a decisão com o Grêmio foi adiada, ficando para ser disputada em outra data, no Brasil.

De volta a Taça de Ouro, o primeiro jogo era contra o Atlético-mg, no Maracanã, em uma revanche da final do ano passado. Para este clássico, Bria pode contar com Zico, Júnior e Tita, liberados por Telê Santana da Seleção Brasileira que disputava as eliminatórias para a Copa de 82. Da mesma forma, o galo poderia contar com Éder, Reinaldo e Cerezo.

Durante a folga de carnaval, ocorreu um grave problema com o lateral direito Leandro. Ele estava em Cabo Frio, sua cidade natal quando se envolveu em um acidente automobilístico. O jogador teve várias fraturas e estava fora do resto do campeonato. Junto com ele estava o atacante Anselmo, que teve mais sorte. Sofreu apenas alguns arranhões e já foi a praia no dia seguinte.

Preocupada, a Diretoria tratou de contratar logo dois laterais para a sua posição. Carlos veio do São Cristovão. E Nei Dias, do XV de Jaú. Ambos por empréstimo até o fim do ano.

O centroavante mineiro era alvo de preocupação na Gávea. Afinal, havia acabado de ter uma grande atuação na vitória do Brasil sobre a Bolívia em La Paz, por dois a um. Bria designou Luís Pereira para marcar individualmente o camisa nove atleticano.

No coletivo apronto, goleada dos titulares, por quatro (Peu, duas vezes, Nunes e Luís Pereira) a um (Anselmo).

Apesar do bom treino, surgiram problemas de última hora para Bria. Tita, com torção no tornozelo e Júnior, que não acertou a renovação de seu contrato, estavam fora. Dos jogadores da Seleção, apenas Zico jogaria. Apesar dos desfalques do time carioca, a expectativa era de um grande jogo.

Flamengo 2x1 Atlético-mg

Bria mandou a campo o seguinte time: Raul, Carlos Alberto, Luís Pereira, Marinho e Mozer (improvisado na lateral esquerda), Andrade, Adílio e Zico, Lino, Nunes e Édson.

Sem tantos problemas, o time mineiro começou melhor. Logo aos três minutos, Éder cobrou falta da direita e Cerezo, sem marcação, cabeceou para ótima defesa de Raul. Se o treinador rubro negro instruiu Luís Pereira para marcar individualmente Reinaldo não sabemos. Mas que o zagueiro se lançava a frente a todo o momento, deixando a defesa desguarnecida, era fato.

Aos 20, funcionou novamente a dupla Éder e Reinaldo. O ponteiro lançou e o atacante aproveitou a hesitação de Luís Pereira para invadir a área e finalizar rente a meta de Raul.

A improvisação de Mozer na lateral esquerda trazia um grave problema ao Flamengo, já que ele não apoiava e deixava Édson isolado na ponta. Com isso, o time carioca só forçava as jogadas pelo lado direito.

E foi por aquele setor que saiu o lance do gol do galo. Aos 25, o ponta Frazão passou como quis por Mozer e foi derrubado na entrada da área. Éder cobrou de forma magistral, mandando a bola no ângulo superior esquerdo de Raul. Com toda justiça, Atlético um a zero.

Aos 29, o empate rubro-negro Zico, de calcanhar, deixou para Luís Pereira. O zagueiro avançou e tocou para Adílio. O camisa oito descobriu Nunes entrando livre pela meia esquerda, nas costas do zagueiro Osmar. O artilheiro do campeonato bateu forte, de perna esquerda para igualar a peleja. Um a um.

Na etapa complementar, o Atlético continuou melhor, com Éder levando vantagem sobre Carlos Alberto e Frazão em cima de Mozer. Aos 10 minutos, Bria tirou Andrade e pôs Vitor em campo, tentando melhorar a marcação.

Coincidência ou não, no minuto seguinte o Flamengo desempatou. Édson cobrou escanteio da esquerda. A defesa aliviou e a sobra ficou para Adílio, na meia lua. O neguinho bom de bola dominou a pelota e, ao perceber que tinha muita gente na sua frente, deu um toque com o lado do pé, colocando a bola no canto esquerdo de Pereira e marcando um golaço. Flamengo dois a um.

A partir daí, o jogo ficou mais equilibrado. O Atlético saiu pro jogo, tentando chegar ao empate e o mengo teve espaço para explorar os contra ataques. Aos 25, Reinaldo ganhou de Luís Pereira e bateu cruzado. A bola saiu tirando tinta da trave direita de Raul.

Aos 27, Bria tirou Édson e colocou Peu em campo. Na seqüência, Nunes deixou Lino na cara do gol, com um brilhante toque de calcanhar. Ao invés de colocar a bola, Lino optou por chutar forte. Infelizmente, o remate acabou saindo à esquerda de Pereira.

Os espaços apareciam cada vez mais. Aos 31, Lino cruzou. Zico ganhou de Osmar, girou e chutou. Pereira fez um milagre e conseguiu desviar para escanteio. A partida passou a ser disputada em ritmo alucinante. No minuto seguinte, Peu foi desarmado na intermediária. Éder foi lançado por Heleno nas costas de Carlos Alberto, que saia para buscar o ataque. O camisa onze ganhou na velocidade de Luís Pereira e bateu forte. A bola explodiu na trave esquerda e saiu pela linha de fundo.

Aos 38, Cerezo recebeu de Éder, fintou Adílio e mandou uma bomba que explodiu na trave. Dois minutos depois, novamente Éder quase empatou a partida ao cobrar falta com violência. O chute explodiu no peito de Raul. Para sorte do goleiro, ninguém do Atlético estava perto para conferir a sobra.

No fim das contas, o Flamengo levou os dois pontos, mas novamente, não esteve bem no jogo. O Atlético criou mais chances e merecia melhor sorte.

Contra o Uberaba, fora de casa, Bria voltaria a não poder contar com Zico, Júnior e Tita, novamente na Seleção. Mozer foi mantido na lateral esquerda, Peu substituiu o galinho e Lino seguia na ponta. A renda da partida foi recorde do estádio do interior mineiro. Nunes, de bicicleta, deixou mais uma vez a sua marca. Do outro lado, porém, Raul também sofreu um gol e a partida terminou empatada.

A terceira partida seria em Curitiba, diante do Colorado. Bria mais uma vez ia mexer na equipe. Rondinelli foi escalado na lateral direita, com Carlos Alberto passando para a esquerda. Rond não gostou nem um pouco de ser improvisado e reclamou muito. Para completar, mais duas alterações: a entrada de Fumanchu na vaga de Lino. E a volta de Carpegianni, no lugar de Peu.

Como era de se esperar, a equipe esteve desentrosada, confusa e nervosa. Foi goleada por quatro a zero. E se não fosse Raul, o prejuízo poderia ter sido ainda maior. Com o resultado, o Flamengo ficava em segundo lugar, com três pontos, junto do Atlético-mg e um ponto atrás do Colorado, novo líder da chave.

No dia seguinte a derrota, o Milan anunciou que mandaria representantes ao Rio para comprar o passe de Zico. A Diretoria rubro-negra sequer recebeu o ex ídolo e então Diretor do rossonero, Gianni Rivera. Mesmo assim, os italianos apresentam sua proposta. O Flamengo queria 4 milhões de dólares. Os europeus ofereciam apenas 1,6 milhões. Para alívio geral da nação, a negociação foi abandonada. Zico, todavia, avisou que exigiria salários e prêmios ao nível de Europa para renovar.

Pela quarta rodada, o compromisso seria em Belo Horizonte, diante do Atlético-mg. Prestigiado, Bria pensa em promover a estréia de Nei Dias, na lateral direita. Na Gávea, a Diretoria acertou a renovação do contrato de Júnior. O lateral, assim como Zico e Tita ainda não estariam disponíveis para enfrentar o galo. Mas reforçariam a equipe nos dois últimos jogos da fase.

Um clima hostil era esperado em BH. Afinal, ao Atlético também só interessava a vitória. Apesar das expectativas, dentro das quatro linhas, o jogo foi morno. Ninguém quis arriscar demais, sabendo que poderia decidir a sua sorte nas duas rodadas derradeiras, diante de adversários teoricamente mais fracos. E o placar não foi alterado. Zero a zero.

Com isso, bastava ao Flamengo vencer o Uberaba, no Maracanã e contando com a volta dos jogadores que estavam na Seleção para garantir a classificação as oitavas de finais. Para surpresa de todos, a Diretoria acertou com Dino Sani para ser o novo técnico do time. Modesto Bria só ficaria até o confronto diante do Colorado. A razão alegada para a substituição no comando técnico era que o Flamengo precisava de alguém com mais nome, com mais pulso para as fases derradeiras da Taça de Ouro e, especialmente para a Libertadores que se aproximava.

Como precisava arrumar dinheiro para renovar o contrato de Zico, os passes de Adílio e Rondinelli devem ser vendidos ao Corinthians, após o término do Brasileiro.

Flamengo 4x2 Uberaba

Em seu penúltimo jogo, Bria mandou a campo o seguinte time: Raul, Carlos Alberto, Luís Pereira, Marinho e Júnior. Vítor, Adílio e Zico, Tita, Nunes e Carlos Henrique. Apesar de contar com a volta dos jogadores que classificaram o Brasil para a Copa de 82, o rubro-negro parece que entrou em campo dormindo. Logo aos quatro minutos, Nei entrou num buraco entre Carlos Alberto e Luís Pereira. Para nossa sorte, ele chutou torto, saindo longe da meta do fla.

Dois minutos depois, não teve jeito. Paulo Luciano recebeu na intermediária, driblou Adílio e bateu. Raul falhou e a bola passou entre seus braços. Uberaba um a zero. Aos oito, Zico lançou Nunes que passou pelo goleiro, mas perdeu ângulo. Mesmo assim e apesar do galinho estar sozinho no meio da área, o atacante tentou a conclusão, que acabou indo pela linha de fundo.

O Flamengo tentava reagir. Aos 12, Zico cobrou falta e obrigou o goleiro do time mineiro a fazer uma difícil defesa. A atuação, contudo, era ruim. Carlos Henrique, bastante acionado, não ganhava uma disputa com seu marcador. Pior, seu posicionamento travava as tentativas de apoio de Júnior. Zico pouco pegava na bola. Vítor era obrigado a cobrir as seguidas investidas de Luís Pereira ao ataque, o que deixava o meio de campo fragilizado. E o lado direito, onde Tita se postava, era praticamente esquecido, pois por ali não se atacava.

Na transmissão da TVE, o comentarista Achiles Chirol dizia: “Há muito tempo que não vejo o Flamengo jogar tão mal como nesse primeiro tempo”. E a coisa ainda piorou. Aos 37, Nezinho lançou Nei nas costa de Luís Pereira. Carlos Alberto não estava lá para fazer a cobertura. O ponta passou por Raul e cruzou para Serginho só encostar. Uberaba dois a zero. Silêncio no Maracanã!

O Flamengo voltou do intervalo com uma alteração: Ronaldo no lugar de Carlos Henrique. A equipe mudou a atitude. Inflamada, a torcida veio junto. Aos cinco minutos, Júnior cobrou escanteio da esquerda. O goleiro Diron saiu mal e a bola sobrou para Tita, que bateu meio sem ângulo. A finalização desviou na cabeça do zagueiro Rafael e entrou. Taticamente, ouve apenas uma modificação. Nunes passou a ocupar com mais freqüência o flanco esquerdo, enquanto Ronaldo ocupava seu lugar no meio. Isso confundiu a zaga adversária.

O empate veio aos 14. Zico cobrou falta da direita. Marinho cabeceou prensado com as costas do zagueiro. Para sua felicidade, a sobra ficou na medida para que o zagueiro soltasse uma bomba, de primeira, quase no ângulo esquerdo de Diron. Dois a dois!

Aos 21, a virada. Júnior cobrou escanteio da esquerda na primeira trave. Zico desviou de calcanhar e achou Nunes sozinho, dentro da pequena área. O artilheiro do certame só teve o trabalho de desviar para as redes. Três a dois!

Aos 27, Júnior e Nunes tabelaram pela meia esquerda. O capacete deu um grande passe em profundidade para a penetração de Ronaldo, que cruzou no capricho para Tita pegar de sem pulo e marcar o quarto gol rubro-negro. Um prêmio pela mudança de atitude do time.

Faltando nove minutos para o fim, Zico sentiu uma pancada e foi substituído por Fumanchu, que entrou na ponta direita. Sendo assim, Tita foi para a vaga do galinho, no meio de campo. Sem seu maior astro em campo, o rubro-negro tirou o pé do acelerador e apenas tocou a bola e gastou o tempo. A virada emocionou Bria e os jogadores, que dedicaram a vitória ao treinador.

Como o Atlético-mg venceu o Colorado, no Paraná, o grupo ficou assim para a derradeira rodada. Em primeiro, o Flamengo, com seis pontos. Em seguida, vinham o Atlético e o Colorado, com cinco. Na lanterna, o Uberaba, com quatro. Os confrontos serão Flamengo x Colorado e Atlético x Uberaba.

