Acervo

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Exercício de imaginação- Hungria 54 x Holanda 74

Caros amigos, hoje começa uma nova série, inspirada em sugestão de André Rocha(http://blogs.abril.com.br/futebolearte) e vou, em um ato da mais puro devaneio, imaginar como seriam partidas que não aconteceram, em Copas do Mundo, Campeonatos de clubes ou até mesmo, como é o caso de hoje, entre equipes de épocas distintas.

Eis que a máquina do tempo, inventada por Doc Brown, na trilogia De Volta para o futuro, cai nas mãos de um fanático por futebol, como este que vos escreve. Penso, qual seria uma partida que adoraria ver, mas nunca aconteceu.
Flamengo de 81 contra o Santos de Pelé(esta fica pra depois), Brasil de 82 contra o Brasil de 70, enfim, as opções eram tantas que quase acabei desistindo da idéia. Mas aí, ao ler o novo livro de Mauro Beting, As melhores seleções estrangeiras de todos os tempos, tive a vontade de assistir in loco, a Hungria de 1954 enfrentar a Holanda de 1974.
Entrei no DeLorean e fui para a Alemanha Ocidental, em 1974. Chego 2 dias antes da final, e me encaminho para o hotel onde os holandeses estvam concentrados. Encontro Cruyiff, fumando seu cigarro e exponho a ele minha idéia. Amante do bom futebol, ele me pede 10 minutos para reunir o time. Embarcamos todos de volta a 1954, um pouco antes da Copa.

Convencer o time húngaro não foi difícil. Bastou mostrar a eles o que os "laranjas" sabiam fazer com a bola. E a partida foi marcada para o dia seguinte, em Wembley, numa nova versão do "jogo do Século".

Os times perfilados. Puskas e Cruyiff se olhavam com admiração. Os times estavam completos. A Hungria com Grocsis, Buzansky, Lorant, Zakarias, Lantos, Boszik, Puskas, Budai, Kocsis, Hidegkuti e Czibor.

Os holandeses vinham de Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol, Jansen, Nesekens e Van Hanegem, Rep, Cruiyff e Resembrink.

A partida começa e, como de hábito os húngaros saem para o ataque. Boszik manda no meio de campo e Puskas está endiabrado. É dele o passe para Budai passar por Van Hanegen(que estava na Lateral esquerda) e cruzar. Kocsis, ao seu estilo, de cabeça faz 1x0, logo aos 7 minutos.

A partida é maravilhosamente disputada. Neskens e Cruiyff trocam de posição e lançam Rep, o ponta(ou seria centroavante) perde boa oportunidade, pois Grocsis deixou a grande área para cortar o lance.

Mesmo sofrendo marcação individual de Jansen, Puskas joga demais. Aos 20 minutos, Hidegkuti vai armar como meia e dá lindo passe para Puskas, que passa por seu marcador e pelo goleiro Jongbloed e faz 2x0.

Rinus Michels está atonito. Ele grita para seus jogadores. -"Não vim do futuro perder, vamos jogar bola". A bronca parece que dá resultado. Cruiyff(sempre ele) sai com a bola dominada do seu campo de defesa e lança Rep na ponta esquerda, se aproveitando da subida de Lantos. Rep avança e é derrubado na área. Penalti que Nesekens cobra e diminui.

Porém, logo na saída de bola, uma linda trama como só a Hungria sabia fazer. Bola de pé em pé até que Hidegkuti desse o toque final.

Final do primeiro tempo, Hungria 3x1 Holanda. Uma cena porém chama a minha atenção. A tranquilidade demonstrada por Michels. O mago holandes deve ter algum trunfo para a segunda etapa.

A partida recomeça e logo na saída de bola, Boszik é cercado por seis holandeses. É o pressing do futebol total que ainda não havia sido utilizado e que deixou todos de boca aberta. A bola foi retomada e, ao melhor estilo carrossel, quem fez o gol foi o zagueiro Haan. 3x2.

A Hungria está atordoada. O melhor preparo físico da laranja começa a falar mais alto. Michels ri no banco de reservas quando Resembrink empata a partida. Sua tática estava dando certo.

Porém, a Holanda atacou com quase todo mundo, e Jansen perdeu a bola. Boszik imediatamente lançou Hidegkuti, este passou para Puskas usar sua canhota e fazer 4x3. Eram 38 minutos do segundo tempo.

Acontece que futebol romantico é isso aí. Agora, quem parte para o ataque sem se preocupar em garantir o resultado, é a Hungria. Michels grita algo, mas não é ouvido. Cruiyff, porém, craque como sempre, entende seu treinador. É hora de um último pressing.

Novamente os holandeses recuperam a bola e lançam para Rep. Este aproveita o corredor a sua frente e atraí o goleiro Grocsis, que abandonara a meta. Inteligente, Rep apenas rola para o lado, onde o número 14 acompanhava a jogada. Gol da Holanda. Gol de Cruiyff! 4x4! Uma partida como estas não merecia mesmo ter um perdedor. E, como disse Mauro Beting, se houvesse uma prorrogação, a Alemanha(que venceu as duas na vida real)venceria a partida....

O árbitro ingles Mr. Ellis aponta o final da partida. Puskas e Cruiyff se cumprimentam e trocam de camisa. Então volto com so holandeses para o ano de 74. Até hoje, me pergunto se eles me culpam por terem cansado, ao jogar esta "partida dos sonhos" antes da final. Não sei a resposta, mas, com certeza, eu faria tudo de novo.

Espero que tenham gostado deste exercício de imaginação. Em breve voltaremos com mais jogos incríveis e improváveis

Um comentário:

  1. Eu não entendo absolutamente NADA de futebol, mas o texto está ótimo! Parabens!!!

    ResponderExcluir

Rádio Futbolleiros