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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A Era de Ouro do Flamengo- Parte 8- O Primeiro Turno do Carioca Especial de 1979


O Campeonato Carioca Especial de 79

Primeiro Turno

Ninguém duvidava do favoritismo rubro-negro. Afinal, a equipe vinha de conquistar dois turnos seguidos e o campeonato de 78. Além disso, Zico (desfalque no primeiro jogo) prometia que iria arrebentar e fazer de 79 o seu ano. E que outra equipe no Brasil poderia se orgulhar de ter jogadores do quilate de Júnior, Adílio, Toninho, Carpegiani, Andrade, Leandro e Cláudio Adão.

A estréia foi no Maracanã, diante do Volta Redonda. Sentindo a falta do galinho, o mengo jogou para o gasto e venceu, por 2 a 0, com gols de Cláudio Adão e do novo reforço, Reinaldo.

Os dois pontos foram importantes, mas não serviram para acabar com os problemas na escalação para o clássico frente o América. Zico estaria de volta, mas Carpegiani, com uma lesão, era ausência certa. Para piorar, Andrade, que retornava de empréstimo do ULA, da Venezuela. Sem opções, Coutinho treinou o jovem Leandro na cabeça da área.

Mesmo com as improvisações, o Flamengo conseguiu golear o América, por 4 a 0. A partida marcou a inauguração do placar eletrônico do Maraca.

Flamengo 4x0 América

Taticamente, o rubro-negro se postava em um 4-3-3 ou um 4-2-1-3, já que Leandro e Adílio ajudavam mais na marcação e Zico jogava solto, tentando municiar Reinaldo, Claudio Adão e Júlio César. Sem a bola, o time se apresentava em um 4-5-1, com o recuo dos ponteiros.

Aproveitando-se dos desfalques, o América começou melhor. Atacava mais e criou a primeira oportunidade, num tiro longo de Aílton que passou raspando o travessão de Cantareli. Mesmo assim, aos 28, foi o Flamengo quem inaugurou o marcador. Júlio César foi a linha de fundo e cruzou. A bola passou pela defesa e sobrou do outro lado para Reinaldo, que ajeitou e mandou uma bomba cruzada. Fla 1 a 0. Era o primeiro gol eu seria anunciado no novo placar eletrônico do estádio. Mesmo sem jogar bem, o atual campeão ia para o vestiário em vantagem.

O time rubro era superior. Cantareli fez uma defesa extraordinária, em finalização de Aílton. Insatisfeito com o rendimento do ataque, Coutinho tirou Claudio Adão e colocou Luisinho em campo.

E a qualidade técnica acabou fazendo a diferença. Adílio pegou uma sobra, driblou dois marcadores e finalizou de perna esquerda, no ângulo de País. Eram jogados 29 minutos da etapa complementar. 2 a 0 e o mengo saia do sufoco.

Aos 31, Leandro, o melhor em campo mesmo improvisado na cabeça da área quase marca um golaço ao encobrir o goleiro País. Heraldo salvou o gol em certo praticamente em cima da linha. Aos 35, Luisinho foi derrubado na meia esquerda. Falta sob medida para o galinho. Zico cobrou com perfeição, no canto direito. 3 a 0!

Quatro minutos depois, novamente Luisinho foi derrubado quase no mesmo lugar. Merica reclamou demais e foi expulso. Zico, como de costume bateu e guardou. Flamengo 4 a 0. O América ainda assustou duas vezes, em chutes de Wilson, mas o placar não foi alterado. Mesmo sem jogar bem, o rubro-negro goleou e mostrou sua força no clássico.

Antes de retornar ao Campeonato Carioca, o Flamengo precisava faturar. Para tanto, o time cobrava uma cota de 750 mil cruzeiros por amistoso. E sempre apareciam interessados. Contra o Uberaba, uma vitória magra, de 1 a 0 (gol de Zico). A nota triste da noite foi a contusão de Adílio. Com uma entorse forte no tornozelo direito, ele ficaria um bom tempo afastado da equipe.

No segundo amistoso da semana, goleada e show sobre o fraco combinado de Santo Antônio. Cláudio Adão (2), Júnior, Manguito, Zico e Daúca (contra) marcaram.

De volta ao Carioca, o mengo foi a Nova Friburgo, golear o Fluminense local, por 5 a 1. Cláudio Adão (2), Zico (2) e Júnior foram os autores dos tentos. Aliás, com os gols marcados, o galinho igualou Dida como maior artilheiro da história do clube, com 244 gols.

Contra o Goytacaz, em Campos, pela quarta rodada, Coutinho pode contar com todos os titulares. Mesmo assim, o jogo não foi nada fácil. O triunfo veio no sufoco, com um gol salvador de Zico, que quebrava assim o recorde de Dida.

Como estávamos em pleno carnaval, um assunto tomou conta dos bate papos da cidade. Onde O Flamengo arrumaria dinheiro para renovar com alguns de seus principais jogadores. Rápida no gatilho, a diretoria decidiu que toda a renda do famoso baile do vermelho e preto seria revertida para o futebol, atenuando assim os prejuízos sofridos durante o longo certame estadual.

O próximo compromisso do time seria o clássico frente ao Vasco. Na sexta feira, o coletivo não foi nada animador, terminando em empate em 3 gol. Zico (2) e Cláudio Adão marcaram para os titulares, enquanto Tita (2) e Luisinho, para os reservas. A partida foi muito disputada. O fla foi superior no primeiro tempo. O Vasco, no segundo. O empate (1x1) acabou sendo justo. O gol foi marcado por Zico.