Na reapresentação do grupo, Tita afirmou que não mais jogaria na ponta direita e que queria brigar pela posição no meio do campo, assim como fizera na Seleção (e Telê nunca mais o chamou). Como a equipe estava praticamente classificada para as oitavas de final, a preocupação da Diretoria passou a ser a renovação do contrato de Adílio e o fim do seguro de 60 dias de Marinho e de Carlos Alberto (naquela época, a legislação permitia que o clube oferecesse um seguro para o jogador seguir atuando após o fim do seu contrato. Esse seguro tinha duração máxima de dois meses e, após o fim, o clube era obrigado a fixar o preço do passe do jogador na Federação. A partir dali, qualquer clube que depositasse o valor, levaria o atleta). Esses três casos aconteceriam durante a fase de mata mata da Taça de Ouro.

Para aliviar um pouco os problemas, Zico foi reavaliado e liberado para o confronto diante do Colorado, que estava atravessado na garganta dos jogadores após a goleada sofrida por quatro a zero.

Flamengo 2x1 Colorado

Para seu último jogo no comando do mengo, Bria manteve a equipe do segundo tempo contra o Uberaba, com Ronaldo na vaga de Carlos Henrique. Fechadinho na defesa, o Colorado explorava os contra ataques e os erros do Flamengo. No primeiro deles, aos quatro minutos, Júnior errou um passe simples para Marinho. Buião interceptou e tocou para Jorge Nobre finalizar com muito perigo.

O rubro negro repetia os erros dos jogos anteriores. Era muito lento na transição ofensiva, o que facilitava a recomposição do time paranaense. A torcida, que comparecia em grande número ao Maracanã, começava a ficar nervosa e a reclamar do rendimento dos cariocas.

Aos 24, teve início uma impressionante seqüência de oportunidades. Zico mandou uma bomba de longe, que passou rente ao travessão de Joel Mendes. Na jogada seguinte, o Flamengo apertou a marcação no campo de ataque e Ronaldo conseguiu roubar a bola. Dali, o toque foi pra Nunes, que carregou e serviu Tita. O chute saiu forte e Joel Mendes fez milagre para defender. Aos 25, foi a vez de Vítor tomar a pelota e lançar Nunes, em posição duvidosa. O atacante mandou o tiro longe do goleiro. Infelizmente, a bola saiu raspando a trave direita. A pressão não parava. Aos 27, Zico ganhou com falta do zagueiro Caxias, foi a linha de fundo e cruzou para trás. Adílio dominou e chutou. A bola desviou em um defensor e novamente Joel Mendes estava lá para evitar o primeiro gol rubro negro.

Aos 39, a zebra apareceu. Jorge Nobre recebeu dentro da área, protegeu a bola com o corpo e abriu para Buião, na direita. O ponta foi a linha de fundo e cruzou rasteiro, forte. Aladin, sozinho, completou na segunda trave e fez um a zero para o Colorado. Esta derrota, combinada com a vitória do Atlético-mg sobre o Uberaba eliminava o Flamengo da Taça de Ouro. Para variar, a equipe deixou o gramado sob vaias.

Com o apoio da torcida, o Flamengo começou a etapa final em cima, porém sem criar uma grande oportunidade. E pior, dava espaço para os contra ataques do Colorado. Na transmissão da TV Globo, Gérson dizia: “Tá fácil, fácil entrar na defesa do Flamengo. A coisa ta complicando.” Aos nove, quase o time do Paraná aumenta. Nílton tabelou com Aladim, recebeu na frente e soltou um pombo sem asa que explodiu no travessão de Raul.

Aos 16, Bria pôs Nei Dias em campo, para substituir Carlos Alberto, que pediu para sair pois estava errando tudo o que tentava. O dia parecia que não seria mesmo rubro-negro. Aos 18, Nei Dias cruzou na cabeça de Zico, que estava desmarcado. O galinho testou com consciência mas a bola caprichosamente explodiu na trave de Joel Mendes.

Aos 22, Zico e Luís Pereira foram tabelando desde o meio campo. O camisa 10 tentou a finalização, mas o chute saiu a direita da meta do Colorado. No minuto seguinte foi a vez de Tita assustar o goleiro com um tiro de fora da área.

A pressão era toda rubro-negra. Muito mais na base da raça e do apoio da torcida do que da organização, o time se lançava a frente. Aos 29, Bria tirou Ronaldo e colocou Fumanchu, que foi jogar na ponta direita, com Tita passando para a extrema esquerda.
No lance seguinte, Joel Mendes fez duas defesas espetaculares. Primeiro em uma cabeçada de Adílio. Depois, num chute a queima roupa de Nunes. O tempo ia passando e nada do gol sair. Aos 33, Adílio saiu carregando da intermediária e rolou para Zico. O galinho entrou na área e na saída do goleiro tocou com imensa categoria, empatando o jogo. Um a um.

Aos 35, Tita tocou para Zico, que passou no meio de dois marcadores e de bico, de perna esquerda, desempatou e garantiu a virada e a classificação rubro negra. Dois a um e com um golaço com a assinatura do camisa dez da Gávea!

Uma análise um pouco mais fria mostra que as duas últimas viradas aconteceram muito mais na base do talento individual e do recuo excessivo dos adversários do que por méritos do Flamengo. Estava claro que para poder brigar pelo título, a equipe ainda teria que melhorar muito.

Com o primeiro lugar garantido, o próximo adversário seria o Bahia, já pelas oitavas de final da competição. Dino Sani assume no lugar de Bria e já realiza uma alteração tática: Adílio vai para a ponta direita e Tita passa a jogar no meio. Acaba desistindo, pois só teve dois dias de treinos para o primeiro jogo.

Na Fonte Nova lotada, o Flamengo foi inteligente, tocou a bola e não correu grandes riscos, segurando o zero a zero com o Bahia. O novo treinador acabou optando por tirar Vítor da equipe, escalar Adílio e Tita no setor e Fumanchu na ponta direita. Ao ser substituído, Adílio deu a seguinte declaração: “Estão querendo me derrubar. Isso é coisa do Tita que quer jogar no meio de qualquer jeito”. Pronto, Dino Sani mal havia chegado e já tinha que enfrentar a sua primeira crise.

Flamengo 2x0 Bahia

Dino Sani novamente mudou o time. Fumanchu foi para a ponta direita e Tita para a esquerda. Além disso, Nei Dias foi efetivado na lateral direita. A partida começou em marcha lenta. Só aos 10 minutos, Zico fez lançamento longo para Fumanchu que centrou para Nunes finalizar de primeira. O remate passou raspando a trave esquerda.

Aos 14, Nei Dias cruzou na segunda trave. Nunes ajeitou de cabeça e Adílio bateu firme, para boa defesa do goleiro Renato. A atuação rubro-negra não era boa. De novo. Aos 29, Gílson Gênio arrancou da intermediária, driblou Vítor e Luís Pereira e bateu com muito perigo para Raul. Aos 40, Fumanchu sentiu uma pancada no joelho direito e foi substituído por Anselmo. E nada mais aconteceu no primeiro tempo.

Logo aos dois minutos da etapa final, quase o Bahia abre o marcador em duas oportunidades. Na primeira, Leo Oliveira deu grande passe para Washington, que invadiu a grande área, nas costas de Júnior e chutou. Raul conseguiu desviar e a zaga mandou para escanteio. Na cobrança, Gílson passou por Marinho e finalizou a direita do goleiro carioca.

O Flamengo somente ameaçou aos 26, quando Zico cobrou uma falta com perigo para Renato. Aos 31, finalmente saiu o gol rubro-negro. Nei Dias cruzou da direita. A bola passou por toda a defesa baiana e se ofereceu para Nunes só completar na segunda trave. Um a zero.

Aos 45, Tita roubou a bola no campo de ataque, passou pelo seu marcador e cruzou. Nunes, de peixinho, mandou para o fundo das redes, marcando o seu décimo sexto gol na Taça de Ouro. Flamengo, classificado para as quartas de final, dois, Bahia zero.

Apesar de estar a seis jogos de conquistar o bicampeonato nacional, mais uma vez a atuação foi duramente criticada pela torcida e pela imprensa. Os especialistas diziam que sem pontas autênticos, o que embolava o jogo pelo meio. Na Gávea, os jogadores fizeram uma reunião para selar a paz e fazer um pacto pelo título.

O adversário das quartas de final seria um velho conhecido, o Botafogo, que despachara o CSA. O alvinegro teria a vantagem de jogar por dois resultados iguais. No coletivo apronto, vitória dos titulares, por três a um. Gols de Nunes (2) e Zico, com Peu descontando para os suplentes. Para melhorar ainda mais o clima, Marinho e Carlos Alberto renovaram seus contratos e estavam aptos a enfrentar o rival.

Flamengo 0x0 Botafogo

Chovia muito no Rio de Janeiro. O gramado, apesar de estar em boas condições, estava bastante pesado. Mesmo assim, mais de 117.000 pessoas foram ao estádio. Apesar de precisar da vitória, para reverter a vantagem alvinegra, Dino Sani mandou o time a campo com dois volantes. Raul, Carlos Alberto, Luís Pereira, Marinho e Júnior. Vítor, Andrade e Zico, Tita, Nunes e Adílio foi o time escolhido pelo treinador para começar o clássico. Na realidade, era o 4-2-3-1 tão usado hoje em dia.

A partida começou com o Flamengo tomando a iniciativa, atacando muito e com o Botafogo fechadinho na defesa, tentando explorar os contra ataques e cometendo muitas faltas para truncar o jogo.

Só aos 23 minutos, o rubro-negro conseguiu vencer o forte bloqueio defensivo do rival e ameaçar a meta de Paulo Sérgio. Zico e Adílio tabelaram pela meia esquerda. O galinho finalizou prensado por Ademir Lobo e o remate saiu rente a trave direita.

Aos 30, Júnior recebeu na intermediária ofensiva, ajeitou e mandou uma bomba. A bola quicou na frente de Paulo Sérgio e ganhou velocidade no campo molhado. O goleiro do Botafogo fez uma grande intervenção e conseguiu desviar o tiro para escanteio.

O grande problema do Flamengo seguia sendo a falta de jogadas pelas pontas. Na direita, Carlos Alberto era limitado e Tita circulava por todo o campo. Na esquerda, Júnior estava acostumado e funcionava melhor entrando mais pelo meio. E Adílio pouco aparecia na extrema. Dessa forma, o time embolava pelo meio e facilitava a marcação alvinegra.

O rubro-negro voltou do intervalo com uma alteração. Peu substituiu Adílio. Só que a deficiência permanecia. Em um lance, logo aos cinco minutos, Júnior recebeu a bola pela meia esquerda e teve que parar a jogada para pedir desesperadamente a presença de alguém naquele lado.

Aos 16 minutos, Perivaldo recebeu um escanteio curto, derivou para o meio e bateu forte, de perna esquerda. Raul desviou para corner, no que foi a primeira chance do Botafogo em toda a partida.

Aos 20, a melhor chance do Flamengo em todo o clássico. Tita cobrou tiro de canto da direita. Luís Pereira cabeceou para cima. Nunes dividiu com Paulo Sérgio, que conseguiu dar um soco e mandar a bola para a entrada da área. Andrade viu que o goleiro estava adiantado e tentou encobri-lo. Para seu desespero, a bola tocou no travessão e saiu. No minuto seguinte, Carlos Alberto centrou e Tita, sozinho, testou para segura defesa do camisa um do Botafogo.

Porém, as coisas se complicaram aos 28. Nunes deu uma entrada desleal, por trás, em Perivaldo. O árbitro Romualdo Arppi Filho não teve dúvidas e mostrou cartão vermelho para o artilheiro do Campeonato. Pior, ele já era desfalque certo para o jogo de domingo, que decidiria a classificação.
Com um homem a mais, o Botafogo tratou de tocar a bola e não correr riscos desnecessários. E ainda teve tempo para perder mais uma oportunidade. Aos 43, Perivaldo recebeu passe longo de Marcelo, entrou no espaço deixado por Júnior em suas costas e bateu forte. Raul fez grande defesa e impediu que o prejuízo rubro-negro fosse ainda maior. No fim das contas, a partida terminou mesmo no zero a zero.

Sem muito tempo para treinar qualquer alternativa, Dino Sani confirma Peu na vaga do suspenso Nunes. Sua idéia era ter um ataque sem centroavante fixo, com muita movimentação, para tentar envolver o sistema defensivo alvinegro na base do toque de bola.

Flamengo 1x3 Botafogo

O Botafogo entrou com Jérson, um homem de meio de campo no lugar do atacante Mirandinha. Ou seja, ia jogar fechadinho novamente, já que o empate lhe favorecia. Só que o Flamengo conseguiu reverter a vantagem logo aos quatro minutos. Júnior cruzou, a zaga afastou e Adílio emendou. A bola bateu em Zico e enganou Paulo Sérgio. Um a zero. E o alvinegro teria que sair para o jogo.

Peu, caindo mais pela esquerda, dava uma canseira em Perivaldo. Apesar de não criar grandes oportunidades, o rubro-negro jogava bem e mandava no jogo. O Botafogo assustou aos 20, em uma bola parada. Depois de um escanteio cobrado por Marcelo, Mendonça cabeceou com perigo para Raul.

Aos 24, Júnior ganhou na base da vontade de Rocha e tocou para Zico. O galinho invadiu a grande área, mas chutou fraco, de perna esquerda, desperdiçando excelente oportunidade. Doze minutos depois, o camisa 10 teve nova chance de aumentar a vantagem e dar tranqüilidade ao Flamengo. Adílio fez jogada individual pela esquerda e rolou para Zico, que dominou de direita, girou e bateu de esquerda. A pelota passou tirando tinta da trave esquerda de Paulo Sérgio, que pulou, mas não alcançaria se a redonda fosse para o gol.

