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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Flamengo 1x0 Vasco o gol do deus da raça



Flamengo 1x0 Vasco
Data 03/12/1978 Local Maracanã Público 120.433 Árbitro José Roberto Wright
Gol Rondinelli,aos 41 do segundo tempo
Expulsões Guina e Zico
Flamengo Cantarelli, Toninho, Rondinelli, Manguito e Júnior, Carpeggiani, Adílio e Zico, Tita (alberto Lequelé), Marcinho e Cléber (Eli Carlos)
Vasco Leão, Orlando, Abel, Gaúcho e Marco Antônio, Helinho, Paulo Roberto e Guina, Wilsinho (Paulo César), Roberto e Ramon (Paulinho)

Pré-jogo
O segundo turno do campeonato carioca de 78 chgeou a sua última rodada com uma autêntica decisão. De um lado o Vasco, com 10 vitórias em 10 jogos, 20 pontos ganhos, 33 gols pró e 5 gols contra. O time era o líder do turno e precisava apenas de um empate para ser o campeão.

Do outro lado, estava o Flamengo, que já estava garantido na final do campeonato, pois havia sido o vencedor da Taça Guanabara. O rubro-negro tinha 19 pontos em 10 jogos. Com 9 vitórias e apenas um empate, diante do Madureira, na terceira rodada. O time tinha marcado 30 gols e sofrido 5 até aquele momento.

O mengo entrava em campo mais tranquilo. Mesmo se perdesse a partida, disputaria a decisão. O papo na cidade era que os clubes não iriam querer perder a renda de mais duas partidas com Maraca lotado. Por isso, poucos acreditavam na vitória do fla naquele domingo, (ainda mais com a ausência de Cláudio Adão, artilheiro do time e do campeonato, ao lado do seu companheiro Zico e do rival Roberto) o que significaria a conquista antecipada do campeonato.
Primeiro Tempo
Mais cauteloso, Orlando Fantoni armou o Vasco em um 4-2-1-3, com Helinho e Paulo Roberto na contenção e apenas Guina tentando pensar o jogo. Na frente, Dinamite era a referência e Wilsinho pela direita e Ramon pela esquerda tinham que não só atacar com a bola, mas voltar acompanhando as descidas de Toninho e Júnior.

Enquanto isso, precisando da vitória, Coutinho escalou o seu Fla em um 4-2-2-2. Carpeggiani e Adílio marcavam e davam qualidade a saída de bola. Zico e Tita armavam o jogo e Marcinho e Cléber jogavam mais a frente. Na teoria, o fla era mais time. A vantagem do empate, contudo, igualava a partida.

E o Flamengo assustou logo aos dois minutos. Marcinho cobrou escanteio e Zico, sozinho, cabeceou para boa defesa de Leão. Aos 7, Guina avançou pela direita e cruzou na segunda trave, onde estava Ramon. O ponta esquerda tentou cabecear direto para o gol ao invés de ajeitar para Roberto que vinha sozinho, de frente para a meta e perdeu boa chance.

O rubro-negro parecia nervoso. Errava passes na saída de bola e cometia muitas faltas. Mesmo assim, o craque sempre aparece. Aos 15, Zico dividiu com Helinho, caiu, levantou, passou por dois marcadores e bateu firme. Mais uma vez Leão (que ainda não havia sido derrotado uma única vez desde que deixou o Palmeiras e chegou ao Vasco) não deu nem rebote. Helinho marcava, ou tentava, o camisa 10 quase que individualmente. Toda vez que era driblado, o volante vascaíno cometia a falta e parava o lance.

Aos 23, Tita roubou a bola de Marco Antônio, passou como quis pelo lateral vascaíno e chutou forte para a área. Gaúcho tentou afastar, pegou na orelha da bola e obrigou Leão a fazer uma grande defesa, de puro refelexo, espalmando a escanteio. Apesar dessa jogada, o fla pecava por jogar demais pelo meio e esquecer as pontas.

Aos 38, Marco Antônio deum uma pregada em Marcinho e recebeu o primeiro amarelo da partida. Aos 44, Zico teve uma boa chance de abrir o marcador depois de uma cabecada de Cléber, mas acabou pegando mal e a bola saiu fraca para as mãos de Leão. Aos 45, Roberto levou a bola, passou por Manguito mas também bateu fraco Cantarelli defendeu com facilidade.