Em busca de dinheiro, o clube quase negociou o passe do goleiro Raul para o Atlético-pr. No entanto, uma dívida de 150.000 cruzeiros que o Flamengo tinha com o jogador acabou por melar a compra. Melhor para o Flamengo, como a história nos provaria mais tarde.

Contra o São Cristovão, mais uma vitória, desta vez, por 2 a 0 (com dois gols de Zico). Porém, a atuação não agradou a torcida que vaiou o time. No dia seguinte, para acalmar os ânimos, a Diretoria anunciou as renovações de Carpegiani e Cantareli. Adílio não acertou a sua, mas se colocou a disposição de Coutinho para o jogo contra o Fluminense.

Mais uma vez, o time entrou bastante mexido em campo. Tita, Leandro e Luisinho substituíram Reinaldo, Toninho e Adão. Na frente da classificação, o rubro-negro entrou em campo sabendo que o empate seria um ótimo resultado. Esse sentimento foi ainda mais reforçado quando Rondinelli foi expulso. No fim das contas, o 1 a 1 (gol de Zico) foi ótimo para a equipe.

Na penúltima rodada, uma impiedosa goleada em cima do Americano, no Maracanã. Com gols de Luisinho (3), Zico (2) e Andrade, o fla fez 6 a 1 e aumentou ainda mais o seu saldo de gols. Para melhorar a situação, o Vasco foi derrotado pelo volta Redonda. Com a vitória do Fluminense sobre o Botafogo, a situação antes da derradeira rodada era a seguinte: Flamengo (líder, por ter melhor saldo de gols) e Fluminense tinham 14 pontos. Vasco e Botafogo, 12. No sábado, jogariam Vasco e Fluminense. E, no domingo, Flamengo e Botafogo.

Para desespero de Coutinho, o Flamengo não teria a semana livre para se preparar para a “decisão” com o Botafogo. Na quinta feira, o time teria que ir até Brasília, jogar contra o Corinthians, no amistoso comemorativo da posse do Presidente Figueiredo. Nem mesmo o triunfo, por 2 a 0 (gols de Cláudio Adão e Tita) e a conquista do Troféu João Figueiredo foram capazes de acalmar o treinador. Para ele, o momento era de concentração total no Campeonato Carioca.

No sábado, o Vasco bate o Fluminense. Com isso, o Flamengo precisa apenas do empate contra o Botafogo para sagrar-se campeão do primeiro turno.
Novamente, a equipe vinha com alterações. Leandro, Andrade e Luisinho, nas vagas de Toninho, Adílio e Adão, respectivamente.

Flamengo 3x0 Botafogo

A atuação rubro-negra beirou a perfeição, pelo menos nos primeiros 45 minutos. Mesmo jogando pelo empate, o rubro-negro saiu a 1000 por hora. Com menos de dois minutos, Júlio César cruzou e Zico foi prensado na hora da finalização. Com tanta vontade, o primeiro gol não poderia demorar a sair. Aos seis, Tita tocou para Zico. O galinho girou em cima da marcação de Celso e mandou uma bomba indefensável para Zé Carlos.

Apesar das modificações, taticamente o Flamengo se mantinha no 4-3-3. No meio, Andrade e Carpegianni marcavam mais atrás e Zico atuava livre. Na frente, Tita e Júlio César eram os pontas que recuavam, para ajudar na recomposição defensiva e Luisinho era o atacante mais fixo.

Embora criando poucas chances claras, o mengo tinha muita posse de bola e facilitado pela frouxa marcação alvinegra tocava a pelota sem ser incomodado. Aos 21, um chutão de Manguito foi na cabeça de Luisinho. O atacante ajeitou para Zico, que carregou e deu um ótimo passe para Carpegianni. A finalização saiu forte, precisa. Na narração da TV Globo, Luciano do Valle dizia “mas é impressionante. É muita facilidade”. Aos gritos de é campeão, vindos da arquibancada em festa, Flamengo 2 a 0.

O Botafogo só teve a primeira oportunidade aos 30 minutos. Luisinho Lemos chutou forte para a área. Mendonça tentou o cabeceio, mas mandou desviado e perdeu a chance. Nove minutos depois, veio o golpe de misericórdia. Júnior avançou sem ser incomodado e serviu Luisinho. O camisa nove bateu de primeira, no alto e marcou o terceiro gol rubro-negro, matando a partida. 3 a 0. Antes do intervalo, Zico, de cabeça e sozinho ainda teve a chance de marcar o quarto, mas a cabeçada saiu raspando a trave esquerda de Zé Carlos.

Como era de se esperar, o ritmo da partida caiu assustadoramente na etapa final. Mesmo assim, em menos de 10 minutos, Luisinho e Zico perderam boas chances de ampliar a vantagem. Joel resolveu trancar o meio de campo alvinegro ao trocar o ponta esquerda Tiquinho pelo meia Wescley. Não fez muita diferença.