Aos 44, Júnior perdeu a bola na intermediária para Rocha. O volante lançou Perivaldo, que cruzou. Raul saiu mal do gol e Mendonça se antecipou e empatou o clássico. Voltava a dar Botafogo.

Precisando da vitória, o Flamengo foi com tudo para frente, dando ao alvinegro o contra ataque que ele tanto queria. Aos dois minutos, Marcelo só não fez o segundo porque dominou mal a bola. Dois minutos mais tarde, Adílio respondeu com uma finalização que passou raspando a trave.

Aos 14, Dino Sani mexeu no time. Saiu Andrade e entrou Carpegianni, voltando depois de um longo período lesionado. Segundo o treinador, a substituição era “para ganhar qualidade e entrar mais na área do Botafogo”. Os microfones da TV Globo flagraram Sani cometendo uma gafe ao chamar Andrade de Júnior, quando o volante deixava o gramado.

Aos 31, Sani colocou Anselmo em campo, no lugar de Peu. A tentativa era dar um pouco mais de presença física na briga contra os zagueiros. Não funcionou. Cada vez mais exposto, o Flamengo dava mais e mais espaço para o contra ataque.

Aos 38, Zico cobrou falta na barreira. A sobra ficou com Rocha que lançou Mirandinha. O atacante invadiu a área, tocou por cima de Raul, mas Vítor salvou em cima da linha. Aos 40, não teve jeito. Mirandinha Laçou Édson, que disparou pela direita e centrou na segunda trave. Mendonça desviou para o meio e Jérson completou para as redes.

A cereja no bolo alvinegro veio aos 42. Édson cruzou. Mendonça dominou, entortou Júnior com um drible desconcertante e com extrema categoria tocou na saída de Raul. Botafogo três a um. Os planos para o bicampeonato nacional ficavam para 1982.

Nas semifinais, o São Paulo eliminou o Botafogo e o Grêmio a Ponte Preta. Na decisão do título, o tricolor gaúcho venceu duas vezes o tricolor paulista e conquistou pela primeira vez o campeonato brasileiro.

No próximo texto: A preparação para o Campeonato Carioca e para a Libertadores. Até lá!



terça-feira, 28 de abril de 2015

A Era de Ouro do Flamengo- A Taça de Ouro de 1981, Primeira Fase


Taça de Ouro de 1981

Primeira Fase

O grupo rubro negro na fase inicial era composto por Nacional de Manaus, Paysandu, Sampaio Correia, Itabaiana, Fortaleza, Cruzeiro, CRB, Santa Cruz e o adversário da estréia, o Santos.
Flamengo 0x0 Santos

Bria mandou a campo o seguinte time: Raul, Leandro, Rondinelli, Marinho e Carlos Alberto, Andrade, Carpegianni e Adílio, Fumanchu, Nunes e Júlio César.

Sob forte calor, a partida começou de maneira equilibrada. João Paulo travava ótimo duelo com Leandro. E foi o ponta santista quem teve a primeira chance de gol. Aos seis, ele cobrou falta da direita e mandou a bola no travessão de Raul. Aos oito, Júlio César tentou driblar no campo de defesa e acabou desarmado por Nelson, que avançou, passou como quis por Marinho e bateu de perna esquerda. O tiro saiu rente a trave direita.

O jogo era bom. O Flamengo reagiu criando duas boas chances. Aos onze, Leandro foi a linha de fundo e centrou. Nunes fez o corta luz e Adílio finalizou de primeira. Para azar do neguinho bom de bola, o remate saiu por muito pouco. Quatro minutos depois, Júlio César cobrou falta da intermediária com extrema violência. A bomba saiu rasteira e explodiu no poste esquerdo de Marolla. Nunes ainda teve duas oportunidades de abrir o placar, mas desperdiçou ambas.

Depois de um início intenso, a partida caiu muito, a partir dos 25 minutos. Só aos 43 aconteceu nova jogada perigosa. Júlio César bateu escanteio da direita na segunda trave. Adílio emendou de primeira, sem que a bola caísse. Marolla foi ao cantinho esquerdo e fez grande defesa. Chegava assim ao fim um primeiro tempo em que o Flamengo teve três chances claras, contra duas do peixe.

O rubro negro voltou do intervalo com uma alteração tática importante. Carlos Alberto foi para a lateral direita, marcar João Paulo e Leandro foi para a esquerda. Sem ter a quem marcar, pelo menos na teoria, ele estaria livre para apoiar o ataque o tempo todo.

Apesar da mudança, a primeira chance santista aconteceu justamente em cima de Leandro. Claudinho recebeu na meia esquerda e tocou nas costas do lateral para a penetração de Nelson. O lateral do peixe soltou uma bomba, que bateu na trave esquerda de Raul e saiu pela linha de fundo.

Bria logo percebeu que a mudança não surtiria efeito. Com 18 minutos, Leandro retornava para a direita e Carlos Alberto para a esquerda. Aos 21, a primeira alteração no Flamengo. Andrade deixou o campo, sendo substituído por Vítor. Um volante por outro. Dois minutos mais tarde, foi a vez de Ronaldo entrar no lugar de Julio César. Taticamente, o mengo ficou no 4-2-1-3. Vítor e Carpegianni marcavam e saiam pro jogo. Adílio fazia o papel que caberia normalmente a Zico. Fumnachu era o ponta direita. Ronaldo atuava mais centralizado e Nunes era quem ocupava a ponta esquerda. Confuso, o time nada mais criou.

Aos 25, Zé Carlos arriscou de fora da área e a bola quase foi no ângulo esquerdo de Raul. Na transmissão da TV Globo, Luciano do Valle já profetizava: “vai ser difícil alguém tirar esse zero do placar”.

E ele estava certo. A busca pelo bicampeonato nacional começava com vaias da torcida e um empate em zero a zero. Questionados sobre as razões para a má atuação, os jogadores do Flamengo foram quase que unânimes em apontar o calor como principal fator para o jogo ruim. Já pensando em mudanças, Bria disse que não havia gostado do rendimento do time na estréia e que Vítor deveria ganhar a vaga de Adílio.

O problema é que não haveria tempo hábil para treinar, já que na quarta feira a equipe tinha que estar em Manaus. Diante do Nacional, mais uma atuação pífia do Flamengo, que foi inteiramente dominado pelo adversário. Por sorte, Nunes achou um gol e deu o primeiro triunfo ao clube da Gávea.

Modesto Bria mostrava-se perdido. Novamente barrou Vítor e voltou com Adílio. De nada adiantou. Em Belém, derrota acachapante por três a zero para o Paysandú. A crise estava instalada. Começaram a pipocar nomes de possíveis novos treinadores. Sem alternativas e extremamente pressionado, o técnico mudou novamente a equipe. Barrou Andrade e lançou Peu. No coletivo, funcionou. Goleada de quatro a um para os titulares. Marcaram o próprio Peu (2), Adílio e Nunes. Anselmo descontou.

O próximo compromisso era em casa, diante do Sampaio Correia. Uma derrota e Bria perderia seu cargo. Mesmo sem jogar bem, o Flamengo venceu. Dois a zero, dois gols de Fumanchu.

Perseguido pela torcida, o ponta esquerda Júlio César é negociado com o Talleres, da Argentina. Em seu lugar, é confirmado Édson. Leandro, com dores na coxa, também é vetado. Vítor é improvisado na lateral direita. Em busca de maior entrosamento, um coletivo foi marcado para a véspera da viagem para o Sergipe. Nunes, Peu e Fumanchu marcaram para os titulares. Édson descontou para os suplentes.

Diante do Itabaiana, o mengo consegue novo triunfo de dois a zero (gols de Peu e Nunes). Porém, o péssimo futebol persiste e as críticas não param.

Na sexta rodada, uma goleada no Maracanã. Oito a zero em cima do Fortaleza. A noite foi de Nunes, que marcou cinco vezes e se isolou na artilharia da competição. Peu (2) e Vítor completaram o massacre. Pela primeira vez, a equipe recebia elogios.

Bria elogiou o time, mas os problemas continuavam a aparecer. Para a partida diante do Cruzeiro, no Mineirão, Rondinelli foi vetado e Nunes, que se casa na véspera do confronto foi liberado pela Comissão Técnica. Na zaga, entra Luís Pereira. No comando do ataque, Ronaldo.
Com tantos desfalques, o Flamengo voltou a jogar mal e empatou com a raposa em zero a zero.

Preocupados com as condições físicas de Leandro, a diretoria passa a buscar a contratação de um lateral direito. Mauro, do Guarani, fecha por 800 mil cruzeiros, ficando emprestado até o fim da temporada e com passe fixado em oito milhões.

No coletivo, cinco a um para os titulares, gols de Carlos Alberto (2), Nunes, Luís Pereira e Édson. Carlos Henrique descontou.

Em seu penúltimo compromisso nessa fase, a equipe viajou até Maceió, e bateu o CRB por três a dois. Nunes, duas vezes e Peu foram os autores dos tentos. Aliás, o alagoano Peu foi o grande destaque do jogo.

Já classificado, o Flamengo precisava derrotar o Santa Cruz no Maracanã e torcer para que o Santos fosse derrotado pelo Fortaleza na capital cearense se quisesse ficar com o primeiro lugar da chave. Com Édson e Fumanchu contundidos, Bria escalou Carlos Henrique e Lino como seus substitutos.

Nos bastidores, Adílio recebe proposta de 21 milhões de cruzeiros do Dallas Tornados. Mais uma vez, o meia recusa a proposta e segue no rubro negro.

No coletivo apronto, nova vitória dos titulares sobre os reservas, dessa vez por quatro (Nunes , duas vezes, Peu e Lino) a dois (dois de Ronaldo).

Flamengo 2x2 Santa Cruz

A grande atração do tricolor era a presença de Dario, o Dadá maravilha. Como de costume, ele prometeu marcar um gol, que chamou de “gol Márcio Braga”.

Como jogava em casa, o rubro negro tomou a iniciativa do jogo. Taticamente, a equipe se postava no 4-1-3-2 com a bola e no 4-2-3-1 sem a pelota. Leandro, Luís Pereira, Marinho e Carlos Alberto formavam a primeira linha. Andrade era o cabeça da área, Lino, um falso ponta direita. Adílio e Peu eram os meias, sendo que Adílio era quem mais ajudava na marcação, recuando para ajudar a organizar a saída de bola. Na frente, Nunes e Carlos Henrique, que sem a bola voltava para recompor a marcação.

Aos 14, Dario recebeu entre os zagueiros e bateu forte. Raul deu rebote e Baiano acabou finalizando para fora. Nesse lance, Luís Pereira estava visivelmente fora de posição.

O Flamengo finalizava mais, porém sem levar perigo ao gol do Santa. Na transmissão da TV Educativa, o comentarista Sergio Noronha resumia a partida. “O Flamengo toca a bola, toca bola e nada de concreto acontece. Nunes fica muito isolado lá na frente”.

Somente aos 25, o mengo teve a primeira chance de abrir o marcador. Nunes, deslocado pela direita, cruzou na segunda trave. Adílio, da pequena área, sozinho, cabeceou de nariz e tornou a defesa de Wendell tranqüila.

Aos 32, Luís Pereira cortou uma investida do ponta Joãozinho. A sobre ficou com Peu, que lançou Nunes pela meia direita. O atacante avançou e bateu firme. Wendell fez boa defesa e salvou o tricolor.

Um minuto depois, não teve jeito. Andrade roubou a bola, que ficou para Peu. O alagoano tocou para Adílio, que lançou Nunes no mesmo buraco da jogada anterior, entre o lateral esquerdo e o quarto zagueiro do Santa, na meia direita. O artilheiro do campeonato levou a bola e chutou forte. Desta vez, Wendell nada pode fazer. Flamengo um a zero!

Na saída das equipes para o intervalo, o repórter José Luiz Furtado foi entrevistar o jogador Isidoro e uma coisa muito curiosa aconteceu. No lance do gol, esse jogador ficou no chão, pedindo falta de Andrade. Ao ser perguntado se havia achado que sofrera falta no lance do gol, ele respondeu surpreso. “Que gol? Sério que saiu gol naquele lance? Eu estava caído e não vi”. Simplesmente antológico!

Curiosidades a parte, o Santa Cruz voltou para a etapa final melhor. Logo aos quatro minutos, Baiano fez excelente lançamento para Joãozinho, nas costas de Leandro. O ponteiro avançou e na saída de Raul deu uma cavadinha por sobre o arqueiro, empatando a peleja. Um a um.

Não deu nem tempo do tricolor comemorar. Aos seis, Andrade passou por três marcadores e tocou para Carlos Henrique, que de primeira, abriu na esquerda para Carlos Alberto. O improvisado lateral foi à linha de fundo e centrou. Nunes pegou de prima, de virada e marcou o segundo gol. Flamengo dois a um.

Aos 12, Carlos Henrique foi lançado por Peu, ganhou a dividida do lateral Celso e ficou cara a cara com Wendell. Infelizmente, o remate não saiu como ele queria e o arqueiro conseguiu desviar para escanteio.