No final de um primeiro tempo muito mais marcado do que jogado, o Flamengo foi ligeiramente superior ao Vasco, criando três chances, contra duas do time de São Januário.

Segundo Tempo
O Vasco voltou com uma alteração do intervalo. Paulinho, vice-artilheiro do time na competição, entrava na vaga de Ramon. E quase que a substituição já deu resultado aos três minutos. Wilsinho cruzou da direita e Paulinho desviou com perigo para Cantarelli.

O jogo estava mais a feição do time de Fantoni. O Fla se abria mais, pela obrigação de vencer o jogo e dava espaços para os contra-ataques, agora mais perigosos com a presença de Paulinho. Aos 14, se não fosse um erro clamoroso do auxiliar, o Vasco poderia ter saído na frente. Paulinho avançou e lançou para ele mesmo no ponto futuro. Roberto estava impedido, mas não participou do lance. Mesmo assim, José Roberto Wright atendeu a marcação do seu bandeira e assinalou o fora de jogo.

Aos 17, Guina recebeu um cartão amarelo, ao reclamar de uma falta marcada a favor do rubro-negro. Aos 22, Eli Carlos entrou na vaga de Cléber. Com isso, Zico passou a jogar quase que como centroavante, abriu Marcinho pela direita e Tita pela esquerda. Eli passou a armar o jogo no lugar do galinho. Cláudio Adão estava fazendo muita falta.

Aos 25, Zico tabelou com Adílio, recebeu na frente e chutou para grande defesa do goleiro do Vasco e da seleção brasileira. No rebote, Tita isolou. Era a primeira chance de gol rubro-negra na etapa final. Na sequência do lance, Leão recebeu cartão amarelo, por retardar o jogo.

Aos 29, novamente Zico apareceu na grande área e foi travado por Abel, na sobra, Toninho finalizou de primeira, a bola explodiu em Orlando e saiu para escanteio. Na base da vontade, o Flamengo melhorava.

Percebendo que o rival melhorava no jogo, Fantoni sacou o ponta direita Wilsinho e colocou o volante Paulo César. Faltando apenas 14 minutos, era normal que o Vasco se precavesse.

Aos 34, Guina que até então pouco havia aparecido no segundo tempo, deixou Roberto em boas condições. O artilheiro bateu de pé esquerdo e Cantarelli mandou para escanteio.

O fla se mandava todo na tentativa do gol salvador. Aos 38, Roberto ganhou de Rondinelli e serviu Paulinho, sozinho na área. O ponteiro chutou de canela e perdeu a melhor oportunidade do jogo até aquele momento. A resposta do mengo veio no minuto seguinte, duas vezes com Tita. Na primeira ele cortou da esquerda para o meio e bateu firme. Leão deu rebote. A bola sobrou para Marcinho que cruzou e novamente Tita cabeceou para fora, com perigo.

Aos 41, o lance que marcou uma geração. Júnior cruzou, Marco Antônio estava sozinho mas mesmo assim se precipitou e mandou a bola para escanteio. Zico, que não costumava cobrar, se encaminhou para lá e cruzou na cabeça de Rondinelli, que subiu entre Roberto e Abel para testar firme, sem chance para Leão. O Flamengo se aproximava da conquista do campeonato carioca.

Aos 44, Coutinho reforçou a sua marcação ao tirar Tita e colocar Alberto Lequelé. Zico levou o seu amarelo ao isolar uma bola depois da falta marcada. Paulinho perdeu mais uma chance ao chutar para segura defesa de Cantarelli.

Aos 46, Zico e Guina se agrediram e acabaram expulsos. O jogo ficou parado por conta da confusão por mais de seis minutos, com direito a invasão do gramado, por parte de jornalistas e de sumiço das bolas.

No fim das contas, deu a lógica. O melhor time venceu. Era o começo da Era de ouro do Flamengo, campeão carioca de 1978. Para o cometarista da Rede Globo, J.Ávila "venceu o time que buscou o jogo. O Vasco se defendeu por 86 minutos. Mas a vitória foi justa e o título merecido."