Aos 27, Júlio César escapou pela esquerda e rolou para Luisinho, que foi a linha de fundo e rolou para trás. Zico dominou, ajeitou o corpo e bateu com categoria. Infelizmente, a bola bateu na trave esquerda de Zé Carlos e não entrou. Na continuação da jogada, Gil deu um corte seco em Nélson e bateu de perna esquerda. Cantarele se esticou todo e fez ótima defesa. Aos 41, Luisinho Lemos ainda mandou uma cabeçada no travessão de Cantarele. Depois disso, o rubro-negro tocou a bola, gastou o tempo e esperou o fim da partida.

Com o apito final, a festa eclodiu, não só no Maraca, mas como em todo o Rio de Janeiro e país. Flamengo campeão do primeiro turno!





segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A Era de Ouro do Flamengo- Parte 7- O fim de 78 e a Pré Temporada em 79


O fim de 78

Apesar do Campeonato Carioca ter chegado ao fim, o Flamengo ainda precisava faturar. Uma semana depois da conquista do título, Coutinho mandou a campo o mesmo time que vencera o Vasco, no amistoso de entrega das faixas diante do Fluminense. Nunes abriu o marcador para os tricolores, ainda no primeiro tempo. Porém, na etapa final, o esquadrão rubro-negro mostrou que não era o melhor do Rio de Janeiro à toa. Virada de 2 a 1, com gols de Pintinho (contra) e Toninho. E tome de festa e zoação em cima dos pobres rivais.

Já planejando a temporada de 79, a Comissão Técnica reuniu-se durante a semana na Gávea para tratar de dois assuntos importantes. Primeiro, a renovação dos contratos de Zico, Júnior, Carpegiani, Adílio e do próprio técnico Cláudio Coutinho. Depois, para discutir possíveis reforços para a equipe.

Ao fim deste encontro, Coutinho surpreendeu a todos, dando a seguinte declaração: “Precisamos manter o time, renovar os contratos. Depois disso, quero um centroavante, para a reserva de Cláudio Adão, um ponta direita e um ponta esquerda. E não preciso de nada além disso”.
E o clube nem iria precisar gastar muito para satisfazer o treinador. Acontece que uma dessas posições seria resolvida com o retorno do ponteiro esquerdo Júlio César, o “Uri Geller”. O atleta havia sido emprestado ao Remo e estava de volta a Gávea. Quem também voltava de empréstimo era o volante Andrade. Além deles, O lateral direito Leandro e o volante Vítor seriam promovidos ao plantel principal.

Contra a Seleção Goiana, no Serra Dourada, mais uma vitória do mengo, que agora contabilizava 13 partidas de invencibilidade. O placar de 2 a 1 (gols de Tita) não refletiu o domínio que time comandado por Zico exerceu sobre o oponente.

Para fechar a temporada, mais dois amistosos. O primeiro, contra a Seleção de Roraima. Goleada de 4 a 0 (Zico, três vezes e Eli Carlos). No derradeiro compromisso do ano, vitória de 2 a 0 em cima do Nacional de Manaus, com gols de Eli Carlos e Toninho.
Para completar o ano extremamente positivo, Coutinho assinou a renovação do contrato em branco, deixando a cargo do Presidente Marcio Braga lhe pagar o que achasse que ele merecia receber.

As Férias

Enquanto os atletas descansavam, os dirigentes rubro negros ameaçavam não disputar o Campeonato Carioca. Tudo por conta de uma proposta que contava com 18 clubes e duraria oito meses. Contrário a essa fórmula, o Flamengo bateu o pé e conseguiu que se disputassem dois Campeonatos em 79. O primeiro, com 10 clubes, seria o Especial. O segundo, com 18 equipes e um formato digno de prêmio de pior da história.

Com Júlio César confirmado como titular na esquerda e impressionando muito o treinador, a diretoria tratou de correr atrás dos outros pedidos de Coutinho. Para a reserva de Cláudio Adão, chegou Luisinho das Arábias, da Portuguesa da Ilha, por 1,5 milhões de cruzeiros. Já para a ponta direita, o favorito era o argentino Mastrangelo, do Boca Juniors. Corriam por fora Gil, Manfrini, Valdomiro e Reinaldo.

Depois que o supervisor Domingos Bosco voltou de Buenos Aires sem acordo com o Hermano, o clube contratou Reinaldo, do América, por 1,8 milhões de cruzeiros, mais os passes de Renato e Merica. Com o elenco fechado, era hora de voltar ao batente.

A Pré Temporada de 79

Depois dos exames médicos de praxe, os jogadores foram para Friburgo, onde ficaram por nove dias, fazendo os treinamentos iniciais. Pelo menos, isso era o que estava planejado. Entretanto, as fortes chuvas obrigaram a delegação a retornar ao Rio antes do previsto.

Satisfeito, Coutinho prometia um time ainda mais agressivo e melhor do que em 78. No primeiro coletivo do ano, vitória dos titulares sobre os reservas, por 3 a 1, com gols de Zico (2) e Cláudio Adão, contra um de Luisinho. O segundo e último coletivo antes do primeiro jogo oficial do clube na temporada foi ainda melhor. Goleada de 4 a 0 dos titulares, gols de Zico (2), Adílio e Reinaldo.

O ano pra valer começou em Friburgo, onde o Flamengo bateu o Fluminense local, por 4 a 0. Mimi (contra), Júlio César, Adílio e Zico marcaram. Dois dias depois, o time já estava em Salvador, onde sentiu o desgaste e apenas empatou com o Bahia em 1 a 1 (Cláudio Adão).