Aos 22, o Flamengo adiantou sua marcação e Andrade roubou a bola no campo de ataque e tocou para Nunes. O artilheiro abriu para Peu, que invadiu a área e bateu na rede pelo lado de fora. No minuto seguinte foi a vez de Nunes arriscar de longe e assustar o goleiro Wendell. Sergio Noronha profetizou “o Flamengo vive um bom momento e voltou a dominar o jogo. Agora, precisa ter mais calma nas finalizações para marcar logo o terceiro gol e ter tranqüilidade. Afinal, no futebol, quem não faz, leva”.

Ele estava certo. O auto falante do Maracanã anunciou o fim do jogo em Fortaleza. O Santos vencera por dois a um e mesmo que o Flamengo conquistasse os dois pontos terminaria em segundo lugar do grupo. A equipe parece que sentiu isso e baixou a intensidade. Aos 31, Joãozinho chutou na trave de Raul. O rebote ficou vivo na área rubro negra. Baiano tentou nova finalização. A bola bateu na zaga e continuou por lá. Adílio chegou desesperado, tentando cortar o perigo. Só que ao invés de dar um chutão, o neguinho bom de bola tentou tirar com o lado do pé. Caprichosamente, a pelota entrou mansa, no canto esquerdo de Raul. Dois a dois.

Se o Santa Cruz vencesse a partida, tomaria o segundo lugar do Flamengo. Em termos de classificação, nada mudaria, pois os seis primeiros estavam qualificados para a próxima fase. Mas seria razão suficiente para a crise voltar a rondar a Gávea.

Tentando dar um pouco mais de poder de fogo ao time, Bria colocou Anselmo em campo, no lugar de Peu. Na prática, o treinador mexeu demais no time. Lino passou para o meio. Adílio foi avançado para a meia. Anselmo, que é atacante, entrou na ponta direita. Uma tremenda confusão! Não foi surpresa que nada mais de bom tenha acontecido. A única coisa que se viu, ou melhor, ouviu, foram as vaias da torcida, inconformada com o desempenho do time.

No próximo texto: As fases decisivas da Taça de Ouro de 1981. Até lá!


segunda-feira, 13 de abril de 2015

A Era de Ouro do Flamengo- O fim de 1980 e o começo de 1981


Os últimos jogos de 80, as Férias e a Pré Temporada de 81

Desde já, a prioridade na Gávea será a conquista da Libertadores e depois do Mundial. Para isso, o elenco irá passar por reformulações. Coutinho e Rondinelli podem ser os primeiros a sair.

Enquanto tudo está sendo planejado, a equipe viaja até Porto Alegre e empata em zero a zero com o Grêmio, no jogo que serviu de entrega das faixas de campeão brasileiro para o clube carioca e de bicampeão gaúcho, para o tricolor.

Visivelmente desgastado, Coutinho entra de férias e diz que só resolve se fica ou sai depois do descanso. As especulações começam e dão conta que todos os jogadores emprestados serão devolvidos e que Fumanchu e Nunes serão vendidos.

Com o ótimo trabalho desenvolvido, Coutinho recebe várias propostas. Seleção do Paraguai, Grêmio e Inter são apenas algumas delas.

Na Gávea, uma bomba explode. Enquanto o treinador estava de féria em Angra dos Reis, um dirigente divulga uma lista de jogadores negociáveis. Segundo o cartola, a permanência de Coutinho estava diretamente ligada a negociação de Cantarele, Carlos Alberto, Júlio césar, Adílio, Nunes, Carpegianni, Lico, Rondinelli, Fumanchu, Gilson Paulino e Anselmo.

O técnico se defende dizendo que aqueles jogadores tinham vindo conversar com ele e que pediram para ser vendidos, se houvesse uma boa proposta. O episódio que serviu para desgastar ainda mais o comandante ficou conhecido como “a lista negra”.

Apesar da saída ainda não ter sido confirmada, os nomes dos possíveis substitutos começavam a pipocar na Gávea. Evaristo de Macedo e Rubens Minelli lideravam as apostas.

Nas eleições Presidenciais, Dunshee de Abranches vence e irá suceder Marcio Braga.

Em um treinamento visando a participação no Mundialito com a Seleção, Zico sofre nova distensão muscular e não jogará a competição.
Finalmente, Coutinho diz que não permanecerá no clube. Ele alega desgaste e falta de motivação para continuar o trabalho, mas na verdade, todos sabem que o vazamento da lista para a imprensa foi o que deixou a situação insustentável.

Para o seu lugar, o Flamengo apela para uma solução caseira. Modesto Bria é confirmado como novo treinador da equipe. O contrato vai até o fim da Taça de Ouro e tem a duração de quatro meses.

No recomeço dos trabalhos, Bria diz que não quer reforços. Ele alega que precisa conhecer melhor o elenco primeiro. Mesmo assim, Rondinelli recebe proposta do Palmeiras e fica com um pé no verdão.

No primeiro coletivo do ano, vitória de três a um dos titulares. Nunes, Adílio e Júlio César marcaram. Anselmo descontou para os suplentes.

Convocados para a Seleção Brasileira que ia disputar contra Bolívia e Venezuela as eliminatórias para a Copa de 82, Zico, Júnior e Tita estavam fora da primeira fase da Taça de Ouro. Para o lugar do galinho, chegou Peu, do CSA, por empréstimo até o fim do ano e com passe fixado em oito milhões de cruzeiros. Para fechar o negócio, o fla cedeu Luís Paulo, Antunes e Vilmário, além de pagar um milhão.

No segundo coletivo da temporada, goleada de quatro (Fumanchu, Nunes, Júlio César e Nelson, contra) a zero frente os reservas.

Bria tem um amistoso apenas antes da estréia no Campeonato Brasileiro. Segundo o técnico, Carlos Alberto jogará improvisado na lateral esquerda, no lugar de Júnior. Adílio substituirá Zico e Fumanchu jogará no lugar de Tita. Com essas mudanças, Leandro é mantido na lateral direita.

O clube recebe mais duas propostas para vender Adílio ao Los Angeles Aztecs e Júlio César, ao Talleres, da Argentina. O neguinho bom de bola recusa a proposta e permanece no Rio. Já o ponteiro não iria agora, mas depois seguiria para a terra de nossos hermanos.

Diante do São Paulo, no Morumbi, vitória de dois a zero, gols de Adílio e Nunes. A boa atuação no amistoso deixou o elenco confiante para uma boa estréia na Taça de Ouro, diante do Santos, no Maracanã.

No próximo texto: A Taça de Ouro de 1981. Até lá!

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A Era de Ouro do Flamengo- Carioca de 80, Segundo Turno


Carioca 80- Segundo Turno

Com o fracasso no turno inicial, Coutinho tratou de mexer no time. Luis Pereira, que estava jogando como quarto zagueiro, passou a zaga central. Vitor foi efetivado na cabeça da área e Júlio César recuperou seu lugar na ponta esquerda.

Mas a maré de azar continuava. Nunes sofreu distensão na coxa e não sabe quando poderá retornar a equipe. Além disso, os Dirigentes reclamaram muito da tabela do segundo turno. O Flamengo teria as três primeiras partidas disputadas fora de casa. Coutinho diz “que estão tentando prejudicar o Flamengo”.

Para a vaga de Nunes, o treinador confirma a escalação de Ronaldo. E contra as retrancas, o “capitão” acreditava em Júlio César. “Os dribles e arrancadas dele serão nossa principal arma contra esses times que nos enfrentam fechados na defesa, pensando apenas no empate”.

Antes da estréia, surge na imprensa uma notícia bombástica. A Diretoria está negociando e espera a contra proposta de Cruyiff, craque holandês que estava jogando nos Eua. A negociação contudo, não foi adiante já que o jogador pediu quatro milhões por mês de salários.

No acanhado estádio de Ítalo Del Cima, vitória rubro-negra por três a um sobre o Campo Grande. Zico, Ronaldo e Anselmo marcaram.
Em busca do acerto do time, Coutinho comandou mais um coletivo, mesmo sem Zico, Tita e Júnior, que estavam servindo a Seleção. Os titulares vencem, por dois (Luis Pereira e Ronaldo) a um (Fumanchu).

No amistoso da Equipe Nacional, Zico (2) e Tita marcam na goleada por seis a zero sobre os paraguaios. Enquanto isso, na Gávea, uma pequena crise se fazia presente. Barrado do time titular, Rondinelli se recusa a ficar no banco.

Sem poder contar com os atletas que estavam na Seleção, o clube consegue adiar o jogo com o Volta Redonda, pela segunda rodada. Nos treinamentos, Coutinho barra Carlos Alberto e confirma Leandro como novo titular da lateral direita.

Contra o Fluminense, empate em dois a dois. Gols de Tita e Carpegianni. O novo titular Leandro foi eleito o melhor jogador em campo.

Insatisfeito com o desempenho do ataque, Coutinho ameaça barrar Nunes e Júlio César e colocar os ex juvenis Ronaldo e Édson. Os “veteranos”terão diante do Bangu a derradeira chance.

No coletivo, atuação ruim da equipe e empate de um a um com os reservas, gols de Zico e Rondinelli.

No Maracanã, o time conseguiu bater o Bangu por dois a um. Júnior e Nunes fizeram os tentos. Mais uma vez, Luis Pereira joga mal e Coutinho anuncia que ele está barrado. Marinho e Rondinelli formam a nova zaga da equipe.

Paralelamente, Tita renova seu vínculo com o clube por mais 15 meses. Ele passará a receber 350.000 cruzeiros por mês.

Na quinta rodada, mais uma oportunidade desperdiçada. Um a um com o América. Gol de Zico. Não importa quantas e quais alterações Coutinho fizesse. A equipe parecia que não se encontrava de maneira alguma.

O próprio treinador parecia perdido. Depois dessa partida, mais três mudanças foram anunciadas. Nunes, Carpegianni e Júlio César foram barrados. Adílio, Anselmo e Édson estavam escalados.

Surpreendentemente, dessa vez as mudanças parecem que foram acertadas. No coletivo, goleada dos titulares por quatro a zero (Tita, Zico, Anselmo e Édson).

Em Campos, diante do Americano, mais uma excelente vitória. Quatro a um, gols de Zico, Adílio, Tita e Anselmo. A equipe parecia retomar o fôlego e a confiança.

O compromisso seguinte era decisivo. O clássico com o Vasco. E a vitória de dois a zero (Júnior e Adílio) não só recolocou o mengo na liderança do turno (ao lado do próprio Vasco) com 10 pontos, como deixou a torcida em êxtase, acreditando cada vez mais no tetra. Faltavam três vitórias para a vaga na final.

Novamente confiantes os jogadores e os Dirigentes convocam a nação a invadir Petrópolis, para o jogo contra o Serrano. No dia da peleja, entretanto, choveu muito na cidade. O campo já era acanhado e ruim. Com a chuva, tornou-se enlameado. A serração junto com a iluminação fraca também era um problema. O Presidente Márcio Braga foi até os vestiários e perguntou se o time queria jogar mesmo naquelas condições. Segundo ele, a partida poderia ser adiada para o dia seguinte a tarde, quando a chuva deveria ter cessado e a iluminação seria melhor. Talvez confiante demais no bom momento de seus comandados, Coutinho mandou a equipe a campo.

Sem poder tocar a bola, o Flamengo se perdeu no início. Melhor adaptado a cancha e jogando fechadinho na defesa e explorando os contra ataques, o Serrano saiu na frente, com um gol de Anapolina. Depois disso, o rubro-negro passou a tentar os chuveirinhos para a área. Até conseguiu algumas finalizações, mas a noite era do goleiro Acácio, mais tarde contratado pelo Vasco. No fim das contas, derrota por um a zero e o sonho do tetra acabou ficando mais distante.

Para piorar ainda mais as coisas, Zico sofreu nova distensão e não joga mais em 80, podendo até mesmo desfalcar a Seleção Brasileira no Mundialito do Uruguai.

Para a vaga do galinho, Coutinho fica em dúvida se escala Lico ou Tita, passando Fumanchu para a ponta direita neste último caso. Depois dos treinamentos, o técnico resolve escalar Rondinelli na zaga e Fumanchu na direita.

As esperanças do Flamengo voltaram a ficar vivas depois da boa vitória de três a um sobre o Botafogo. Tita, Júnior, de pênalti e Nunes foram os autores dos tentos. No dia seguinte, os rubro-negros secaram o Vasco, que só empatou com o Fluminense. O resultado não era suficiente. A liderança seguia sendo do time de São Januário, com 13 pontos. O Flamengo vinha atrás, com 12. Agora, o fla precisava derrotar o Volta Redonda, fora de casa e torcer por um tropeço do Vasco, em casa, diante do Americano.

Em São Januário, o Americano segurou o um a um com o Vasco até o fim da partida. Aos 44, no entanto, os cruzmaltinos marcaram o segundo gol e garantiram a conquista do segundo turno e a vaga na decisão do campeonato contra o Fluminense.

Com o sonho do tetracampeonato tendo ido por água abaixo, restava acabar com dignidade a competição. Sem Zico e Tita, o Flamengo foi a Volta Redonda e venceu o time da casa por quatro a três, com gols de Nunes (2), Júnior e Leandro.

Na grande final, o Fluminense bateu o Vasco, por um a zero, gol de Edinho e conquistou o Campeonato Carioca encerrando o domínio rubro-negro no Rio de Janeiro.

