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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Campeonato Paulista de 1905- Enfim, Paulistano! Parte 1



O Campeonato

O Paulistano havia sido por três vezes consecutivas, vice-campeão do campeonato paulista. Entretanto, em 1904, o time mostrou-se mais forte do que o habitual. Seu Presidente, Numa de Oliveira, sabia que tinha o melhor time do estado nas mãos. Além disso, transformou o Velódromo em um moderno complexo polidesportivo, com a inauguração de três quadras de tênis e a reforma e pintura das arquibancadas.

Com essa estrutura e o seu rival, o tricampeão São Paulo Athletic com jogadores envelhecidos, não foi difícil para o Paulistano enfim, conquistar o campeonato. Aliás, o certame teve a disputa de um novo troféu, a Taça Penteado, oferecida pelo industrial Antônio Alvares Penteado (como tri, o São Paulo conquistou em definitivo a antiga, a Taça Casemiro da Costa).

O torneio em si, teve um passeio do Paulistano. O título foi assegurado, com três pontos de vantagem sobre o Germânia. O fato que mais marcou o certame de 1905 foi a dissidência dentro d elenco campeão. Com o campeonato praticamente garatido, Jorge Mesquita exigiu ser nomeado capitão da equipe, para ter a honra de levantar a taça. Acontece que o posto pertencia a Guilherme Rubião, que não aceitou a exigência. Diante do impasse, Mesquita e outros jogadores abandonaram o Paulistano e foram reforçar o AA das Palmeiras, lanterna da competição.

Leopoldo Santana, em seu livro O futebol de São Paulo, relata essa história. A cisão do Paulistano deu-se em outubro de 1905, quando
o clube era presidido pelo sr. Numa de Oliveira, que tinha como auxiliares Antonio Prado Júnior e Luis Fonseca.
O que provocou a grande questio, que agitou os centros esportivos, foi a rebeldia do sr. Jorge Mesquita ao se insurgir contra os diretores.
O primeiro time do Paulistano estava na liderança, sendo certa a conquista da taça.Querendo ter a honra de receber o troféu,o sr. Jorge Mesquita exigiu a sua indicação para capitão da equipe, posto que pertencia ao sr. Guilherme Rubião.
A diretoria nao atendeu aquela exigencia e, numa tentativa para contornar o problema, ofereceu o posto ao sr. Jose Rubião, que declinou do convite. Um tanto embaraçados, os diretores se reuniram numa tarde, no Velódromo Paulistano, para tratar do caso e quando esta reunião estava pelo meio, o sr. Jorge Mesquita entrou na sala e começou a tomar parte nos debates, irritando os dirigentes ali presentes.
O sr. Numa de Oliveira convidou-o, então, a retirar-se do local, o que fez Jorge Mesquita sob protesto, ganhando de imediato a solidariedade dos srs. Jose Rubião, Raul Guimarães, Mario Egidio, Urbano de Morais, Plinio Rubiaão e outros. Todos eles deixaram o Paulistano e foram reforçar a A.A. das Palmeiras, que estava em último lugar no campeonato.

O livro oficial do Paulistano, editado quando o cube completou 70 anos, descreveu assim o problema ocorrido. "1905. Fim de campeonato. Desentendem-se JorgeMesquita, 'captain'do time e a diretoria presidida por Numa de Oliveira.
Mesquita retira-se do clube alegando falta de apoio da diretoria ao seu trabalho, acusando-a de interferir na escalação antes das
partidas. Os melhores devem ser escalados para jogar - diz ele - e não os preferidos.
Os demais jogadores não veem outra saída: em solidariedade ao líder da equipe, retiram-se também do Paulistano.
Filiam-se todos a AA. das Palmeiras, time que vinha de clubes de rua, da familia Leflvre, Collet e outros.
Os dissidentes deram relevo ao clube a que se filiaram. A AA. das Palmeiras ganhou
os campeões de futebol e o Paulistano ganhou um rival. O Paulistano entrou em crise e teve de lutar para recuperar sua antiga posição e novos sócios porque muitos deles acompanharam Rubião, Sampaio, Mesquita, Miranda e outros.

Curiosidades

As regras oficiais da Liga Paulista diziam que o travessão deveria estar a 2,40m do chão, e não 2,44m como hoje em dia.

O Mackezie inovou no uniforme. Camisas vermelhas, calções brancos e gravatas brancas.

O AA das Palmeiras jogava contra o Germânia. O primeiro tempo correu dentro da normalidade, com empate em um a um. Quando Friese marcou o segundo tento para o Germânia, o goleiro Hugo e seus defensores ficaram discutindo de quem teria sido a culpa do gol sofrido. Tendo sido apontado pelo restante da equipe como responsável, Hugo tomou uma atitude inusitada para protestar. Ele simpelsmente encostou na trave e cruzou os braços, deixando que todas as bolas chutadas pelo adversário, entrassem. Com isso, o placar final foi de 7x1 para o Germânia.

Rádio Futbolleiros