Antes de retornar ao Rio para a estréia no Campeonato especial, o mengo ainda fez mais dois amistosos na boa terra. Em Feira de Santana, bateu o Fluminense, por 2 a 0 (Adílio e Sabino, contra). E em Itabuna, passou pela equipe local por 2 a 1 (Zico e Cláudio Adão).

A tabela do Campeonato marcava para o dia 8 de Fevereiro, no Maracanã, diante do Volta Redonda o início da caminhada rumo ao bi estadual. Para este jogo, Coutinho tinha alguns problemas. Zico, expulso diante do Vasco, no jogo do título de 78, teria que cumprir suspensão automática e estava fora do jogo. Reinaldo, tinha mais um jogo a cumprir de uma suspensão também da temporada passada. Além disso, Toninho, que ficara na Bahia resolvendo problemas particulares e Carpegiani, com dores musculares ainda eram dúvidas.

Diante desse quebra cabeça, Coutinho escalou Leandro na lateral direita, Ramírez na esquerda. Júnior foi atuar na cabeça da área, já que Andrade ainda não havia sido regularizado. Tita substituiu Zico. E, Reinaldo pode jogar devido a uma esperteza dos cartolas rubro-negros. Como o América estreou na competição enquanto o Flamengo ainda excursionava, os dirigentes deixaram para registrar seu contrato na Federação na véspera do jogo do mengo. Dessa forma, o ponteiro direito cumpriu a partida que faltava em sua suspensão ainda como jogador do América e estava apto a enfrentar o Volta Redonda.

No próximo texto: A conquista do Bicampeonato Carioca, no Campeonato Especial de 79!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A Era de Ouro do Flamengo Parte 6- O Campeonato Carioca de 78


Campeonato Carioca de 1978

Primeiro Turno

O grande reforço do Flamengo na estréia do Carioca era a volta de Zico. Coutinho estava preocupado com o primeiro adversário, um São Cristovão reforçado por jogadores do Cruzeiro. O temor não foi confirmado dentro das quatro linhas. Uma goleada por 6 a 0, levantou o moral da equipe e a confiança dos torcedores. Zico (2), Cláudio Adão (2), Cléber e Adílio marcaram.

Em todas as entrevistas, Coutinho fazia questão de dizer que a disposição ofensiva mostrada pelo time seria mantida. O segundo compromisso provou que ele estava certo. Novo massacre, dessa vez sobre o Campo Grande, por 5 a 0. Cláudio Adão, recuperando seu melhor futebol, marcou três vezes e isolou-se na liderança da tábua de artilheiros. Zico e Júnior completaram o marcador.

Na terceira rodada o oponente foi o Madureira. Para a Comissão técnica rubro-negra, a equipe de Conselheiro Galvão era disparada a melhor entre os chamados pequenos. E realmente, o confronto não foi nada fácil. O herói da vitória foi Cláudio Adão, autor de ambos os gols da partida. Placar final, Flamengo 2 a 1. Apesar de mais dois pontos conquistados, o saldo não foi positivo para o fla. Raul, Tita e Cléber lesionaram-se e ficaram de fora do jogo contra a Portuguesa.

Mesmo sem jogar bem, o mengo seguiu vencendo. Para Coutinho, os desfalques pesaram e foram o motivo para o jogo ruim. O 2 a 0, com gols de Dori (contra) e Adílio foram o suficiente para a atuação burocrática. Pior, Adílio e Alberto eram os novos machucados.
Na quinta rodada, o primeiro clássico. Diante do Vasco e com vários desfalques, o treinador foi obrigado a escalar o ponta direita João Carlos, recém chegado do Esportivo de Bento Gonçalves como titular. A partida não foi boa. O empate sem gols manteve o fla na liderança, mas a queda de produção já começava a preocupar o “Capitão”.

Aproveitando-se que não haveria compromisso no meio de semana, Coutinho tratou de trabalhar a parte técnica e os treinamentos coletivos. No primeiro, goleada de 4 a 0 dos titulares sobre os reservas, gols de Zico (2), Cláudio Adão e João Carlos. No segundo, placar apertado, de 1 a 0, gol de Adão.
A equipe respondeu bem aos treinamentos. Derrotou o Bangu, em Moça Bonita, por 3 a 0, gols de Zico (2) e Cláudio Adão. A atuação deixou Coutinho entusiasmado. No meio de semana, o rubro-negro foi até Salvador, enfrentar o Bahia. O amistoso era parte do pagamento do passe de Osni, vendido ao tricolor da boa terra. A derrota de 2 a 1 foi considerada normal. Getúlio marcou o tento carioca.

Nos bastidores, era intensa a busca da Diretoria por um ponta esquerda. Nomes como Éder, então no Grêmio, Joãozinho, do Cruzeiro e Jéssum, do Bahia apareciam como prováveis reforços. O desespero era tão grande para contratar alguém que o treinador cogitava escalar Vanderlei (Luxemburgo) ou o jovem Leandro na posição. As duas alternativas foram testadas no coletivo. Na primeira parte, com Vanderlei, vitória de 4 a 1 dos titulares, com quatro gols de Zico, contra um de Tião. Com Leandro, o desempenho foi pior e o triunfo foi só de 2 a 1, com Cláudio Adão marcando para os titulares e Anselmo descontando. Estava decidido. Vanderlei jogaria na ponta esquerda.