Abaixo, como de costume, o vídeo com o compacto da partida. Até breve com outros jogos históricos do futebol brasileiro e mundial.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Vasco 2x0 Fluminense Carioca de 78




O segundo turno estava muito mais disputado que o primeiro. Nas nove primeiras rodadas, o Vasco havua vencido todos os seus jogos. Mesmo assim, o líder provisório era o Flamengo, que já havia jogado pela décima rodada e derrotado o Olaria, por 2x0, com gols de Zico e Tita.

O rubro-negro, que só tinha empatado uma partida tinha 19 pontos, contra 18 do Vasco. Sendo assim, o clássico contra o Fluminense, válido pela décima rodada era fundamental para o campeonato. Na última rodada, Fla e Vasco se enfrentariam para decidir quem conquistaria o segundo turno. O trioclor, com 16 pontos, tinha que vencer para manter as suas chances de conquistar o turno.

So o time de São Januário derrotasse o Fluminense, jogaria pele empate. E se perdesse, teria que vencer seu maior rival (lembrando que o mengo já havia conquistado a Taça Guanabara e portanto, se vencesse também o segundo turno, seria o campeão carioca de 78)

Foi nesse clima de tensão que cruzmaltinos e tricolores entraram no Maracanã, no dia 26 de novembro de 1978 para esta partida decisiva.

Até pela necessidade maior da vitória, o tricolor começou pressionando mais. Contudo, Abel e Gaúcho neutralizavam bem todas as investidas. As equipes estavam visivelmente nervosas e erravam passes em excesso.

O gol acabou saindo mais cedo do que se imaginava. Aos 11 Guina drilou Pintinho, foi a linha de fundo e centrou (a bola pareceu ter cruzado a linha e saido)na cabeça de Roberto, que marcou 1x0.

Aos 15, Marco Antônio cruzou da esquerda, Paulinho furou, a bola bateu em Tadeu e voltou para Paulinho ajeitar para Paulo Roberto, que só teve o trabalho de desviar de Wendell. Com 2x0, o Vasco praticamente matava o jogo.

O jogo era truncado demais. Tadeu deu um soco em Paulo Roberto e Arnaldo César Coelho não mostrou nem cartão amarelo. O Fluminense esbarrava na ótima atuação da defesa vascaína e nada criou no primeiro tempo. A única chance de gol do flu só poderia vir mesmo de uma bola parada. Marinho cobrou falta magistralmente, mas a bola bateu na trave, com Leão já completamente batido.
Segundo Tempo
O Fluminense voltou com duas alterações do intervalo. Zezé na vaga de Doval e Renato no lugar de Wendell. E o tricolor assustou novamente através do lateral Marinho, que arriscou de longe para Leão espalmar a escanteio.

O Vasco estava mais recuado.Mário, após cobrança de escanteio, cabeceou sozinho e Leão fez grande defesa, na bas do reflexo. Na continuação da jogada, o contra ataque do Vasco quase foi fatal mas Paulinho acabou batendo em cima de Renato.

Novamente, o Fluminense assustou na bola parada. Marinho centrou a bola. A zaga afastou e no rebote, Cléber acertou um balaço que venceu Leão mas encontrou o pé de Marco Antônio em cima da linha para salvar.

Com a vitória, o Vasco eliminou o Fluminense e passou a precisar apenas de um empate na última rodada, contra o Flamengo.

Abaixo, o vídeo com o compacto deste jogo. Até a próxima, com esse Flamengo x Vasco qu decidiu o campeonato carioca de 1978

sábado, 26 de novembro de 2011

Flamengo 4x0 Fluminense Carioca de 1978




Flamengo 4x0 Fluminense
Data 05-11-1978 Local Maracanã Público39.101 Árbitro Valquir Pimentel
Gols Zico, aos 29, Claudio Adão, aos 44 e Zico, aos 45 do primeiro tempo. Claudio Adão, aos 31 do segundo tempo.
Flamengo Cantarelli, Toninho, Manguito, Nélson e Júnior, Carpeggiani, Adílio (Alberto Leguelé) e Zico (Ramirez), Marcinho, Claudio Adão e Tita
Fluminense Wendell, Miranda, Tadeu, Edinho e Carlinhos (Isidoro), Pintinho, Cléber (Rubens Galaxe) e Mário, Fumanchu, Nunes e Doval