No próximo texto: Os últimos jogosde 80, as férias e a pré temporada de 81. Até lá!



sexta-feira, 3 de abril de 2015

Era de Ouro do Flamengo- Taça Guanabra de 80


A Taça Guanabara de 1980

Apesar dos desfalques e de um churrasco realizado em Jacarepaguá para comemorar o título brasileiro, o Flamengo estreou com vitória na Taça Guanabara, competição que não valia pelo Campeonato Carioca, sendo um certame a parte, com apenas seis clubes. Os quatro grandes mais Americano e América, adversário inicial. Um solitário gol de Zico deu os dois primeiros pontos ao time na busca pelo Tricampeonato.

A lista de desfalques só aumentava. Marinho, com verminose estava fora do fla x flu. Carpegianni, com lesão na coxa, também. Buscando reforçar o elenco, a diretoria mandou para o Vitória o zagueiro Manguito e o meia Jorge Luís, trazendo o ponta esquerda Sivaldo e o goleiro Gélson. Com tantos problemas, Coutinho foi obrigado a lançar a prata da casa. Mozer e Vitor seriam os próximos. No coletivo, atuação ruim e empate de zero a zero com os reservas.

No clássico, com Mozer ao lado de Rondinelli na zaga, nova vitória. Dois a zero, gols de Adílio e Tita. Mozer, aliás foi eleito o melhor jogador em campo. Com o tropeço dos concorrentes, o mengo já abre dois pontos de vantagem.

O próximo compromisso seria em Campos, diante do Americano. Os cartolas passaram a temer por algum tipo de confusão no acanhado Estádio Godofredo Cruz. Carpegianni fará um teste no vestiário, para saber se reúne condições de jogo.

A semana foi agitada também nos bastidores. Primeiro, a Diretoria recusou uma proposta da Roma de 90 milhões de cruzeiros por Zico. Insatisfeito, o galinho disse que exigiria um salário de nível internacional para renovar o seu vínculo.

Depois, o passe do ponta Reinaldo foi vendido para o Universidad de Guadalajara, por 10,6 milhões. Por empréstimo até o fim do ano, chega o lateral Gilson Paulino, do Vasco.

Como já estava virando tradição, o último coletivo foi ruim. Derrota de dois a zero para os reservas, com dois gols do recém contratado Sivaldo.
Em Campos, nem o campo ruim foi capaz de parar o rubro-negro. O dois a zero, com gols de Zico e Adílio só não foi mais comemorado porque Nunes foi expulso e Rondinelli e o galinho deixaram o campo contundidos. No julgamento, o atacante acabou suspenso por duas partidas e ficou de fora do restante da competição.

Para evitar acomodações, Coutinho usou o programa Globo Repórter, exibido pela TV Globo e que falava sobre a derrota brasileira na Copa de 50. Os atletas entenderam o recado. Tanto que no coletivo, já contando novamente com Zico e Rondinelli, os titulares golearam por quatro a zero (Zico, duas vezes, Júnior e Júlio César).

Uma vitória frente ao Botafogo já seria suficiente para garantir o título com uma rodada de antecipação. Luisinho das Arábias abriu o placar, mas o alvinegro conseguiu chegar a igualdade e adiou a volta olímpica.

A situação ainda era muito cômoda. O Flamengo tinha sete pontos e enfrentaria o Vasco. O Americano, tinha cinco e receberia o América. Mesmo que o fla fosse derrotado e a equipe de Campos vencesse, ainda haveria um jogo extra, no Maracanã.

A fim de tumultuar o ambiente, o Vasco apresenta uma proposta de 120 milhões de cruzeiros por Zico. Márcio Braga rechaça com a habitual ironia. Enquanto isso, mais um reforço se aproxima da Gávea. O Flamengo consegue a prioridade para contratar o jovem meia Peu, destaque do CSA de Alagoas.

No último coletivo antes do clássico dos milhões, vitória dos titulares por dois a um. Luisinho e Tita marcaram para a formação inicial e Vitor descontou.

Na véspera do jogo, uma notícia ruim. Zico, com lesão na coxa estava fora da decisão. O craque teria que passar por exames na segunda feira para avaliar o grau da contusão e se ele poderia ir com os companheiros para a nova excursão a Europa.

Flamengo 0x0 Vasco

De camisa branca, o Flamengo jogou com Cantarele, Carlos Alberto, Rondinelli, Mozer e Júnior, Andrade, Carpegianni e Adílio. Tita, Luisinho e Júlio César. Jogando pelo empate e sem sua maior estrela, o rubro-negro começou sem forçar muito o ataque, tocando apenas a bola. E se no Maracanã nada acontecia de bom, em Campos o Americano fazia um a zero no América.

A partir dos 30 minutos, vendo que o Flamengo não sairia para o jogo, o Vasco passou a atacar mais. Roberto cobrou uma falta para boa defesa de Cantarele. Aos 37, Guina deu bom toque para Catinha, nas costas de Júnior. O ponteiro bateu rasteiro, forte. O goleiro rubro-negro fez a defesa com os pés.

O fato é que o primeiro tempo foi muito chato, com pouquíssimos momentos que se salvaram.

Na volta do vestiário, Coutinho disse ao repórter Raul Quadros, da TV Globo que o time precisava se agrupar mais em campo e tomar mais cuidado com a marcação a Catinha, explicitando o problema do lado esquerdo de sua defesa.

Aos dois minutos, houve falha do lado direito a defesa rubro-negra. Marco Antonio cobrou uma falta lateral na área. Adílio errou a cabeçada e a sobra ficou com Zandonaide que chutou para boa defesa de Cantarele.

A torcida, presente em número muito superior a do adversário, bem que tentava ajudar gritando “mengo, mengo”. Mas o time não correspondia em campo e o domínio vascaíno era cada vez maior. Tanto que Coutinho mexeu cedo, logo aos nove minutos, colocando Anselmo na vaga de Luisinho.
Aos 12, Catinha passou como quis por Júnior e cruzou. Rondinelli afastou e Andrade tinha a bola dominada, mas escorregou e perdeu-a para Guina, que entrou na área e finalizou. Canterele espalmou. Mozer cortou para o alto. Porém, a pelota ganhou altura e não distância. Quando caiu, Guina cabeceou no travessão. Finalmente, Mozer afastou o perigo, jogando a redonda para escanteio. Enquanto isso, em Campos, o Americano marcava seu segundo gol e colocava mais pressão ainda sobre o clube da Gávea.

Com mais gente no meio de campo, o Flamengo conseguiu equilibrar a partida. Anselmo não ficava parado entre os zagueiros. Ele revezava com Tita na função de comandante de ataque. Aos 25 minutos, a primeira chance do fla em todo o jogo. Júlio César soltou uma bomba cruzada, de fora da área. Mazaropi teve que se esticar todo para fazer a defesa. Dois minutos depois, foi a vez de Tita arriscar de longe e o goleiro agarrar em dois tempos. O caminho parecia ser esse. Aos 29, foi a vez de Carpegianni bater de longe e assustar o arqueiro cruzmaltino.

Aos 41, nova e derradeira chance do Vasco. Orlando cobrou escanteio de três dedos. Guina desviou e Wilsinho cabeceou como manda o figurino. Para baixo, forte. Cantarele foi junto a trave direita e fez excepcional defesa para garantir o título.

Com o empate, mesmo jogando mal, o Flamengo conquistou o Tricampeonato da Taça Guanabara. O triunfo só não foi mais celebrado porque não dava vaga na final do Estadual. E como veremos a seguir, isso faria falta ao rubro-negro.





A Era de Ouro do Flamengo- Carioca de 80, Primeiro Turno


Carioca 80- Primeiro Turno

A estréia no primeiro turno foi diante do Bonsucesso, no Maracanã. A equipe jogou em ritmo de treino, sentindo o desgaste da viagem a Europa. O dois a zero, gols de Nunes e Júlio César ocorreu em ritmo de treino.

Na Gávea, a semana foi agitada. Primeiro Fumanchu se apresentou para aumentar o poderio ofensivo do time e reeditar com Nunes a parceria que tanto sucesso fez no Santa Cruz e no Fluminense. Coutinho comemorou a chegada dele e de Luis Pereira, dizendo que tinha em mãos “um senhor elenco”. O treinador foi além, para ele, “Com a chegada de Pereira, caminhamos a passos largos para tomar o lugar do Santos no futebol brasileiro e mundial”.

Sem Carpegianni, vetado pelo Departamento Médico, o Flamengo voltou ao Maracanã para enfrentar o Niterói. Como era esperado, veio uma avalanche de gols. Sete a um. Zico marcou quatro vezes. Tita, outras duas. Nunes completou o massacre. O detalhe dessa partida foi a presença de Luis Pereira. O defensor assistiu ao jogo de uma cabine de rádio e estava radiante com a boa fase do time. Sua estréia ia acontecer na terceira rodada, no clássico frente o Fluminense.

Para entrosar a nova dupla de zaga, Rondinelli e Luis Pereira, Coutinho marcou um coletivo. A vitória foi dos reservas por três (dois de Anselmo e Lico) a dois (Zico e Adílio). Pior, o novo defensor esteve mal. Lento, sem ritmo de jogo e foi batido constantemente. O técnico tratou logo de minimizar a má atuação, exaltando sua experiência e liderança.

No domingo, um Maracanã repleto de rubro-negros esperava ver o novo zagueiro parar Cláudio Adão. Não foi o que aconteceu. O empate de um a um, gol de Júlio César acabou sendo um prêmio para o Flamengo, que foi dominado pelo tricolor. Pereira esteve discreto e não comprometeu. Nunes acabou expulso e Tita contundido. A equipe perdia o seu primeiro ponto na competição.

Graças a tabela elaborada pelos cartolas, o mengo jogaria novamente no Maracanã, desta vez diante do Americano. O time de Campos já havia provado na Taça Guanabara que não deveria ser menosprezado. Sem Nunes, Tita e Carpegianni, o time não se encontrou em campo e o empate, em dois a dois (Adílio e Zico) acabou sendo justo. Coutinho teve que mexer muito na estrutura da equipe e escalou Lico no meio, Adílio na ponta direita e Anselmo no comando do ataque. Com tantas alterações, o tropeço foi considerado normal.

Julgado pelo Tribunal, Nunes pegou dois jogos de gancho. Com isso o juvenil Ronaldo deve jogar como centroavante e formar o ataque junto com Adílio e Anselmo, já que Fumanchu foi regularizado, mas vetado por estar com dores na virilha.

Na quinta rodada, a primeira viagem. O fla foi a Campos, pegar o Goytacaz. Uma magra vitória de um a zero, com gol de Ronaldo e com Raul garantindo o resultado lá atrás. Foi o suficiente para que uma chuva de críticas começasse a cair sobre o time.

E o panorama ainda ficaria pior, para o compromisso com o Volta Redonda, no Raulino de Oliveira, Coutinho não poderia contar com Zico e Júnior (servindo a Seleção). Em compensação, Nunes estaria de volta e Fumanchu estava liberado para fazer a sua estréia.

Novamente a equipe foi muito mal. Dominado pelo adversário durante todo o jogo, o rubro-negro se garantiu nas defesas milagrosas de Raul e no solitário gol de Luis Pereira para garantir mais dois pontos.

Havia uma grande expectativa para a volta de Carpegianni no clássico com o América. No teste para saber se jogaria ou não o gaúcho acabou vetado. Vitor entrou em seu lugar e deu outra cara ao meio de campo da equipe. A vitória de dois a zero, gols de Nunes e Fumanchu ficou em segundo plano. Só se falava na grande atuação do cabeça de área que deve ser mantido no onze titular.

A sorte parecia voltar a sorrir para o Flamengo. Na oitava rodada, vitória em cima do Olaria, fora de casa, por dois a zero (Adílio e Zico). Melhor ainda, no Maracanã o Vasco tropeçou diante do Volta Redonda (0x0) e agora divide a liderança do turno com o grande rival.

O compromisso seguinte foi diante do Bangu, em Moça Bonita. E aí, veio o tropeço fatal. Derrota de um a zero. No clássico da rodada, o Fluminense bateu o Vasco, por dois a um e assumiu a liderança, um ponto a frente de Flamengo e Vasco. Para sonhar com o título, o rubro-negro precisava vencer os quatro jogos restantes e torcer por um resultado ruim do tricolor. A situação estava complicada.

Na rodada seguinte, vitória contra o Serrano, em casa, por quatro a dois. Zico (2), Rondinelli e Adílio marcaram. Mas apesar de voltar à liderança provisória, com um jogo a mais que o Flu, o que chamou mesmo a atenção foi a quantidade de erros defensivos, diante de um adversário fraco.

Tita, recuperado de lesão diz que só entra em campo se renovar contrato. Sem ele, o Flamengo empata com o Botafogo em um a um, gol de Zico. O galinho, aliás acabou expulso numa jogada com Perivaldo e não pega o Campo Grande.

Os demais resultados da rodada foram América 1x0 Fluminense e Americano 1x2 Vasco. Com isso, o Vasco lidera com 18 pontos. Flamengo e Botafogo (com um jogo a mais) vem a seguir, com 17. O Bangu vem em quarto, com dezesseis e o Fluminense em quinto, com 15. Faltavam apenas duas rodadas para o fim do turno.

Pensando em contar com Zico, o clube planeja adiar o julgamento do galinho. Se o camisa 10 não puder mesmo jogar, Coutinho quer escalar Tita, colocando Fumanchu na ponta. Mas pra isso, depende de um acerto da Diretoria com o meia. Luis Pereira segue sendo massacrado por suas atuações ruins.

