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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A Era de Ouro do Flamengo Parte 6- O Campeonato Carioca de 78


Campeonato Carioca de 1978

Primeiro Turno

O grande reforço do Flamengo na estréia do Carioca era a volta de Zico. Coutinho estava preocupado com o primeiro adversário, um São Cristovão reforçado por jogadores do Cruzeiro. O temor não foi confirmado dentro das quatro linhas. Uma goleada por 6 a 0, levantou o moral da equipe e a confiança dos torcedores. Zico (2), Cláudio Adão (2), Cléber e Adílio marcaram.

Em todas as entrevistas, Coutinho fazia questão de dizer que a disposição ofensiva mostrada pelo time seria mantida. O segundo compromisso provou que ele estava certo. Novo massacre, dessa vez sobre o Campo Grande, por 5 a 0. Cláudio Adão, recuperando seu melhor futebol, marcou três vezes e isolou-se na liderança da tábua de artilheiros. Zico e Júnior completaram o marcador.

Na terceira rodada o oponente foi o Madureira. Para a Comissão técnica rubro-negra, a equipe de Conselheiro Galvão era disparada a melhor entre os chamados pequenos. E realmente, o confronto não foi nada fácil. O herói da vitória foi Cláudio Adão, autor de ambos os gols da partida. Placar final, Flamengo 2 a 1. Apesar de mais dois pontos conquistados, o saldo não foi positivo para o fla. Raul, Tita e Cléber lesionaram-se e ficaram de fora do jogo contra a Portuguesa.

Mesmo sem jogar bem, o mengo seguiu vencendo. Para Coutinho, os desfalques pesaram e foram o motivo para o jogo ruim. O 2 a 0, com gols de Dori (contra) e Adílio foram o suficiente para a atuação burocrática. Pior, Adílio e Alberto eram os novos machucados.
Na quinta rodada, o primeiro clássico. Diante do Vasco e com vários desfalques, o treinador foi obrigado a escalar o ponta direita João Carlos, recém chegado do Esportivo de Bento Gonçalves como titular. A partida não foi boa. O empate sem gols manteve o fla na liderança, mas a queda de produção já começava a preocupar o “Capitão”.

Aproveitando-se que não haveria compromisso no meio de semana, Coutinho tratou de trabalhar a parte técnica e os treinamentos coletivos. No primeiro, goleada de 4 a 0 dos titulares sobre os reservas, gols de Zico (2), Cláudio Adão e João Carlos. No segundo, placar apertado, de 1 a 0, gol de Adão.
A equipe respondeu bem aos treinamentos. Derrotou o Bangu, em Moça Bonita, por 3 a 0, gols de Zico (2) e Cláudio Adão. A atuação deixou Coutinho entusiasmado. No meio de semana, o rubro-negro foi até Salvador, enfrentar o Bahia. O amistoso era parte do pagamento do passe de Osni, vendido ao tricolor da boa terra. A derrota de 2 a 1 foi considerada normal. Getúlio marcou o tento carioca.

Nos bastidores, era intensa a busca da Diretoria por um ponta esquerda. Nomes como Éder, então no Grêmio, Joãozinho, do Cruzeiro e Jéssum, do Bahia apareciam como prováveis reforços. O desespero era tão grande para contratar alguém que o treinador cogitava escalar Vanderlei (Luxemburgo) ou o jovem Leandro na posição. As duas alternativas foram testadas no coletivo. Na primeira parte, com Vanderlei, vitória de 4 a 1 dos titulares, com quatro gols de Zico, contra um de Tião. Com Leandro, o desempenho foi pior e o triunfo foi só de 2 a 1, com Cláudio Adão marcando para os titulares e Anselmo descontando. Estava decidido. Vanderlei jogaria na ponta esquerda.

A sétima rodada marcava o clássico diante do América, adversário sempre perigoso e que não perdia para o Flamengo fazia algum tempo. Para variar, o mengo tropeçou. 2 a 2, tentos de Toninho e Cláudio Adão. A sorte era que os adversários também estavam tropeçando e o time da Gávea mantinha a liderança.