A partida era válida pela quarta rodada do segundo turno. O líder até então era o Vasco, com 8 pontos. O Flamengo era o vice-líder, pois vencera o América (2x1), o Campo Grande (5x2) e tropeçara diante do Madureira (2x2), em Moça Bonita. Além disso, o jogo acontecia apenas 20 dias depois de o Fluminense ter carimbado a faixa de campeão da Taça Guanabara do Fla. O rubro-negro entrou mordido em campo. Era hora de vingança. Era a hora de dar o troco naquela que seria aúnica derrota do time no campeonato carioca de 78.

Primeiro Tempo
O começo da partida mostrava como o time de Coutinho estava ligado. Com marcação adiantada, dificultava a saída de bola tricolor. Adão era o único atacante. Marcinho pela direita e Tita pela esquerda ocupavam o lado do campo, enquanto Carpeggiani era o volante pensador e Zico e Adílio completavam o meio de campo. Em números, era um 4-1-4-1 para compactar mais a equipe, Adílio e Zico voltavam mais para buscar a bola e se juntar a Tita e Marcinho, formando então a linha de quatro jogadores no meio campo mais avançado.

Os primeiros arremates a gol, mesmo que sem perigo algum, foram do Fluminense. Nunes caía pela esquerda e levava vantagem sobre Toninho. Em 10 minutos, o centroavante finalizou duas vezes.

A pressão no campo de ataque dava resultado para o fla. Foram várias bolas recuperadas. O problema era o último passe. Quando finalmente acertou aos 29, foi bola na rede. Zico recebeu de Tita, tabelou com Cláudio Adão e bateu para vencer Wendell.

A chuva caia forte no Maraca. Deixava os jogadores enxarcados mas não esfriava o ânimo rubro-negro. Júnior deu um balão em Mário. Marcinho ganhava todas de Carlinhos. Adílio, Tita e Carpeggiani comandavam o meio de campo.

Aos 37, Júnior tabelou com Adílio e sofreu penalti não marcado por Valquir Pimentel.Tita começou a se movimentar mais por dentro e abriu o corredor esquerdo para o lateral esquerdo avançar com a qualidade que lhe era peculiar.

Aos 44, Zico que estava sumido do jogo, deu passe para Capeggiani aparecer como se fosse um camisa 10. O passe de primeira foi brilhante e deixou Cláudio Adão sozinho, nas costas da zaga. O artilheiro só teve o trabalho de bater na saída de Wendell. 2x0.

Um minuto depois, Toninho recebeu de Marcinho e deu passe para Zico. O galinho bateu de primeira e Wendell deixou a bola passar por baixo do seu corpo. 3x0. E era só o primeiro tempo.

Segundo Tempo
O Flamengo poderia se acomodar com a vantagem obtida nos primeiros 45 minutos. Não foi isso o que aconteceu. Adílio teve que ser substituido no intervalo por Alberto
Leguelé que deu uma mão a Carpeggiani mais atrás, liberando ainda mais o brilhante camisa 6 e dando ainda mais liberdade para Tita, Marcinho, Zico e Adão infernizarem a vida defesa tricolor.

Com toda essa proteção, o hoje técnico desempregado Carpeggiani quase marcou seu gol, ao bater de fora da área para boa defesa de Wendell. Seria um prêmio a sua grande atuação.

O Flamengo desperdiçava oportunidades. Zico prendeu demais a bola em um contra ataque de três contra dois. Perdeu a chance e teve que deixar o gramado, contundido no joelho.

O Fluminense se desesperava e se desorganizava. Edinho passou a ir a frente loucamente. Nunes, Mário e Fumanchu não viam a cor da bola. Apenas Pintinho mantinha sua habitual regularidade e tentava, em vão, organizar o desestruturado time tricolor.

O rubro-negro chegava a merecida goleada após mais uma trama envolvente de seu ataque. Toninho recebeu de Tita, deu a Carpeggiani que devolveu ao lateral. Este bateu. Wendell defendeu, mas a bola sobrou para Cláudio Adão marcar o quarto.