A sétima rodada marcava o clássico diante do América, adversário sempre perigoso e que não perdia para o Flamengo fazia algum tempo. Para variar, o mengo tropeçou. 2 a 2, tentos de Toninho e Cláudio Adão. A sorte era que os adversários também estavam tropeçando e o time da Gávea mantinha a liderança.

O próximo oponente foi o Olaria. Goleada de 5 a 0, gols de Cláudio Adão (2), Adílio (2) e Nélson. No domingo, clássico frente ao Botafogo. Com os desfalques rubro-negros, Tião foi jogar na ponta direita e Vanderlei mantido na esquerda. A igualdade em um gol foi suficiente para que o fla mantivesse a liderança. O gol foi de Cláudio Adão.

Flamengo 1x1 Botafogo

Com problemas nas pontas e sabendo que o empate seria um ótimo resultado, o Flamengo começou a partida de maneira cautelosa. Até porque nem Tião, nem Vanderlei conseguiam levar vantagem pelas extremas. Tanto que o primeiro Tito perigoso foi dado pelo zagueiro Manguito.
E foi num contra ataque que o rubro-negro abriu o marcador. Perivaldo errou um passe simples e a bola caiu justamente nos pés de Zico. O galinho, com sua incrível visão de jogo lançou o artilheiro Claudio Adão em velocidade, no meio da zaga alvinegra. O camisa nove só teve o trabalho de driblar o goleiro e tocar para as redes vazias. Flamengo um a zero.

O Botafogo respondeu em seguida. Perivaldo centrou na área. Nelson afastou mal e Luisinho, de primeira, mandou um balaço no ângulo esquerdo. Raul mostrou toda sua categoria e fez uma excepcional defesa, conseguindo desviar para escanteio.

O gol de empate do alvinegro veio ainda no primeiro tempo. Manguito cometeu jogo perigoso dentro da área. Na cobrança, a bola foi rolada para Mendonça, que bateu colocado. Raul, sem enxergar nada por conta do número de jogadores a sua frente, nada pode fazer além de observar a bola bater na sua trave esquerda e entrar de mansinho. Um a um.

O Flamengo não voltou bem para a etapa final. Coutinho tentou mexer na ponta direita, sacando Tião e colocando Tita em seu lugar. A intenção era dar um pouco mais de velocidade por aquele setor. E foi justamente com ele que saiu a primeira oportunidade de gol da segunda etapa. Toninho, deslocado pela esquerda tocou para Adílio. O neguinho bom de bola só rolou de lado para Tita, que penetrava em velocidade. O chute saiu forte, de primeira, dando trabalho para o goleiro Zé Carlos.

Mais uma vez, o alvinegro respondeu a altura. Mendonça cobrou falta da meia direita. A bola desviou em Júnior. Nelson furou e Manguito cortou mal. Na sobra, Paulo César Caju bateu. A pelota voltou a desviar em Manguito e quase traiu Raul, que fez uma defesa de puro reflexo, com os pés. A sobra ficou novamente para Mendonça que, da risca da pequena área, conseguiu mandar por sobre a meta. Sufoco para o líder do turno!
Faltando cinco minutos para o término da partida, Rodrigues Neto reclamou de um pé alto marcado dentro da área da equipe de General Severiano e acabou sendo expulso pelo árbitro José Roberto Wright. Na cobrança, Zico não teve a mesma sorte de Mendonça e só conseguiu arrumar um escanteio.
Sem tempo para impor sua vantagem numérica e satisfeito com a igualdade, o Flamengo não forçou mais o ritmo. Afinal, o rubro-negro somava 15 pontos, contra 14 do próprio Botafogo e mantinha-se na liderança da competição.

Com os resultados da penúltima rodada, um triunfo do Flamengo diante do Bonsucesso praticamente asseguraria a conquista do primeiro turno. O placar de 3 a 0 fez jus ao domínio da equipe de maior categoria. Tita, Zico e Cláudio Adão foram os autores dos gols.
Só o Fluminense, da dupla de ataque vinda do Santa Cruz, Fumanchu e Nunes poderia tirar o caneco da Gávea. Para isso, precisava derrotar o Flamengo por 5 gols de diferença. Uma tarefa mais do que ingrata para os tricolores.

Flamengo 0x2 Fluminense

Com seus já conhecidos problemas nas extremas, Coutinho jogava o clássico decisivo com Tita ma direita e Cléber na esquerda. Como nenhum dos dois era especialista na posição, persistiam as falhas.

Mesmo recuado, o primeiro bom momento da partida foi do rubro-negro. Júnior lançou Claudio Adão, que sofreu falta de Tadeu. Como a bola sobrou com Cléber, o árbitro Luis Carlos Félix deu a lei da vantagem. Cléber carregou a bola, derivando da ponta para o meio e achou Zico na meia direita. O remate do galinho saiu forte e Renato teve muitas dificuldades para desviar a escanteio.

O tricolor respondeu com uma jogada pela esquerda. Carlinhos lançou o ponteiro Mário, que fez boa jogada individual, foi a linha de fundo e rolou de volta para Carlinhos. O lateral teve tempo de dominar e ajeitar o corpo antes de finalizar com perigo para Raul.