O próximo oponente foi o Olaria. Goleada de 5 a 0, gols de Cláudio Adão (2), Adílio (2) e Nélson. No domingo, clássico frente ao Botafogo. Com os desfalques rubro-negros, Tião foi jogar na ponta direita e Vanderlei mantido na esquerda. A igualdade em um gol foi suficiente para que o fla mantivesse a liderança. O gol foi de Cláudio Adão.

Flamengo 1x1 Botafogo

Com problemas nas pontas e sabendo que o empate seria um ótimo resultado, o Flamengo começou a partida de maneira cautelosa. Até porque nem Tião, nem Vanderlei conseguiam levar vantagem pelas extremas. Tanto que o primeiro Tito perigoso foi dado pelo zagueiro Manguito.
E foi num contra ataque que o rubro-negro abriu o marcador. Perivaldo errou um passe simples e a bola caiu justamente nos pés de Zico. O galinho, com sua incrível visão de jogo lançou o artilheiro Claudio Adão em velocidade, no meio da zaga alvinegra. O camisa nove só teve o trabalho de driblar o goleiro e tocar para as redes vazias. Flamengo um a zero.

O Botafogo respondeu em seguida. Perivaldo centrou na área. Nelson afastou mal e Luisinho, de primeira, mandou um balaço no ângulo esquerdo. Raul mostrou toda sua categoria e fez uma excepcional defesa, conseguindo desviar para escanteio.

O gol de empate do alvinegro veio ainda no primeiro tempo. Manguito cometeu jogo perigoso dentro da área. Na cobrança, a bola foi rolada para Mendonça, que bateu colocado. Raul, sem enxergar nada por conta do número de jogadores a sua frente, nada pode fazer além de observar a bola bater na sua trave esquerda e entrar de mansinho. Um a um.

O Flamengo não voltou bem para a etapa final. Coutinho tentou mexer na ponta direita, sacando Tião e colocando Tita em seu lugar. A intenção era dar um pouco mais de velocidade por aquele setor. E foi justamente com ele que saiu a primeira oportunidade de gol da segunda etapa. Toninho, deslocado pela esquerda tocou para Adílio. O neguinho bom de bola só rolou de lado para Tita, que penetrava em velocidade. O chute saiu forte, de primeira, dando trabalho para o goleiro Zé Carlos.

Mais uma vez, o alvinegro respondeu a altura. Mendonça cobrou falta da meia direita. A bola desviou em Júnior. Nelson furou e Manguito cortou mal. Na sobra, Paulo César Caju bateu. A pelota voltou a desviar em Manguito e quase traiu Raul, que fez uma defesa de puro reflexo, com os pés. A sobra ficou novamente para Mendonça que, da risca da pequena área, conseguiu mandar por sobre a meta. Sufoco para o líder do turno!
Faltando cinco minutos para o término da partida, Rodrigues Neto reclamou de um pé alto marcado dentro da área da equipe de General Severiano e acabou sendo expulso pelo árbitro José Roberto Wright. Na cobrança, Zico não teve a mesma sorte de Mendonça e só conseguiu arrumar um escanteio.
Sem tempo para impor sua vantagem numérica e satisfeito com a igualdade, o Flamengo não forçou mais o ritmo. Afinal, o rubro-negro somava 15 pontos, contra 14 do próprio Botafogo e mantinha-se na liderança da competição.

Com os resultados da penúltima rodada, um triunfo do Flamengo diante do Bonsucesso praticamente asseguraria a conquista do primeiro turno. O placar de 3 a 0 fez jus ao domínio da equipe de maior categoria. Tita, Zico e Cláudio Adão foram os autores dos gols.
Só o Fluminense, da dupla de ataque vinda do Santa Cruz, Fumanchu e Nunes poderia tirar o caneco da Gávea. Para isso, precisava derrotar o Flamengo por 5 gols de diferença. Uma tarefa mais do que ingrata para os tricolores.

Flamengo 0x2 Fluminense

Com seus já conhecidos problemas nas extremas, Coutinho jogava o clássico decisivo com Tita ma direita e Cléber na esquerda. Como nenhum dos dois era especialista na posição, persistiam as falhas.