A coisa andava tão fácil que até o zagueiro Nélson se aventurava no ataque. Ele tabelou com Júnior. O lateral recebeu como se fosse um meia direita e bateu forte. Wendell espalmou com muita dificuldade a escanteio.

A vingança demorou exatos 20 dias para acontecer. Mas veio de forma brilhante. Com a goleada, o Flamengo seguia apenas um ponto atrás do Vasco, na sua perseguição para vencer também o returno e evitar uma final.

Abaixo, o vídeo desta partida. Em breve, retorno com Vasco 2x0 Fluminense, jogo da penúltima rodada do segundo turno do campeonato carioca de 78.

Vasco 2x1 Botafogo Carioca 1978




Esta partida foi válida pela terceira rodada do segundo turno. O Flamengo já havia vencido a Taça Guanabara e, portanto, já estava qualificado para a decisão do campeonato.

O Vasco começou com tudo. Em menos de quatro minutos, Guina e Roberto já haviam obrigado o goleiro Zé Carlos a praticar grandes defesas. A defesa alvinegra se postava muito mal. Renê e Osmar não se entendiam. Para completar, Perivaldo estava numa jornada infeliz.

Aos 16, não houve como segurar. Perivaldo cortou mal a bola, que bateu em Guina e sobrou para Dinamite bater fraco. Ramon ainda tentou desviar, mas não a alacançou e ela foi rolando mansamente para o fundo do gol. Era o oitavo gol de Dinamite no campeonato de 78.

A pressão cruzmaltina não diminuia. Marco Antônio e Ramon faziam dois em um contra um já perdido Perivaldo, que ainda não contava com a ajuda de algum volante. Na frente, Mendonça não organizava o time e Dé e Luisinho não se achavam em campo. Nem parecia que o Bota vinha de duas vitórias na competição.

Os laterais alvinegros seguiam sem marcar ninguém. Wilsinho foi a linha de fundo e cruzou. O ponta esquerda Ramon fazia as vezes de centroavante e, sozinho, cabeceou para baixo. A bola caprichosamente bateu no travessão.

Depois de quatro chances claras desperdiçadas, a velha máxima do futebol de quem não faz leva, mostrou-se mais uma verdadeira. Aos Wexley deu grande passe para Dé, que penetrou entre Gaúcho e Marco Antônio e bateu meio prensado com o gramado. A bola subiu mais do que Leão esperava e entrou. O empate era injusto, porém real.

Segundo Tempo
O empate no final da primeira etapa parecia ter motivado o Bota. Perivaldo cobrou um escanteio, Abel a fastou e Gil pegou o reobte de primeira, com a perna ruim (a esquerda) a bola explodiu no travessão de Leão, que nada poderia fazer.

A chance seguinte foi do Vasco, com a ajuda do então árbitro Arnaldo César Coelho. Ele deixou de dar uma falta em Roberto e duas soladas de Marco Antônio. Na sequência, o lateral tricampeão do mundo foi a linha de fundo e cruzou para Ramon, de novo como centroavante, desviar para fora, de dentro da pequena área. O dia realmente parecia que não seria do ponteiro vascaino.

O jogo era mais equilibrado. Dé arrancou pela ponta direita, passou por Gaúcho e cruzou na medida para Luisinho, que tentou acertar o contrapé de Leão, mas mandou a bola para fora.

Mendonça finalmente mostrou toda categoria que tinha. Deu um balão em Paulo Roberto e fez um lançamento de 40 metros para Gil. O ponteiro tentou, de cabeça, encobrir Leão, que estava adiantado. A esta altura, o Botafogo era mais time e já merecia uma sorte melhor.

Mais pressão alvinegra. Depois de cruzamentos de Rodrigues Neto e Dé e da bola afastada por Orlando, Ademir Lobo pegou a sobra e bateu de primeira. A pelota ainda desviou em Abel e passou raspando a meta de um Leão que mancava, com problema no tornozelo direito.

Porém, no último minuto de jogo, outro ditado popular surgiu para dar a vitória ao Vasco. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Assim como levou o gol no fim da primeira etapa, o time de São Januário marcou o seu na etapa complementar. Wilsinho chutou de longe, a bola bateu em Renê e sobrou para Paulinho que errou a primeira conclusão e só conseguiu marcar na segunda. E não haveria tempo para mais nada, pois Arnaldo encerrou a partida.