A verdade é que o jogo estava da maneira como o Flamengo queria: morno, sem grandes oportunidades de gol. Aos 40, Edinho mandou uma bomba de longe. Raul se atrapalhou e bateu roupa. Para sua sorte, não havia nenhum adversário a postos para aproveitar o rebote. No minuto seguinte, foi a vez de Fumanchu arriscar de longe e a bola sair muito rente a trave direita de Raul.

Mesmo criando mais oportunidades, a cera que o flu fez no minuto final do primeiro tempo demonstrava que nem mesmo os próprios tricolores acreditavam na goleada.

Na volta do intervalo, Coutinho mexeu no time. Colocou Leandro na lateral direita, passou Toninho para a ponta direita e Tita foi para a extrema esquerda. E foi o rubro-negro quem ameaçou primeiro. Leandro fez boa jogada e lançou Toninho em profundidade. O lateral cruzou. Claudio Adão dominou de costas para o gol e recuou para Zico, que, de primeira e de pé esquerdo, chutou. Novamente, Renato fez grande defesa e desviou para escanteio.

Sabendo que não mais perderia o turno, o Flamengo relaxou e parou de forçar o ritmo. O Fluminense se aproveitou disso e foi a frente. Quando o Maracanã já ouvia o coro de é campeão, Nunes arrancou de seu próprio campo e lançou Edinho. Ao driblar Raul, o zagueiro foi tocado pelo goleiro. Pênalti assinalado por Luis Carlos Félix. Fumanchu cobrou com imensa categoria e abriu o marcador para o tricolor.
Antes da volta olímpica, ainda haveria tempo para mais um gol do flu. Zezé cobrou escanteio curto para Carlos Alberto Pintinho, que tentou o centro, mas acabou errando e mandando a bola nas mãos de Raul. Só que o goleiro acabou falhando, ao largar a bola na cabeça de Nunes, que só teve o trabalho de desviar de cabeça. Fluminense 2x0, colocando água no chopp rubro-negro. De qualquer forma, o Flamengo sagrava-se campeão da Taça Guanabara.




Segundo Turno

Sem dinheiro para contratar um ponta esquerda, a Diretoria tenta trocar Rondinelli por Éder. Segundo Coutinho. “tudo que preciso é de um ponta esquerda, para tornar esse time um dos melhores, senão o maior do país”. O Grêmio não aceitou a oferta e o Flamengo permaneceu “órfão” naquele setor. Em contra partida, o juvenil Lino foi trocado com o Atlético-mg por Marcinho.

Antes da estréia no returno, diante do América, houve um coletivo que deixou todos os que o assistiram maravilhados. 11 a 1 para os titulares. Cláudio Adão marcou sete vezes. Zico, duas. Adílio e Pedro Ornelas, que chegara emprestado pelo Galícia completaram o massacre. No domingo, finalmente o Flamengo conseguiu derrotar sua asa negra. O placar foi de 2 a 1. Zico e Eraldo (contra), marcaram. Sem muitas opções, Pedro Ornelas ocupou a ponta esquerda. No fim do jogo, Rondinelli deixou bem clara a sua insatisfação com a reserva. Iniciava-se uma pequena crise.
Sem jogos no meio de semana e com contas a pagar, o clube jogou dois amistosos. O primeiro, frente ao Londrina, terminou com uma fácil vitória de 3 a 0, gols de Zico, Pedro Ornelas e Marcinho. No segundo, diante de um combinado de Friburgo, triunfo pela margem mínima, gol de João Carlos.
De volta ao Campeonato Carioca, a equipe foi ao acanhado estádio de Ítalo Del Cima, visitar o Campo Grande. Saiu de lá com mais dois pontos, depois da goleada de 5 a 2. Zico (3), Cláudio Adão e Adílio foram os autores dos tentos. Nesta partida, o goleiro Raul sofreu uma distensão na coxa e não mais retornaria ao time no certame.

Em confronto válido pela terceira rodada, o fla foi a Moça Bonita e tropeçou diante do Madureira. O empate em 2 a 2 (gols de Cláudio Adão e Júnior) foi ruim, especialmente porque o Vasco, reforçado pelo goleiro da Seleção, Leão recém contratado ao Palmeiras, havia vencido todas suas partidas e estava um ponto a frente na classificação.

Devido as falhas da defesa, especialmente nas bolas alçadas sobre a área, Coutinho comandou treinamentos específicos para os zagueiros e goleiros, a fim de corrigir esses problemas. No domingo, a equipe entrou o campo do Maracanã pressionada. Afinal, um mal resultado no clássico diante do Fluminense afastaria o time da briga pelo título.
Flamengo 4x0 Fluminense

Taticamente, o Flamengo se postava no 4-3-3. Tita era o ponta esquerda que derivava para o meio, abrindo espaço para o apoio de Júnior. Enquanto isso, Marcinho era o ponteiro direito. Apesar de melhor postado em campo, quem chegava mais a frente era o tricolor, embora sem conseguir criar muito perigo a meta de Cantarele.

O primeiro gol rubro-negro saiu depois de uma roubada de bola de Toninho, troca de passes entre Adílio e Tita e uma tabela perfeita de Zico e Claudio Adão. O galinho finalizou forte, sem chance para Wendell.

Faltando dois minutos para o fim da etapa inicial, veio o segundo gol. Carpegianni roubou a bola ainda no campo defensivo. Avançou e tocou para Zico. O camisa 10 devolveu a Carpegianni que, de primeira, deixou Cláudio Adão sozinho, frente a frente com Wendell. O artilheiro não teve dificuldade para aumentar a vantagem rubro-negra. 2 a 0.