Na décima segunda rodada, mesmo jogando no Maracanã, o rubro-negro não passa de um zero a zero com o Campo Grande, resultado que praticamente o deixa fora da disputa pelo título do primeiro turno. Perguntado sobre a queda de rendimento da equipe, Coutinho diz não saber o que está havendo, mas que confia na volta por cima no returno.

Para completar, no dia seguinte o Vasco vence o Bangu por um a zero e elimina o Flamengo.

Zico, julgado pelo Tribunal, pega apenas um jogo de suspensão e está liberado para enfrentar o Vaso, na última rodada.

O zero a zero no clássico dos milhões mostra bem o momento ruim vivido pelo time da Gávea. Como o Fluminense venceu o Americano em Campos (1x0), Vasco e Fluminense vão se enfrentar em um jogo extra pelo título do primeiro turno. Pela primeira vez, desde 78 e sete turnos, mais a Taça Guanabara de 80, não seria o Flamengo a dar a volta olímpica.

A partida extra terminou empatada em um a um, após 120 minutos de futebol. Nos pênaltis, deu Fluminense.

No próximo texto: O Segundo turno Do Carioca de 80. Até lá!



terça-feira, 31 de março de 2015

Era de Ouro do Flamengo- Pós Brasileiro, Excursão a Europa e Pré Carioca 80


Pós Brasileiro, Excursão a Europa e Pré Carioca 1980

Não houve nem tempo para comemorações exageradas. Na terça, dois dias após a conquista nacional, a delegação já embarcava rumo a Europa. E quem pensou que a equipe teria moleza, se enganou profundamente.

Logo em seu primeiro jogo na excursão, o Fla encarou o Eintracht Frankfurt, campeão da Copa da Uefa. Mesmo cansados da longa viagem, o time jogou bem e fez três a um nos alemães. Zico, de pênalti, Nunes e Andrade marcaram.

Esse triunfo só fez aumentar o prestígio do futebol brasileiro no velho continente. No Torneio de Toulon, conquistado pelo escrete canarinho, Mozer foi o grande destaque, sendo escolhido o melhor jogador da competição.

Da Alemanha, o mengo viajou para a Itália. Contra o Foggia, novo três a um. Conga (contra) e Tita (2) foram os autores dos tentos. Paralelamente, a Diretoria iniciou os contatos para repatriar o zagueiro Luís Pereira.

De volta ao Brasil, Zico e Júnior se ausentam do clube, para servir a Seleção. Coutinho permanece na Itália, para assistir a fase final da Eurocopa. O Presidente da CBF, Giulite Coutinho sugere que Flamengo e Inter se enfrentem em uma espécie de tira teima dos campeões. Sem datas, a idéia não vai para frente.

Nunes também é convocado por Telê para o amistoso frente a URSS. O atacante chega, treina bem e garante a sua escalação no lugar do machucado Serginho Chulapa. Comprovando a ótima fase, Nunes marca o gol do Brasil na derrota de dois a um para os soviéticos.

Pensando na maratona até o fim da temporada, a Diretoria rubro-negra dispensa o elenco por 10 dias. A reapresentação foi marcada para o dia 23, quando os treinamentos visando a Taça Guanabara começariam.

Nesse meio tempo, Carlos Henrique foi emprestado ao América por um ano. Toninho foi vendido ao Al Nassr, por 20 milhões de cruzeiros. E a delegação foi até Brasília ser recebida pelo Presidente Figueredo.

Sem perder tempo, Coutinho fez logo um coletivo no dia 24. Vitória de um a zero para os titulares, com gol de Tita.

O próximo compromisso da equipe era a participação no Torneio de Friburgo. Na estréia, um jogo horroroso e o empate sem abertura de contagem com a Seleção do Kuwait. Pior, na disputa de pênaltis, derrota por seis a cinco. Restaria ao mengo disputar o terceiro lugar no dia seguinte.

Diante do Friburguense, uma atuação bem melhor. A goleada veio naturalmente. Anselmo, com três gols foi o grande destaque do quatro a um. Almir, contra marcou o outro tento rubro-negro.

Como a Seleção de Telê não parava de jogar, as principais estrelas do Flamengo também não. Diante da Polônia, Nunes e Zico deixaram o campo lesionados. Para piorar ainda mais a situação, na Gávea Tita e Júlio César também se contundiram e viraram dúvida para a estréia na Taça Guanabara. Finalmente, Raul sentiu uma distensão muscular e ficará afastado da equipe por 40 dias.

No último amistoso antes de começar a briga pelo Tricampeonato da Taça GB (Que naquele ano foi disputado por seis equipes e sem fazer parte do Campeonato Carioca) mais uma atuação confusa e ruim. Empate de um a um com o modesto Itabuna, gol de Ronaldo.

No próximo texto: A Taça Guanabara de 1980. Até lá!


quarta-feira, 25 de março de 2015

Aa Era de Ouro do Flamengo- O Campeonato Brasileiro de 1980


O Campeonato Brasileiro de 1980

A estréia foi diante do Santos, no Morumbi. Para surpresa de todos, inclusive de Coutinho, o Flamengo se apresentou muito bem e mandou no jogo, chegando à vitória com naturalidade. Zico marcou o gol que deu os primeiros dois pontos ao mengo no brasileiro. O treinador disse que a equipe ainda tinha muito a melhorar, mas que estava feliz com a atuação.

De volta ao Rio, o clube recebe uma proposta formal por Leandro, sonho de consumo do técnico Ênio Andrade. Aliás, o colorado era justamente o próximo adversário do fla. Para este clássico, a Diretoria pensa em uma renda de mais de 10 milhões de cruzeiros. Afinal, estariam frente a frente o Tricampeão carioca e o Tri nacional!

Cláudio Adão recebe uma proposta e pode deixar o clube. Essa possibilidade faz Coutinho voltar a pensar em um atacante de nome para reforçar o elenco. Os cartolas também aceitam a proposta do Inter e aceitam trocar Leandro pelo meio campista Cléo.

No coletivo apronto, grande atuação dos titulares. Não foi surpresa a goleada por sete a dois. Zico (4), Adílio (2) e Júnior fizeram os gols. Descontaram Cláudio Adão e Gérson Lopes.

No domingo, o público não foi o esperado. Mas no duelo de Zico contra Falcão, o galinho levou a melhor. Um a zero, gol dele próprio.
Precisando achar um substituto para Adão, o fla faz proposta de 20 milhões de cruzeiros por Roberto Dinamite, então jogador do Barcelona. Nunes, no América do México, é o plano B.

Na véspera da terceira rodada, Marinho sentiu a coxa e foi vetado da partida. Aliás, o jogo contra o Botafogo da Paraíba foi pra se esquecer. Mesmo jogando no Maracanã, o time jogou de maneira irreconhecível e foi derrotado pelos bravos paraibanos, por dois a um. Tita, atuando como centroavante, foi o autor do tento de honra.

Essa derrota, aliás, teve um fato curioso. Preocupado com a repercussão do revés, o Supervisor Domingo Bosco encenou um roubo nos vestiários do estádio. As roupas do craque Zico sumiram e foram prato cheio para a imprensa, que divulgou e explorou amplamente o caso. A derrota acabou ficando em segundo plano.

A torcida não aceita a derrota e passa a cobrar do time. Insatisfeito, Coutinho muda a equipe. Reinaldo e Carlos Henrique são os novos titulares das pontas. Toninho volta a lateral direita e Adílio retorna ao meio de campo.

Enquanto isso, Leandro é devolvido pelo Inter ao não ser aprovado nos exames médicos. Segundo o Departamento Médico colorado, com os joelhos que tinha, ele não poderia jogar futebol em alto nível por muito tempo.

Na quarta rodada, o desempenho da equipe não agrada, mas a vitória acontece. Por dois a zero, o time bate o Mixto, fora de casa, com gols de Carlos Henrique e Zico.

Com o Vasco se sentindo traído e entrando forte na briga por Roberto, o fla recua e retira a proposta pelo artilheiro cruzmaltino. Mas Coutinho recebe o reforço que desejava. Nunes vem por empréstimo, por 1, 8 milhões de cruzeiros.

Na quinta rodada, a equipe volta ao Maracanã e enfrenta novamente as vaias. Mais uma vez, a apresentação não foi nada boa. O triunfo diante do Ferroviário foi apenas por dois a um. Com dois gols de Zico, já um dos líderes da tabela de artilharia.

No dia seguinte, para desviar a atenção, Nunes é apresentado. Ele fica por seis meses, com passe fixado em 18 milhões. Deve estrear na última rodada da primeira fase, frente à Ponte Preta. Na Europa, Marcio Braga surpreende a todos e diz que tem em seu poder uma carta de opção de compra de Roberto. Por ele, o negócio seria fechado em breve. A Rede Globo chega a anunciar a transação e já imagina como seria uma dupla formada por Zico e Dinamite.

Desesperado, o Vasco apela para a recém criada CBF, a fim de impedir a concretização do negócio. A torcida se revolta e pixa os muros de São Januário. O Barcelona exige garantias bancárias e dá prazo ao Flamengo para apresentá-las.

Pela sexta rodada, o rubro-negro vai até Recife e garante a classificação para a próxima fase, ao empatar em dois a dois com o Náutico. Toninho e Tita foram os goleadores da tarde.

De volta ao Maraca, os comandados de Coutinho goleiam o frágil Itabaiana, por cinco a zero. Zico marca quatro vezes (o outro foi de Tita) e assume de vez a liderança dos artilheiros do campeonato.

No oitavo compromisso, a equipe foi até o Rio Grande do Sul e não saiu do zero a zero com o São Paulo local.

Finalmente, a questão dos centroavantes é resolvida. O telex da Federação Mexicana chega e Nunes já tem condições legais de estrear diante da Ponte, em uma grande festa no Maracanã. Enquanto isso, Roberto acaba aceitando a proposta do Vasco e volta ao clube que o revelou. Termina assim uma das grandes novelas da história do futebol carioca.

Tentando entrosar Nunes com o restante da equipe, Coutinho comanda vários coletivos no decorrer da semana. No último, os titulares fazem seis a dois nos reservas. O novo atacante é um dos destaques do treinamento, anotando dois gols, se movimentando muito e entendendo-se muito bem com Zico. O próprio galinho, Adílio, Júlio César e Júnior balançaram as redes para os titulares. Reinaldo e Anselmo descontaram para os reservas.

Flamengo 2x2 Ponte Preta

Na estréia do atacante, Carpegianni manteve o esquema 4-2-1-3, variando para o 4-3-3 com a bola e para o 4-5-1, sem ela. Raul era o camisa um. Carlos Alberto, Rondinelli, Marinho e Júnior formavam a linha defensiva. Carpegianni e Adílio marcavam mais e organizavam o time de trás. Zico jogava solto. Tita era o ponta direita. Nunes, o atacante e Júlio César, o estrema esquerda.

Aos cinco, aconteceu a primeira oportunidade rubro-negra. Júlio César foi lançado, entortou o lateral Édson e cruzou forte. Carlos espalmou para o meio da área e Zico, de puxeta, mandou a bola no travessão. Um lance plástico e sensacional!

A blitz continuou. Aos sete, Júnior roubou uma bola no campo de ataque e inverteu a jogada para Tita. O ponta pegou firme, de primeira, para o meio da área. Zico desviou a trajetória da pelota e Carlos operou um verdadeiro milagre ao desviar com a ponta do pé esquerdo.

O jogo era bom. Aos 13, foi a vez da Ponte chegar. Humberto cobrou falta da intermediária e obrigou Raul a fazer uma difícil defesa, espalmando para o lado.

Aos 18, saiu o zero do placar. Zico lançou Tita na ponta direita. O camisa sete derivou para o meio e deu um passe açucarado para Nunes, nas costas da zaga. O novo artilheiro do mengo avançou e soltou uma bomba indefensável para Carlos.

Só que dois minutos depois, a zaga rubro negra falhou feio e quase permitiu o empate em um contra ataque campineiro. Marco Aurélio lançou Osvaldo nas costas de Júnior e Marinho. O meia finalizou. Raul defendeu e na sobra, Serginho tentou uma cavadinha por sobre o arqueiro caído. Felizmente, a bola bateu na trave e saiu.

O Flamengo parou em campo. Aos 25, Serginho passou como quis por Júnior e cruzou na segunda trave. Zé Mário cabeceou e mandou a pelota de volta ao ponto de origem. Serginho, de cabeça empatou a partida. Um a um! Depois da igualdade, a partida deu uma acalmada e nada de mais interessante aconteceu até o apito final.

Os times voltaram dos vestiários sem nenhuma alteração. No Flamengo, um pequeno ajuste tático. Tita ficava livre para flutuar por todo o meio de campo e Adílio era quem mais aparecia como ponteiro.

Aos nove, Nunes foi levando sem ser incomodado, passou por três e quando a marcação se aproximou, ele apenas rolou de lado para Zico. O galinho bateu de primeira, rasteiro. Carlos nem se mexeu. Flamengo dois a um!

Novamente, o mengo pareceu parar em campo depois de conquistar a vantagem. Aos 15 e aos 17 a Ponte quase empatou em chutes de Édson e Marco Aurélio. Aos 30, Serginho ganhou na velocidade de Júnior, foi a linha de fundo e centrou. Osvaldo se antecipou a Rondinelli, mas desviou por sobre a meta de Raul.