Mesmo recuado, o primeiro bom momento da partida foi do rubro-negro. Júnior lançou Claudio Adão, que sofreu falta de Tadeu. Como a bola sobrou com Cléber, o árbitro Luis Carlos Félix deu a lei da vantagem. Cléber carregou a bola, derivando da ponta para o meio e achou Zico na meia direita. O remate do galinho saiu forte e Renato teve muitas dificuldades para desviar a escanteio.

O tricolor respondeu com uma jogada pela esquerda. Carlinhos lançou o ponteiro Mário, que fez boa jogada individual, foi a linha de fundo e rolou de volta para Carlinhos. O lateral teve tempo de dominar e ajeitar o corpo antes de finalizar com perigo para Raul.

A verdade é que o jogo estava da maneira como o Flamengo queria: morno, sem grandes oportunidades de gol. Aos 40, Edinho mandou uma bomba de longe. Raul se atrapalhou e bateu roupa. Para sua sorte, não havia nenhum adversário a postos para aproveitar o rebote. No minuto seguinte, foi a vez de Fumanchu arriscar de longe e a bola sair muito rente a trave direita de Raul.

Mesmo criando mais oportunidades, a cera que o flu fez no minuto final do primeiro tempo demonstrava que nem mesmo os próprios tricolores acreditavam na goleada.

Na volta do intervalo, Coutinho mexeu no time. Colocou Leandro na lateral direita, passou Toninho para a ponta direita e Tita foi para a extrema esquerda. E foi o rubro-negro quem ameaçou primeiro. Leandro fez boa jogada e lançou Toninho em profundidade. O lateral cruzou. Claudio Adão dominou de costas para o gol e recuou para Zico, que, de primeira e de pé esquerdo, chutou. Novamente, Renato fez grande defesa e desviou para escanteio.

Sabendo que não mais perderia o turno, o Flamengo relaxou e parou de forçar o ritmo. O Fluminense se aproveitou disso e foi a frente. Quando o Maracanã já ouvia o coro de é campeão, Nunes arrancou de seu próprio campo e lançou Edinho. Ao driblar Raul, o zagueiro foi tocado pelo goleiro. Pênalti assinalado por Luis Carlos Félix. Fumanchu cobrou com imensa categoria e abriu o marcador para o tricolor.
Antes da volta olímpica, ainda haveria tempo para mais um gol do flu. Zezé cobrou escanteio curto para Carlos Alberto Pintinho, que tentou o centro, mas acabou errando e mandando a bola nas mãos de Raul. Só que o goleiro acabou falhando, ao largar a bola na cabeça de Nunes, que só teve o trabalho de desviar de cabeça. Fluminense 2x0, colocando água no chopp rubro-negro. De qualquer forma, o Flamengo sagrava-se campeão da Taça Guanabara.




Segundo Turno

Sem dinheiro para contratar um ponta esquerda, a Diretoria tenta trocar Rondinelli por Éder. Segundo Coutinho. “tudo que preciso é de um ponta esquerda, para tornar esse time um dos melhores, senão o maior do país”. O Grêmio não aceitou a oferta e o Flamengo permaneceu “órfão” naquele setor. Em contra partida, o juvenil Lino foi trocado com o Atlético-mg por Marcinho.

Antes da estréia no returno, diante do América, houve um coletivo que deixou todos os que o assistiram maravilhados. 11 a 1 para os titulares. Cláudio Adão marcou sete vezes. Zico, duas. Adílio e Pedro Ornelas, que chegara emprestado pelo Galícia completaram o massacre. No domingo, finalmente o Flamengo conseguiu derrotar sua asa negra. O placar foi de 2 a 1. Zico e Eraldo (contra), marcaram. Sem muitas opções, Pedro Ornelas ocupou a ponta esquerda. No fim do jogo, Rondinelli deixou bem clara a sua insatisfação com a reserva. Iniciava-se uma pequena crise.
Sem jogos no meio de semana e com contas a pagar, o clube jogou dois amistosos. O primeiro, frente ao Londrina, terminou com uma fácil vitória de 3 a 0, gols de Zico, Pedro Ornelas e Marcinho. No segundo, diante de um combinado de Friburgo, triunfo pela margem mínima, gol de João Carlos.
De volta ao Campeonato Carioca, a equipe foi ao acanhado estádio de Ítalo Del Cima, visitar o Campo Grande. Saiu de lá com mais dois pontos, depois da goleada de 5 a 2. Zico (3), Cláudio Adão e Adílio foram os autores dos tentos. Nesta partida, o goleiro Raul sofreu uma distensão na coxa e não mais retornaria ao time no certame.