Logo em seguida, veio o terceiro. Adílio lançou Toninho, que parou, olhou e rolou para trás. Zico bateu de primeira e ainda contou com a colaboração do goleiro Wendell, que deixou a bola passar por baixo do seu corpo
.
No intervalo, Coutinho tirou Adílio e colocou Alberto em seu lugar. Para fechar a goleada, Toninho penetrou pela direita e finalizou. Wendell conseguiu defender parcialmente, mas a bola sobrou limpa para Claudio Adão, que só empurrou para a rede vazia. Flamengo 4 a 0!

A quinta rodada marcou nova ida a Moça Bonita, desse vez para enfrentar o Bangu. Sem Adílio e Toninho, a magra vitória de 1 a 0 (gol de Tita) teve grande repercussão na Gávea. Zico criticou Marcinho publicamente, pelo seu individualismo. “Tem gente rebolando. É preciso menos individualismo e mais seriedade”. Para completar, o zagueiro Nélson se contundiu. Moisés e não Rondinelli foi o escolhido do treinador para começar a partida diante da Portuguesa.

Como sempre, diante de um início de crise, o Flamengo se agiganta. A goleada de 9 a 0 foi a resposta dos jogadores a torcida e a imprensa. Marcinho (3), Zico (2), Cláudio Adão (2), Cléber e Júnior marcaram. Entretanto, para o Jornal O Globo, o melhor jogador em campo foi o jovem lateral Leandro. Sua atuação foi digna de nota 10, segundo o periódico.

O compromisso seguinte era diante do Bonsucesso. Vitória tranqüila, por 2 a 0. Gols de Zico e Tita. Adílio e Toninho retornariam no clássico do fim de semana, diante do Botafogo. Em compensação, o artilheiro do campeonato, Cláudio Adão lesionou-se e ficaria de fora o resto do campeonato. De qualquer forma, a perseguição ao líder Vasco, que vencera todas suas partidas, continuava.

No domingo, um Flamengo muito superior ao seu adversário, venceu por apenas 1 a 0. Sem Adão, Zico foi o artilheiro da vez. Ao término da partida, Coutinho deu uma entrevista a Rádio Globo, prometendo o título a torcida. “Torcedores, fiquem tranqüilos. Ganharemos também o segundo turno. Não haverá final. Mesmo com a vantagem de um ponto a nossa frente, o Vasco não conseguirá nos deter. Para nós, basta triunfar diante do São Cristovão, Olaria e do próprio Vasco, para levantarmos o caneco”.

Mesmo sem jogar bem, o time cumpriu sua parte diante dos pequenos. Contra o São Cristovão, 2 a 0 (dois gols de Zico). O placar se repetiu diante do Olaria, desta vez, com gols do galinho e de Tita. Como a equipe de São Januário também venceu seus dois compromissos, chegava a última rodada com a vantagem do empate para vencer o segundo turno e provocar uma decisão. Se vencesse, o Flamengo seria Campeão Carioca direto.

A semana que antecedeu o clássico foi marcada por uma guerra de nervos. As duas Diretorias não chegavam a um acordo quanto ao nome do árbitro. O pessoal da Gávea queria uma juiz estrangeiro. Os cruzmaltinos respondiam com uma lista de nomes daqui do Rio. O Flamengo vetava. No fim, coube a FERJ interceder e escalar José Roberto Wright. O suficiente para Zico soltar o seguinte comentário “pelo menos no nome, ele é estrangeiro”.
No último coletivo, a Gávea recebeu um grande número de torcedores e famosos, como Jorge Bem Jor e Sandra de Sá. A equipe não foi bem. Os titulares apenas empataram em 1 a 1 com os reservas. Zico e Eli Carlos marcaram. Coutinho tratou logo de acalmar os ânimos. “o que vale é domingo”.
Flamengo 1x0 Vasco

Mais cauteloso, Orlando Fantoni armou o Vasco em um 4-2-1-3, com Helinho e Paulo Roberto na contenção e apenas Guina tentando pensar o jogo. Na frente, Dinamite era a referência e Wilsinho pela direita e Ramon pela esquerda tinham que não só atacar com a bola, mas voltar acompanhando as descidas de Toninho e Júnior.

Enquanto isso, precisando da vitória, Coutinho escalou o seu Fla em um 4-2-2-2. Carpeggiani e Adílio marcavam e davam qualidade a saída de bola. Zico e Tita armavam o jogo e Marcinho e Cléber jogavam mais a frente. Na teoria, o fla era mais time. A vantagem do empate, contudo, igualava a partida.

E o Flamengo assustou logo aos dois minutos. Marcinho cobrou escanteio e Zico, sozinho, cabeceou para boa defesa de Leão. Aos 7, Guina avançou pela direita e cruzou na segunda trave, onde estava Ramon. O ponta esquerda tentou cabecear direto para o gol ao invés de ajeitar para Roberto que vinha sozinho, de frente para a meta e perdeu boa chance.