Depois de 6 chances do Vasco contra 5 do Botafogo e um tempo de domínio claro para cada equipe, o resultado mais justo teria sido o empate.

Curtam abaixo o vídeo com os melhores lances da partida e em breve voltaremos com mais uma partida do campeonato carioca de 1978

Flamengo 0x2 Fluminense ùltima rodada da Taça Guanabara de 1978

Flamengo 0x2 Fluminense
Décima primeira e última rodada da Taça Guanabara do Campeonato Carioca de 1978
Data 15/10/1978 Local Maracanã Público 83.676 Árbitro Luís Carlos Félix
Gols Fumanchu, de pênalti aos 40 e Nunes aos 45 do segundo tempo
Flamengo Raul, Toninho, Manguito, Nélson e Júnior, Carpeggiani, Adílio e Zico, Tita, Cláudio Adão e Cléber (Leandro)
Fluminense Renato, Miranda, Tadeu, Edinho e Carlinhos, Pintinho, Cléber (Rubens Galaxe) e Mário (Zezé), Fumanchu, Nunes e Doval

A partida tinha ares de decisão. O Flamengo chegava a última rodada podendo até ser derrotado por quatro gols de diferença que mesmo assim seria o campeão do primeiro turno. Na véspera, Botafogo (que poderia ter ultrapassado o Rubro-negro), apenas empatou com o Vasco em 2x2.

Com isto, Flamengo e Botafogo tinham 17 pontos e Fluminense e Vasco 15. Porém, o Tricolor para ganhar o título teria que golear por 4 gols de diferença. A volta olímpica estava nos pés dos comandados por Cáudio Coutinho.

A torcida do Fla era imensa maioria no Maracanã. Se já era difícil aquele time perder, imagina por goleada. Logo no começo da partida uma pegada forte de Toninho em Mário mostrou que o time estava ligado no jogo.

Mesmo com a vantagem, foi o rubro-negro quem começou no ataque. Usando o seu toque de bola, o time mantinha a posse e não deixava o Flu jogar. E a primeira chance não tardou a aparecer. Nunes, que já se movimentava pelos lados (o que seria consagrado no próprio Flamengo alguns anos depois) abriu pela direita mas acabou se enrolando com Fumanchu. Júnior saiu com a costumeira habilidade e lançou Cléber, que deu a Zico na meia direita. O galinho chutou forte, de fora da área e Renato espalmou a escanteio.
No minuto seguinte, Zico deixou Adílio na cara do goleiro. O gol só não saiu porque Tadeu conseguiu travar o arremate.

O Flamengo jogava no esquema habitual de Coutinho. 4-1-3-2, com Carpeggiani organizando o jogo de trás, Tita mais pela direita, Zico centralizado e Adílio mais a esquerda. No ataque Cléber caía também pelo lado esquerdo e Adão era o atacante que sabia como ninguém sair da área para tabelar.

O tricolor bem mais limitado tecnicamente, se postava em um 4-2-2-2, com Pintinho organizando o jogo e Cléber mais na marcação. Doval abria pela esquerda e Mário tentava dar criatividade ao time que contava ainda com Fumanchu (esquecido pela direita no começo da partida) e Nunes que se mexia por todo o ataque. A proposta de ambos os treinadores era parecida. O centroavante teria que sair do comando do ataque para liberar espaço para quem vem de trás.

Como tinha mais jogadores caindo pela esquerda, era natural que o flu tentasse chegar por lá. E a primeira chance de gol aconteceu quando Mário chegou a linha de fundo, cortou Toninho e cruzou para o lateral Carlinhos, na diagonal, bater para fora.
O jogo era morno. Justamente como queria e interessava ao Fla. O Fluminense atacava mais. Fumanchu combinou bem com Miranda pela direita. O auxiliar levantou a bandeira (equivocadamente), mas o árbitro, Luís Carlos Félix não confirmou a marcação. Para desespero de sua torcida, o centro acabou passando por todo mundo e saiu na linha lateral.