Em confronto válido pela terceira rodada, o fla foi a Moça Bonita e tropeçou diante do Madureira. O empate em 2 a 2 (gols de Cláudio Adão e Júnior) foi ruim, especialmente porque o Vasco, reforçado pelo goleiro da Seleção, Leão recém contratado ao Palmeiras, havia vencido todas suas partidas e estava um ponto a frente na classificação.

Devido as falhas da defesa, especialmente nas bolas alçadas sobre a área, Coutinho comandou treinamentos específicos para os zagueiros e goleiros, a fim de corrigir esses problemas. No domingo, a equipe entrou o campo do Maracanã pressionada. Afinal, um mal resultado no clássico diante do Fluminense afastaria o time da briga pelo título.
Flamengo 4x0 Fluminense

Taticamente, o Flamengo se postava no 4-3-3. Tita era o ponta esquerda que derivava para o meio, abrindo espaço para o apoio de Júnior. Enquanto isso, Marcinho era o ponteiro direito. Apesar de melhor postado em campo, quem chegava mais a frente era o tricolor, embora sem conseguir criar muito perigo a meta de Cantarele.

O primeiro gol rubro-negro saiu depois de uma roubada de bola de Toninho, troca de passes entre Adílio e Tita e uma tabela perfeita de Zico e Claudio Adão. O galinho finalizou forte, sem chance para Wendell.

Faltando dois minutos para o fim da etapa inicial, veio o segundo gol. Carpegianni roubou a bola ainda no campo defensivo. Avançou e tocou para Zico. O camisa 10 devolveu a Carpegianni que, de primeira, deixou Cláudio Adão sozinho, frente a frente com Wendell. O artilheiro não teve dificuldade para aumentar a vantagem rubro-negra. 2 a 0.

Logo em seguida, veio o terceiro. Adílio lançou Toninho, que parou, olhou e rolou para trás. Zico bateu de primeira e ainda contou com a colaboração do goleiro Wendell, que deixou a bola passar por baixo do seu corpo
.
No intervalo, Coutinho tirou Adílio e colocou Alberto em seu lugar. Para fechar a goleada, Toninho penetrou pela direita e finalizou. Wendell conseguiu defender parcialmente, mas a bola sobrou limpa para Claudio Adão, que só empurrou para a rede vazia. Flamengo 4 a 0!

A quinta rodada marcou nova ida a Moça Bonita, desse vez para enfrentar o Bangu. Sem Adílio e Toninho, a magra vitória de 1 a 0 (gol de Tita) teve grande repercussão na Gávea. Zico criticou Marcinho publicamente, pelo seu individualismo. “Tem gente rebolando. É preciso menos individualismo e mais seriedade”. Para completar, o zagueiro Nélson se contundiu. Moisés e não Rondinelli foi o escolhido do treinador para começar a partida diante da Portuguesa.

Como sempre, diante de um início de crise, o Flamengo se agiganta. A goleada de 9 a 0 foi a resposta dos jogadores a torcida e a imprensa. Marcinho (3), Zico (2), Cláudio Adão (2), Cléber e Júnior marcaram. Entretanto, para o Jornal O Globo, o melhor jogador em campo foi o jovem lateral Leandro. Sua atuação foi digna de nota 10, segundo o periódico.

O compromisso seguinte era diante do Bonsucesso. Vitória tranqüila, por 2 a 0. Gols de Zico e Tita. Adílio e Toninho retornariam no clássico do fim de semana, diante do Botafogo. Em compensação, o artilheiro do campeonato, Cláudio Adão lesionou-se e ficaria de fora o resto do campeonato. De qualquer forma, a perseguição ao líder Vasco, que vencera todas suas partidas, continuava.