O rubro-negro parecia nervoso. Errava passes na saída de bola e cometia muitas faltas. Mesmo assim, o craque sempre aparece. Aos 15, Zico dividiu com Helinho, caiu, levantou, passou por dois marcadores e bateu firme. Mais uma vez Leão (que ainda não havia sido derrotado uma única vez desde que deixou o Palmeiras e chegou ao Vasco) não deu nem rebote. Helinho marcava, ou tentava, o camisa 10 quase que individualmente. Toda vez que era driblado, o volante vascaíno cometia a falta e parava o lance.

Aos 23, Tita roubou a bola de Marco Antônio, passou como quis pelo lateral vascaíno e chutou forte para a área. Gaúcho tentou afastar, pegou na orelha da bola e obrigou Leão a fazer uma grande defesa, de puro refleexo, espalmando a escanteio. Apesar dessa jogada, o fla pecava por jogar demais pelo meio e esquecer as pontas.

Aos 38, Marco Antônio deum uma pregada em Marcinho e recebeu o primeiro amarelo da partida. Aos 44, Zico teve uma boa chance de abrir o marcador depois de uma cabecada de Cléber, mas acabou pegando mal e a bola saiu fraca para as mãos de Leão. Aos 45, Roberto levou a bola, passou por Manguito mas também bateu fraco Cantarelli defendeu com facilidade.

No final de um primeiro tempo muito mais marcado do que jogado, o Flamengo foi ligeiramente superior ao Vasco, criando três chances, contra duas do time de São Januário.

Segundo Tempo
O Vasco voltou com uma alteração do intervalo. Paulinho, vice-artilheiro do time na competição, entrava na vaga de Ramon. E quase que a substituição já deu resultado aos três minutos. Wilsinho cruzou da direita e Paulinho desviou com perigo para Cantarelli.

O jogo estava mais a feição do time de Fantoni. O Fla se abria mais, pela obrigação de vencer o jogo e dava espaços para os contra-ataques, agora mais perigosos com a presença de Paulinho. Aos 14, se não fosse um erro clamoroso do auxiliar, o Vasco poderia ter saído na frente. Paulinho avançou e lançou para ele mesmo no ponto futuro. Roberto estava impedido, mas não participou do lance. Mesmo assim, José Roberto Wright atendeu a marcação do seu bandeira e assinalou o fora de jogo.

Aos 17, Guina recebeu um cartão amarelo, ao reclamar de uma falta marcada a favor do rubro-negro. Aos 22, Eli Carlos entrou na vaga de Cléber. Com isso, Zico passou a jogar quase que como centroavante, abriu Marcinho pela direita e Tita pela esquerda. Eli passou a armar o jogo no lugar do galinho. Cláudio Adão estava fazendo muita falta.

Aos 25, Zico tabelou com Adílio, recebeu na frente e chutou para grande defesa do goleiro do Vasco e da seleção brasileira. No rebote, Tita isolou. Era a primeira chance de gol rubro-negra na etapa final. Na sequência do lance, Leão recebeu cartão amarelo, por retardar o jogo.

Aos 29, novamente Zico apareceu na grande área e foi travado por Abel, na sobra, Toninho finalizou de primeira, a bola explodiu em Orlando e saiu para escanteio. Na base da vontade, o Flamengo melhorava.

Percebendo que o rival melhorava no jogo, Fantoni sacou o ponta direita Wilsinho e colocou o volante Paulo César. Faltando apenas 14 minutos, era normal que o Vasco se precavesse.

Aos 34, Guina que até então pouco havia aparecido no segundo tempo, deixou Roberto em boas condições. O artilheiro bateu de pé esquerdo e Cantarelli mandou para escanteio.

O fla se mandava todo na tentativa do gol salvador. Aos 38, Roberto ganhou de Rondinelli e serviu Paulinho, sozinho na área. O ponteiro chutou de canela e perdeu a melhor oportunidade do jogo até aquele momento. A resposta do mengo veio no minuto seguinte, duas vezes com Tita. Na primeira ele cortou da esquerda para o meio e bateu firme. Leão deu rebote. A bola sobrou para Marcinho que cruzou e novamente Tita cabeceou para fora, com perigo.

Aos 41, o lance que marcou uma geração. Júnior cruzou, Marco Antônio estava sozinho mas mesmo assim se precipitou e mandou a bola para escanteio. Zico, que não costumava cobrar, se encaminhou para lá e cruzou na cabeça de Rondinelli, que subiu entre Roberto e Abel para testar firme, sem chance para Leão. O Flamengo se aproximava da conquista do campeonato carioca.

Aos 44, Coutinho reforçou a sua marcação ao tirar Tita e colocar Alberto Lequelé. Zico levou o seu amarelo ao isolar uma bola depois da falta marcada. Paulinho perdeu mais uma chance ao chutar para segura defesa de Cantarelli.

Aos 46, Zico e Guina se agrediram e acabaram expulsos. O jogo ficou parado por conta da confusão por mais de seis minutos, com direito a invasão do gramado, por parte de jornalistas e de sumiço das bolas.

No fim das contas, deu a lógica. O melhor time venceu. Era o começo da Era de ouro do Flamengo, campeão carioca de 1978. Para o comentarista da Rede Globo, J.Ávila "venceu o time que buscou o jogo. O Vasco se defendeu por 86 minutos. Mas a vitória foi justa e o título merecido."
Justíssima conquista. Ou não? O que importa? O fato é que ali, começavam as conquistas da Era de ouro do Flamengo. E vinha muito mais por aí!
No próximo texto: As Férias e a preparação para o Carioca de 1979.




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