O rubro-negro voltou a assustar em uma cobrança de falta de Zico, que passou perto .A resposta tricolor veio na mesma moeda. A bola foi rolada para Edinho que da intermediária soltou uma bomba que Raul teve que se virar para defender em dois tempos.
Os últimos minutos do primeiro tempo eram mais do Fluminense. Fumanchu cansou de esperar a bola pela direita e apareceu na meia esquerda. De lá, bateu rasteiro, num tiro que passou zunindo a trave de Raul.

O primeiro tempo chegou ao fim, com um Flamengo acomodado com a imensa vantagem e um Fluminense que, mesmo tendo sido superior (foram 3 chances tricolores contra 2 rubro-negras) não mostrava força suficiente para chegar a goleada. Aliás, em um protesto bem humorado, os torcedores do flu perguntavam no intervalo onde estaria o campeão, em uma alusão ao fraco desempenho rubro-negro até aquele momento
Segundo tempo


O Flamengo voltou do intervalo com Leandro no lugar de Cléber. Com isso, Tita passou a jogar mais pela esquerda, onde estava Cléber, Toninho passou a ocupar a direita, onde estava Tita e Leandro entrou na sua, na lateral-direita.

A alteração deu resultado logo. Leandro se livrou de dois marcadores e lançou Toninho que cruzou para Cláudio Adão ajeitar para Zico, que vinha de frente. O galinho bateu forte, de primeira e assustou o goleiro Renato. Leandro se entendia as mil maravilhas com Toninho enquanto Tita dava uma mão a Júnior na marcação de Fumanchu. Nem parecia o mesmo time que deixou o campo vaiado no primeiro tempo.

Em seguida, Zico desperdiçou excelente contra-ataque ao prender demais a bola. O Flamengo voltava bem melhor e a torcida já se animava e passava a gritar mengo, mengo!
Se nos primeiros 45 minutos, o Fluminense praticamente só atacou pela esquerda, o panorama se inverteu na etapa final. O time passou a forçar as jogadas quase que exclusivamente pela direita, mas Coutinho já tinha o antídodo, com Tita ajudando Júnior daquele lado e com o recuo de Adílio para jogar como volante pela esquerda ao lado de Carpeggiani. Era um 4-2-3-1.

O tricolor tentou ser mais ofensivo, trocando Cléber por Rubens Galaxe e Mário por Zezé. Ficava claro que o objetivo era tentar jogar mais pela abandonada e esquecida esquerda, com um ponta autêntico e driblador como Zezé em cima do jovem e inexperiente Leandro.

Eram outros tempos mesmo. Aos 38, o lateral Carlinhos deu uma chegada forte em Toninho. Hoje em dia, ela seria punida com cartão vermelho direto. Em 78, nem amarelo mostrou o árbitro.

Quando o Flamengo já se acomodava com o resultado e a torcida já gritava é campeão, Nunes lançou Edinho que veio de trás, no buraco entre Leandro e Manguito, driblou Raul e foi derrubado pelo goleiro rubro-negro. Fumanchu bateu bem, deslocando o experiente camisa 1. Foi o suficiente para as provocações da torcida tricolor reaparecerem.
O gol pareceu acender o flu. Nunes deu um chute venenoso que Raul teve trabalho para espalmar para escanteio. Nos acréscimos, Pintinho cruzou, Raul falhou feio ao soltar a bola na cabeça de Nunes que marcou o segundo.

Estava decretada a primeira derrota do mengo na Taça Guanabara. O título, no entanto, era inquestionável. Para o comentarista da TV Globo, J.Ávila, a conquista era totalmente justa, pois o time venceu com facilidade os pequenos, empatou com Vasco e Botafogo e perdeu quando podia perder. A comemoração da conquista foi bem xoxa. O fla não parecia que havia se sagrado campeão. Os jogadores queriam ter mantido a invencibilidade. O que eles não imaginavam era que a aquela Taça Guanabara seria a primeira das inúmeras conquistas daquele time maravilhoso.

Depois de três chances para o tricolor na etapa final e apenas uma para o Fla (6x3 para o Fluminense no total), chega-se a conclusão que o resultado da partida também foi inteiramente justo.

Espero que tenham gostado dessa nova série do futebolacervo e em breve voltaremos com mais um jogo.


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