No domingo, um Flamengo muito superior ao seu adversário, venceu por apenas 1 a 0. Sem Adão, Zico foi o artilheiro da vez. Ao término da partida, Coutinho deu uma entrevista a Rádio Globo, prometendo o título a torcida. “Torcedores, fiquem tranqüilos. Ganharemos também o segundo turno. Não haverá final. Mesmo com a vantagem de um ponto a nossa frente, o Vasco não conseguirá nos deter. Para nós, basta triunfar diante do São Cristovão, Olaria e do próprio Vasco, para levantarmos o caneco”.

Mesmo sem jogar bem, o time cumpriu sua parte diante dos pequenos. Contra o São Cristovão, 2 a 0 (dois gols de Zico). O placar se repetiu diante do Olaria, desta vez, com gols do galinho e de Tita. Como a equipe de São Januário também venceu seus dois compromissos, chegava a última rodada com a vantagem do empate para vencer o segundo turno e provocar uma decisão. Se vencesse, o Flamengo seria Campeão Carioca direto.

A semana que antecedeu o clássico foi marcada por uma guerra de nervos. As duas Diretorias não chegavam a um acordo quanto ao nome do árbitro. O pessoal da Gávea queria uma juiz estrangeiro. Os cruzmaltinos respondiam com uma lista de nomes daqui do Rio. O Flamengo vetava. No fim, coube a FERJ interceder e escalar José Roberto Wright. O suficiente para Zico soltar o seguinte comentário “pelo menos no nome, ele é estrangeiro”.
No último coletivo, a Gávea recebeu um grande número de torcedores e famosos, como Jorge Bem Jor e Sandra de Sá. A equipe não foi bem. Os titulares apenas empataram em 1 a 1 com os reservas. Zico e Eli Carlos marcaram. Coutinho tratou logo de acalmar os ânimos. “o que vale é domingo”.
Flamengo 1x0 Vasco

Mais cauteloso, Orlando Fantoni armou o Vasco em um 4-2-1-3, com Helinho e Paulo Roberto na contenção e apenas Guina tentando pensar o jogo. Na frente, Dinamite era a referência e Wilsinho pela direita e Ramon pela esquerda tinham que não só atacar com a bola, mas voltar acompanhando as descidas de Toninho e Júnior.

Enquanto isso, precisando da vitória, Coutinho escalou o seu Fla em um 4-2-2-2. Carpeggiani e Adílio marcavam e davam qualidade a saída de bola. Zico e Tita armavam o jogo e Marcinho e Cléber jogavam mais a frente. Na teoria, o fla era mais time. A vantagem do empate, contudo, igualava a partida.

E o Flamengo assustou logo aos dois minutos. Marcinho cobrou escanteio e Zico, sozinho, cabeceou para boa defesa de Leão. Aos 7, Guina avançou pela direita e cruzou na segunda trave, onde estava Ramon. O ponta esquerda tentou cabecear direto para o gol ao invés de ajeitar para Roberto que vinha sozinho, de frente para a meta e perdeu boa chance.

O rubro-negro parecia nervoso. Errava passes na saída de bola e cometia muitas faltas. Mesmo assim, o craque sempre aparece. Aos 15, Zico dividiu com Helinho, caiu, levantou, passou por dois marcadores e bateu firme. Mais uma vez Leão (que ainda não havia sido derrotado uma única vez desde que deixou o Palmeiras e chegou ao Vasco) não deu nem rebote. Helinho marcava, ou tentava, o camisa 10 quase que individualmente. Toda vez que era driblado, o volante vascaíno cometia a falta e parava o lance.

Aos 23, Tita roubou a bola de Marco Antônio, passou como quis pelo lateral vascaíno e chutou forte para a área. Gaúcho tentou afastar, pegou na orelha da bola e obrigou Leão a fazer uma grande defesa, de puro refleexo, espalmando a escanteio. Apesar dessa jogada, o fla pecava por jogar demais pelo meio e esquecer as pontas.

Aos 38, Marco Antônio deum uma pregada em Marcinho e recebeu o primeiro amarelo da partida. Aos 44, Zico teve uma boa chance de abrir o marcador depois de uma cabecada de Cléber, mas acabou pegando mal e a bola saiu fraca para as mãos de Leão. Aos 45, Roberto levou a bola, passou por Manguito mas também bateu fraco Cantarelli defendeu com facilidade.