Insatisfeita com o rendimento da equipe, a galera da geral começou a pedir para que Júlio César fosse substituído. Aos 31, Júnior fez grande jogada pela ponta esquerda e cruzou. Zico matou no peito e tocou de bico, na saída de Carlos. O zagueiro Juninho acompanhou o lance e salvou praticamente em cima da linha.

Três minutos depois, Coutinho atendeu ao pedido do torcedor. Pôs em campo Andrade no lugar de Júlio César, recuando um pouco mais a equipe, a fim de garantir o resultado. Com isso, Adílio passou a ocupar a ponta esquerda nos minutos finais.

Não deu certo. Aos 38, Humberto fez lançamento para Odirlei. Rondinelli falhou ao tentar cortar o lance e o lateral esquerdo ficou livre para fuzilar Raul e empatar a peleja. Dois a dois.

Coutinho tentou justificar o tropeço, dizendo que a equipe ainda não havia se entrosado com Nunes e que tanto fazia ganhar ou empatar, pois de qualquer forma, o time ficaria com o segundo lugar da chave, atrás do Santos, que vencera o Mixto na rodada.

O Grupo da próxima fase era formado por Bangu, Santa Cruz e Palmeiras. Os dois primeiros colocados avançavam a terceira fase. No coletivo apronto, vitória dos titulares, por dois a um. Reinaldo e Nunes marcaram. Anselmo descontou.

Em Recife, diante do Santa Cruz, o Flamengo não conseguiu quebrar a seqüência de empates. O zero a zero ligou o sinal amarelo na Gávea. Era a quarta igualdade seguida da equipe. Apesar disso, todos reclamaram muito de um gol mal anulado de Nunes. O mais incrível aconteceu no dia seguinte ao jogo. Pelos jornais, o árbitro da partida, Dulcídio Vanderlei Boschila admitiu o erro e pediu desculpas ao clube.

Só se falava da revanche contra o Palmeiras, marcada para domingo, no Maracanã. Antes disso, porém um amistoso contra a Siderúrgica. Adivinhem só? Empate de um a um, gol de Andrade.

Como o verdão havia perdido para o Bangu na rodada inicial, Zico alertou os companheiros para explorar o desespero esmeraldino. No coletivo, seis (Ronaldo, duas vezes, Anselmo, Reinaldo, Carlos Henrique e Carlos Alberto) a três (Nunes, Tita e Adílio) para os reservas, Coutinho armou a equipe reserva como o Palmeiras vinha atuando e não gostou nada do resultado. Ele demonstrava preocupação para o jogo de domingo.

Flamengo 6x2 Palmeiras

Coutinho escalou Andrade no meio de campo, ao lado de Carpegianni e Zico. Tita, Nunes e Júlio César formavam a linha atacante. Raul, Toninho, Rondinelli, Marinho e Júnior completavam a escalação. O time começou forçando quase todas as suas ações ofensivas pelo lado esquerdo. E foi por lá que saiu o primeiro gol. Júlio César cruzou fechado. Gilmar falhou e soltou a bola na cabeça de Tita. Um a zero, aos treze minutos!

Alguns fatos chamavam atenção. Zico, marcado individualmente por Pires, recuava e abria espaços para a infiltração de Tita, Carpegianni e Andrade, que vinham de trás. Júnior jogava muito mais por dentro, do que pela lateral, deixando Júlio César isolado na esquerda. E Andrade mostrava todo o seu futebol, tomando conta da cabeça da área e apoiando o ataque com eficiência.

Aos 34, Júnior, novamente por dentro, sofreu falta na entrada da área. Zico foi para a cobrança e mandou a redonda no ângulo esquerdo, sem chance alguma de defesa para Gilmar. Golaço! Dois a zero e a festa começava nas arquibancadas do Maracanã.

O rubro-negro voltou sem qualquer alteração para a etapa final. Logo no recomeço de partida, Nunes bateu forte e obrigou Gilmar a fazer boa defesa. Aos seis , Zico e Tita tabelaram pelo meio da defesa até que o galinho fosse derrubado por Pires dentro da área. Pênalti que o camisa 10 cobrou com sua tradicional categoria. Três a zero.

Logo depois, Zico sentiu o músculo e pediu pra sair. Reinaldo entrou em seu lugar, com Tita passando para o meio de campo. Aos 16, Júlio César cobrou um escanteio curto para Júnior, que fez o passe rasteiro para a direita. A defesa esmeraldina ficou olhando e Toninho acertou uma bomba, na gaveta de Gilmar. Quatro a zero. E delírio no estádio.

O Flamengo diminuiu o seu ritmo e o verdão cresceu. Carlos Alberto Seixas finalizou raspando a trave esquerda de Raul. Apesar disso, foi o clube carioca quem marcou o quinto. Aos 27, Tita tocou para Carpegianni e recebeu de volta com uma cavadinha. O ponta ainda teve tempo de dominar e virar, batendo cruzado, no canto direito de Gilmar. Cinco a zero!

Logo após o gol, Coutinho pôs Adílio em campo, no lugar de Júlio César. Aos 29, o árbitro Maurílio Santiago assinalou pênalti inexistente de Marinho em César. Baroninho cobrou e marcou o primeiro tento palestrino. Aos 36, Lúcio passou como quis por Júnior e cruzou. Rondinelli estava mal colocado e Mococa bateu na saída de Raul. O Palmeiras diminuía um pouco o seu vexame na estréia do técnico Oswaldo Brandão.

Ainda haveria tempo para mais um gol do mengo. Aos 43, Toninho abriu a jogada para Reinaldo na direita. O cruzamento saiu alto. Beto Fuscão pulou, mas não de em bola. Nunes dominou e bateu forte. Seis a dois e a vingança mais do que completa.

Após o massacre, Telê Santana elogiou a disposição de Zico, que se sacrificou pela equipe. Nos jornais do dia seguinte, Andrade é eleito o melhor jogador em campo.

O próximo compromisso era frente ao Bangu. Com o galinho recuperado, o mengo venceu por dois a um. Zico, de pênalti e Nunes marcaram nessa difícil, porém importante vitória. Com os dois pontos conquistados, a equipe ficava muito perto da classificação a terceira fase.

Coutinho reclamou do pouco tempo para treinar a equipe. No coletivo apronto, o time não esteve bem e ficou no zero a zero com os reservas. No domingo, no entanto, o triunfo veio. Com o dois a um em cima do Santa Cruz (Andrade e Júlio César), o Flamengo estava matematicamente classificado com duas rodadas de antecedência.

Isso era relevante, pois Coutinho poderia poupar Zico, que apresentava sinais claros de fadiga muscular. Reinaldo entraria na ponta direita e Tita passaria para o meio de campo nas duas partidas restantes. Além disso, Adílio e Rondinelli renovaram seus contratos por mais um ano e deram mais tranqüilidade ainda ao treinador.

Na primeira convocação feita por Telê, para o amistoso contra a Seleção de novos, eram quatro atletas do clube na lista. Zico, Júnior, Raul e Rondinelli. Mozer foi chamado por Nelsinho Rosa para a de novos.

Pela quinta rodada, o Flamengo foi a São Paulo e enfrentou um Palmeiras ávido por vingança. Ficou só na vontade, o empate em dois a dois (Tita e Carlos Henrique) serviu para assegurar a primeira colocação da chave e a vantagem de fazer dois jogos em casa na fase seguinte.

Como tomou o terceiro cartão amarelo diante do verdão, Andrade estava suspenso da partida contra o Bangu. Aliás, Telê acabou também convocando o volante para a Seleção. Todos esperavam que Coutinho fosse escalar novamente Adílio em seu lugar. O técnico surpreendeu a todos e escalou o juvenil Vítor na cabeça da área, mantendo o esquema que dera certo.

Antes de encerrar a participação na segunda fase, era preciso faturar. A equipe foi a Minas Gerais, com o time reserva e ganhou do Atlético-mg em um amistoso pela contagem mínima. Anselmo marcou o gol.

No domingo, Tita foi o grande destaque. Atuando em sua verdadeira posição, o meia marcou os três tentos do triunfo sobre o Bangu. Como primeiro colocado, o Flamengo ficou no Grupo O da terceira fase, onde enfrentaria a Desportiva, a Ponte Preta e o Santos. Apenas o primeiro colocado avançaria para a semifinal.

A tabela divulgada pela CBF revoltou os dirigentes do clube. Eles não queriam enfrentar a Ponte em Campinas. Na verdade, eles gostariam de receber o peixe e a macaca e jogar fora contra a Desportiva. A entidade não mexeu na tabela, apesar da revolta rubro-negra,que chegou a anunciar o rompimento de relações entre ambas.

No coletivo, um a zero para os titulares. Gol de Zico, de pênalti. O treino foi pegado. Tita e Carlos Alberto chegaram a trocar pontapés. Depois, de cabeça mais fria, ambos conversaram e tudo acabou ficando bem.

Na estréia, em casa, uma boa vitória frente a Desportiva. Três a zero, com 3 gols do galinho. Sem receber muitas chances, o atacante Gérson Lopes é devolvido ao Mixto.

A segunda rodada seria decisiva. Se o Flamengo não perdesse para a Ponte Preta, ficaria em ótima situação no grupo. O clima em Campinas era de hostilidade. A torcida lotou o Moisés Lucarelli e apoiou a equipe local desde o início. Um gol de Nunes, na etapa final deixou a parida empatada. Como o Santos tropeçou e só empatou com a Desportiva em zero a zero, mesmo jogando na Vila, o rubro-negro jogaria pelo empate na última rodada, frente ao próprio peixe. Perguntado sobre a postura da equipe, que costuma se soltar no Maracanã, Zico respondeu. “Precisamos ser inteligentes e jogar com calma. Vamos administrar nossa vantagem”.

Flamengo 2x0 Santos

Precisando da vitória, o peixe se mandou para frente. Com espaço, o Flamengo contra atacava com perigo. Em menos de dois minutos, uma chance para cada lado. A partida prometia!

Aos poucos, o rubro-negro começou a impor a sua maior categoria. Zico perdeu uma chance da pequena área, após cruzamento de Tita. Em seguida, Júnior obrigou Marolla a espalmar para escanteio. O gol estava maduro.

E ele saiu aos 12 minutos, Carpegianni lançou Nunes na ponta esquerda. Zico fechou na área como se fosse centroavante e cabeceou firme, no contrapé do goleiro. Um a zero.

O caminho era pelo alto. Júlio César escapou pela esquerda e centrou. Nunes, sozinho, fez como manda o figurino. Testou firme, para o chão. Dessa vez Marolla conseguiu realizar uma brilhante defesa. O Santos sentiu a boa atuação do mengo. Só foi assustar aos 41, em um chute perigoso de Pita, que passou raspando a trave direita de Raul. Ainda houve tempo para que Tita quase ampliasse com uma bomba de perna esquerda.

Coutinho voltou do intervalo com Adílio no lugar de Carpegianni, que sentiu uma lesão. Aos 13, Adílio tocou para Zico que fez fila e passou por dois adversários, até ser derrubado por Neto dentro da área. Pênalti claro que o árbitro Carlos Rosa Martins assinalou. O galinho foi para a cobrança e colocou com a categoria habitual, no canto direito baixo de Marolla. Dois a zero!

Antes de o Flamengo tirar o pé de vez e se poupar para a primeira partida da semifinal, Nunes ainda desperdiçou excelente chance ao chutar em cima do arqueiro santista. Não fez falta. Com a vitória, pela primeira vez o Mengo estava entre os quatro melhores times do país.

Com os resultados do fim de semana, estavam definidas as semifinais: Flamengo x Coritiba e Inter x Atlético-mg. O rubro-negro carioca e o colorado tinham a vantagem de jogar pois dois resultados iguais.

Carpegianni, lesionado, estaria de fora dos confrontos com o coxa. Coutinho confirmou Adílio em seu lugar, mantendo Andrade na cabeça da área e o esquema que vinha funcionando.

Na primeira partida dessa fase, o Flamengo teve uma atuação de gala. Mesmo atuando no Couto Pereira, onde o Coritiba não era derrotado há nove meses, o time carioca impôs a sua maior categoria e venceu por dois a zero. Dois gols de Zico. Com o resultado, o fla praticamente se garantia na decisão do campeonato, já que podia ser derrotado no Maracanã por até dois gols de diferença. O único senão foi o terceiro cartão amarelo recebido por Toninho, automaticamente suspenso. Carlos Alberto foi logo confirmado em seu lugar.

Flamengo 4x3 Coritiba

A vantagem era enorme. Por isso, “apenas” 88.000 pessoas compareceram ao Maracanã. O coxa tinha um bom time. Destacavam-se os veteranos Escurinho e Aladim, ale dos jovens Leomir e Freitas. E realmente, a partida foi muito complicada.

Taticamente, o Flamengo apresentava algumas novidades. Na direita, Tita ficava mais fixo do que em outros jogos, para dar um pé a Carlos Alberto na marcação e no apoio. Na outra extrema, Júlio César recuava bastante para buscar a bola, deixando assim espaço para que Nunes caísse por lá e abrisse espaço pra quem vinha de trás.

Toda essa inovação não durou muito tempo. Zico sentiu a parte posterior da coxa e teve que ser substituído. Reinaldo entrou em seu lugar e Tita passou a jogar no meio de campo. No mesmo instante, a bola foi centrada para a área rubro-negra. Escurinho escorou e Vilson Tadei completou por cima de Raul. Coritiba um a zero.