No final de um primeiro tempo muito mais marcado do que jogado, o Flamengo foi ligeiramente superior ao Vasco, criando três chances, contra duas do time de São Januário.

Segundo Tempo
O Vasco voltou com uma alteração do intervalo. Paulinho, vice-artilheiro do time na competição, entrava na vaga de Ramon. E quase que a substituição já deu resultado aos três minutos. Wilsinho cruzou da direita e Paulinho desviou com perigo para Cantarelli.

O jogo estava mais a feição do time de Fantoni. O Fla se abria mais, pela obrigação de vencer o jogo e dava espaços para os contra-ataques, agora mais perigosos com a presença de Paulinho. Aos 14, se não fosse um erro clamoroso do auxiliar, o Vasco poderia ter saído na frente. Paulinho avançou e lançou para ele mesmo no ponto futuro. Roberto estava impedido, mas não participou do lance. Mesmo assim, José Roberto Wright atendeu a marcação do seu bandeira e assinalou o fora de jogo.

Aos 17, Guina recebeu um cartão amarelo, ao reclamar de uma falta marcada a favor do rubro-negro. Aos 22, Eli Carlos entrou na vaga de Cléber. Com isso, Zico passou a jogar quase que como centroavante, abriu Marcinho pela direita e Tita pela esquerda. Eli passou a armar o jogo no lugar do galinho. Cláudio Adão estava fazendo muita falta.

Aos 25, Zico tabelou com Adílio, recebeu na frente e chutou para grande defesa do goleiro do Vasco e da seleção brasileira. No rebote, Tita isolou. Era a primeira chance de gol rubro-negra na etapa final. Na sequência do lance, Leão recebeu cartão amarelo, por retardar o jogo.

Aos 29, novamente Zico apareceu na grande área e foi travado por Abel, na sobra, Toninho finalizou de primeira, a bola explodiu em Orlando e saiu para escanteio. Na base da vontade, o Flamengo melhorava.

Percebendo que o rival melhorava no jogo, Fantoni sacou o ponta direita Wilsinho e colocou o volante Paulo César. Faltando apenas 14 minutos, era normal que o Vasco se precavesse.

Aos 34, Guina que até então pouco havia aparecido no segundo tempo, deixou Roberto em boas condições. O artilheiro bateu de pé esquerdo e Cantarelli mandou para escanteio.

O fla se mandava todo na tentativa do gol salvador. Aos 38, Roberto ganhou de Rondinelli e serviu Paulinho, sozinho na área. O ponteiro chutou de canela e perdeu a melhor oportunidade do jogo até aquele momento. A resposta do mengo veio no minuto seguinte, duas vezes com Tita. Na primeira ele cortou da esquerda para o meio e bateu firme. Leão deu rebote. A bola sobrou para Marcinho que cruzou e novamente Tita cabeceou para fora, com perigo.

Aos 41, o lance que marcou uma geração. Júnior cruzou, Marco Antônio estava sozinho mas mesmo assim se precipitou e mandou a bola para escanteio. Zico, que não costumava cobrar, se encaminhou para lá e cruzou na cabeça de Rondinelli, que subiu entre Roberto e Abel para testar firme, sem chance para Leão. O Flamengo se aproximava da conquista do campeonato carioca.

Aos 44, Coutinho reforçou a sua marcação ao tirar Tita e colocar Alberto Lequelé. Zico levou o seu amarelo ao isolar uma bola depois da falta marcada. Paulinho perdeu mais uma chance ao chutar para segura defesa de Cantarelli.

Aos 46, Zico e Guina se agrediram e acabaram expulsos. O jogo ficou parado por conta da confusão por mais de seis minutos, com direito a invasão do gramado, por parte de jornalistas e de sumiço das bolas.

No fim das contas, deu a lógica. O melhor time venceu. Era o começo da Era de ouro do Flamengo, campeão carioca de 1978. Para o comentarista da Rede Globo, J.Ávila "venceu o time que buscou o jogo. O Vasco se defendeu por 86 minutos. Mas a vitória foi justa e o título merecido."
Justíssima conquista. Ou não? O que importa? O fato é que ali, começavam as conquistas da Era de ouro do Flamengo. E vinha muito mais por aí!
No próximo texto: As Férias e a preparação para o Carioca de 1979.




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