A situação ficaria ainda pior. Aos 31, Luis Freire foi a linha de fundo e cruzou. A bola passou por todo mundo e chegou limpa para Aladim marcar de voleio. A vantagem do fla tinha evaporado. Era hora de surgir um novo herói.

E ele surgiu no minuto seguinte, sob a forma de um centroavante descabelado. Andrade fez lançamento longo para Nunes que dominou, avançou e bateu firme, de pé esquerdo, diminuindo a desvantagem.

Aos 36, era a vez de Júlio César ter que deixar o gramado machucado. Anselmo entrou em seu lugar. Para felicidade geral da nação. Andrade cruzou, Tita matou mal a bola e Nunes chegou chutando com raiva. Era o empate carioca.

Aos 39, a virada sensacional. Carlos Alberto se antecipou e roubou uma bola na intermediária defensiva. Avançou sozinho, deu o drible da vaca no zagueiro Gardel e acertou uma bomba cruzada no ângulo da meta defendida por Moreira. Flamengo três a dois e a vaga não decisão mais do que encaminhada.

A etapa complementar foi menos frenética. A primeira oportunidade de gol só saiu aos 18 minutos. Adílio achou Tita no meio dos zagueiros. O remate saiu de bico e passou perto da trave direita de Moreira.

Aos 27, não teve jeito. Saiu o quarto gol. Tita fez grande lançamento em profundidade e achou Anselmo em posição duvidosa. O atacante deu o drible da vaca no goleiro Moreira e percebeu que se batesse por baixo, Gardel talvez tivesse tempo de cortar. Ele então deu um lindo toque por cobertura e saiu para os abraços!

O Coritiba ainda diminuiria, aos 44. Depois de um passe de calcanhar de Vilson Tadei, uma escorada de Escurinho e a finalização forte de Luis Freire. Placar final: Quatro a três!

Na outra semifinal, o galo mineiro atropelou o Inter, mesmo jogando em Porto Alegre, por três a zero. Pelo regulamento, o time de melhor campanha na fase anterior decidiria em casa. Portanto, o primeiro jogo seria no Mineirão e a grande final, no Maraca.

A campanha de ambos era quase igual. Mesmo número de pontos, 32. Mesmo número de gols marcados. 43, os melhores ataques da competição. Apenas nos gols sofridos, uma ligeira vantagem para o Atlético (13 contra 17 do mengo).

Na teoria, o time mineiro também levava a melhor. Afinal, ia completo pra decisão. Do outro lado, Coutinho não contaria com Toninho, Zico e Júlio César, pelo menos para a partida do Mineirão. Preocupado, com os desfalques, o treinador decidiu reforçar o meio de campo.

Para apimentar mais o clima, Raul declarou ao Jornal O Globo que o Atlético era velho freguês e que tinha cansado de dar voltas olímpicas em cima deles.

Atlético-mg 1x0 Flamengo

Coutinho armou a equipe com Raul, Carlos Alberto, Rondinelli, Marinho e Júnior. Andrade, Carpegianni e Tita. Reinaldo, Nunes e Carlos Henrique. A partida começou de maneira nervosa, com o Atlético em cima, pressionando, forçando as jogadas com Éder pela esquerda. A idéia era explorar o fato de Carlos Alberto não contar com o apoio de Tita na marcação, já que o ponta direita Reinaldo pouco auxiliava atrás.

O Flamengo tocava bem a bola e esfriava o time e a torcida do galo. Aos 13, Andrade deu uma entrada mais dura em Reinaldo. Foi a senha para que a partida ficasse mais violenta. Aos 18, foi a vez de Jorge Valença pegar Reinaldo por trás. Romualdo Arpi Filho nem amarelo mostrou.

O comentarista da TV Globo, Ciro José chamava atenção para a melhora do time carioca. “O Flamengo se acertou em campo. Toca a bola e não corre riscos”. Aos 30, a primeira oportunidade gol do jogo. Éder cobrou falta na área. A zaga rebateu e Orlando bateu rasteiro, forte. Raul espalmou para escanteio.

A resposta rubro-negra veio no lance seguinte. Tita fez boa jogada individual e bateu de longe. A bola desviou em Nunes e quase enganou João Leite, que no reflexo conseguiu a defesa. Andrade, destruindo com perfeição e responsável por dois cortes precisos que salvaram o mengo era o grande destaque do primeiro tempo.

A etapa final começou de forma agitada. O galo assustou com uma cobrança de falta de Éder e o fla respondeu com uma cabeçada de Rondinelli, que João Leite defendeu de mão trocada.

A equipe carioca era superior no jogo quando aos 10, Júnior falhou ao tentar sair driblando. Palhinha roubou a bola que sobrou para Reinaldo. O chute saiu forte, no canto direito, indefensável para Raul. Atlético um a zero.

Assim que sofreu o gol, Coutinho mexeu no time. Colocou Anselmo em campo, sacando Carlos Henrique. As discussões voltaram a aparecer. Tita e Chicão. Nunes e Osmar. Palhinha e Rondinelli trocavam faltas e insultos a torto e a direito.

O Flamengo sentiu o baque. Aos 15, Cerezo pegou uma sobra na entrada da área e mandou uma bomba que explodiu na trave esquerda. Quase o Atlético ampliava. Aos 24, Reinaldo cobrou escanteio pela esquerda. Nunes subiu sozinho e testou firme. Infelizmente, a conclusão saiu em cima de João Leite, que agarrou firme.

Um minuto depois, Palhinha agrediu covardemente Rondinelli sem bola, depois de uma confusão dentro da área rubro negra e provocou uma fratura no maxilar do zagueiro. Nelson entrou em seu lugar.

Aos 30, mais confusão. Nunes acertou Luisinho caído. Os jogadores do Atlético foram para cima do centroavante, mas a turma do deixa disso conseguiu apaziguar os ânimos. Tita e Chicão voltaram a trocar “gentilezas” em seguida. Romualdo deu cartão amarelo apenas para o mineiro. Aos 37, Reinaldo, de carrinho, perdeu de dentro da pequena área outra grande chance para o galo.

A grande chance do Flamengo chegar a igualdade veio a três minutos do apito final. Anselmo disputou uma bola pelo alto com a zaga atleticana. Deu sorte e a pelota ficou na sua frente, após o bate rebate. A finalização saiu muito perto do gol.

Ainda haveria tempo para Marinho falhar em um corte e deixar Reinaldo livre, na cara de Raul. O goleiro fez uma defesa maravilhosa e evitou que as coisas ficassem piores para o rubro-negro.

Nas entrevistas após o jogo, as visões de cada lado. Por um lado, Tita dizia o resultado havia sido até bom para o Flamengo e que no Rio haveria forra de toda a violência imposta pelos mineiros. Enquanto isso, Cerezo mostrava preocupação, dizendo que o galo perdera muitas oportunidades para sair com um resultado melhor e que jogar no Maracanã, mesmo com a vantagem de poder empatar não era garantia de nada.

Para tentar frear os ânimos, Coutinho garantiu que seu time iria jogar bola e não revidar a violência do galo. Sábias palavras. Uma vitória simples servia para o mengo conquistar o título. Zico, Toninho e Júlio César foram liberados pelo Departamento Médico e reforçariam o time na decisão. O único desfalque será Rondinelli. Manguito jogaria em seu lugar.

A Diretoria já havia encomendado as medalhas e mais de 40.000 litros de chopp para a festa. E ainda anunciou a renovação de Zico, por mais um ano. O galinho, aliás, deu a seguinte declaração ao jornal O Globo. “Chegou a hora de provar que o Flamengo é de fato o melhor time do Brasil”.

Flamengo 3x2 Atlético-mg

Recém saído da operação no maxilar, Rondinelli teria que ser sedado na hora do jogo, para que não ficasse muito nervoso. Antes disso, ele escreveu uma carta aos companheiros,que foi lida na preleção. Lá, ele pedia que conquistassem o título por ele e pela torcida. Isso serviu para incendiar ainda mais aquele grupo de extraordinários jogadores.

Com um minuto e meio, Tita deu no meio de Jorge Valença. Ao contrário de Belo horizonte, José de Assis Aragão mostrou o cartão amarelo ao ponta direita. O início do mengo era nervoso. Aos dois, Carpegianni errou passe simples para Manguito errou na saída de bola. reinaldo recuperou e rolou para Palhinha avançar e assustar Raul pela primeira vez.

O gol saiu aos seis. Osmar adiantou demais a bola. Andrade roubou-a, já tocando para Zico. O galinho esticou para Nunes, nas costas de Osmar. O atacante tocou na saída de João Leite, que abandonava a meta em desespero. A pelota foi mansa, por baixo do goleiro e entrou. Um a zero!

O artilheiro contou depois que tinha ordens de deixar o Luisinho, que era bem mais técnico, sair jogando. Mas que quando quem saísse com a pelota dominada fosse o Osmar, que ele e outros jogadores deveriam apertar a marcação, para forçar o erro. Deu certo.

Não deu nem tempo de comemorar. No lance seguinte, após a nova saída de bola, Reinaldo dominou na área, passou por Andrade e chutou. A finalização tocou em Marinho e matou Raul. Num piscar de olhos, tudo igual. Um a um!

Aos 15, Éder fez fila, passando como quis por Toninho a Andrade. Na hora de marcar, o ponteiro quis enfeitar demais e tentou encobrir o goleiro rubro-negro. Acabou mandando por cima e perdendo ótima chance de colocar os mineiros à frente.

O Flamengo procurava sair para o jogo. Já o galo vivia de bolas longas, esticadas para Reinaldo. E de faltas. Pelo excesso delas, Cerezo e Chicão foram advertidos com amarelo. O centroavante mineiro quase ampliou de novo, aos 32, em escapada as costas de Júnior.

Aos 39, Nunes acertou Luisinho de forma desleal e também foi agraciado com o seu amarelo. Aos 44, o gol. Toninho centrou na área. João Leite não conseguiu encaixar e soltou. Orlando afastou. No rebote, Júnior dominou e bateu. A redonda explodiu em Palhinha e voltou para o lateral que chutou novamente. João Leite já ia caindo para fazer a defesa. Mas, a finalização bateu em Zico e, incrivelmente, ficou a sua frente. Aí, o camisa 10 bateu para a meta, com o goleiro caído e fez dois a um!

Depois do apito final da primeira etapa, mais confusão. Chicão chutou a bola em cima de Júnior, que não gostou e foi tomar satisfações. Os dois trocaram xingamentos e agressões, mas nenhuma atitude foi tomada pelo árbitro. O segundo tempo prometia muitas emoções.

O galo voltou com Silvestre no lugar de Orlando. No primeiro lance, Júnior fez falta em Chicão e, com ele caído, pisou em sua mão. Aragão viu e deu o amarelo ao lateral esquerdo. Aos 11, Geraldo substituiu o lesionado Luisinho.

O panorama da partida nesse momento era favorável ao Flamengo. Jogava bem e nos contra ataques, como gostava. O galo, precisando do gol, se lançava a frente. Numa disputa de bola normal, Reinaldo saiu com a mão na coxa. Distensão muscular. Como as duas alterações já haviam sido feitas por Procópio Cardoso, o atacante ficaria em campo, apenas para fazer número.

Aos 21, o improvável aconteceu. Éder cruzou da esquerda. Marinho não conseguiu cortar e Reinaldo, mesmo com uma perna só, escorou de direita e empatou a decisão. Dois a dois. P título voltava para Minas Gerais.

Imediatamente, Coutinho sacou Carpegianni e pôs Adílio em campo. Aos 24, Reinaldo tentou ganhar tempo e foi expulso por Aragão. Procópio e vários dirigentes do Atlético invadiram o campo. O treinador também foi expulso. O médico Neylor Lasmar, disse que foi agredido pelo árbitro. Também levou o seu vermelho. A partida ficou paralisada por seis minutos.

Nem mesmo a vantagem de um jogador deu tranqüilidade ao rubro-negro. Aos 36, Andrade esticou uma bola para Nunes. O atacante tentou o passe para a direita, mas a pelota bateu em Silvestre e voltou para ele. Sem outras opções, Nunes resolveu arriscar o drible no pé de apoio de Silvestre. Deu certo. Deixou seu marcador para trás e percebeu João Leite já saindo para cortar um possível cruzamento. Para surpresa de todos, o que se viu foi uma finalização, passando por cima do goleiro e entrando. Flamengo três a dois!

Coutinho tratou de reforçar a defesa, colocando Carlos Alberto como volante, exclusivamente para acompanhar Toninho Cerezo. Júlio César deixou o gramado. Com isso, Andrade e Carlos Alberto jogavam como volantes. Tita, Zico e Adílio completavam o meio no 4-2-3-1 armado pelo treinador. Aos 49, Chicão agrediu Tita e foi expulso. Palhinha foi reclamar e também foi pro chuveiro mais cedo.

Com três jogadores a mais, tudo que o mengo precisava fazer era tocar a bola. Mas ainda haveria um último e enorme susto. Carlos Alberto atrasou para Manguito. Sem ritmo de jogo e com as pernas pesadas, o zagueiro que há muito não atuava, tentou recuar para Raul, mas o passe saiu curto. Pedrinho ganhou do goleiro e, quando ia empatar, Andrade surgiu num carrinho salvador, salvando a pátria rubro-negra! Pela primeira vez, o Flamengo era Campeão Brasileiro de futebol! Finalmente, o país se vestia de vermelho e preto!

No próximo texto: O pós brasileiro, a excursão a Europa e o pré Taça Guanabara. Até lá!



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