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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Os arquivos da Copa do Mundo- Copa1970-Jogo 2- Peru 3x2 Bulgária



O segundo jogo da Copa do México aconteceu em León. Peru e Bulgária sabiam que a vitória seria fundamental, na luta pela classificação as quartas de finais. Afinal, ninguém esperava que a favorita, Alemanha Ocidental pudesse ser derrotada por elas. A equipe sul-americana, treinada pelo brasileiro Didi, havia surpreendido nas eliminatórias. Na estreia, bateu a Argentina por 1 a 0. Na sequência, foi a La Paz e acabou derrotado pela Bolívia (2 a 1). O troco veio em Lima, quando os peruanos fizeram 3 a 0 nos bolivianos. Bastava um empate, na última rodada, para o Peru se classificar para a Copa. O problema é que a partida seria contra a Argentina, em La Bombonera. A Albiceleste precisava de um triunfo, para que o houvesse um tríplice empate na primeira colocação. Heroicamente, os comandados de Didi seguraram o 2 a 2 e carimbaram o passaporte para o México. Era um prêmio merecido para a geração de Cubillas, Gallardo, De La Torre, Chumpitaz e León, a melhor da história do futebol peruano.

O Caminho da Bulgária também não foi nada fácil. Estreou derrotando a Holanda, em Sófia, por 2 a 0. Depois, novamente em casa, passou apertado por Luxemburgo (2 a 1). Ainda em Sófia, os búlgaros golearam a Polônia, por 4 a 1. No returno, sempre atuando fora de seus domínios, empatou com a Holanda (1 a 1), perdeu por 3 a 0 para os poloneses e garantiu a classificação ao fazer 3 a 1 em Luxemburgo.

Antes do embarque para o México, a seleção peruana sofreu um grande abalo. Um terremoto matou mais de 45.000 pessoas e abalou a equipe, que chegou a cogitar nem embarcar para a Copa. A FIFA pressionou e a Federação Peruana confirmou não só a ida ao México, como exigiu dos jogadores que dessem o seu melhor, pelas vítimas.

O Peru entrou completo para a partida. A Bulgária tinha o desfalque de seu principal jogador, Asparukhov, que machucado, ficaria no banco de reservas. Antes do começo do confronto, houve um minuto de silêncio, em homenagem aos mortos no terremoto. Ambas as seleções atuavam no 4-3-3, com a bola. Sem a pelota, o Peru defendia no 4-4-2, enquanto a Bulgária se recompunha no 4-5-1, com o recuo dos dois ponteiros. A diferença era a maior qualidade técnica dos sul-americanos. Em 1970, Peru e Bulgária haviam se enfrentado em dois amistosos, ambos jogados em Lima. No primeiro, vitória dos europeus, por 3 a 1. No segundo, deu Peru, 5 a 3.

Aos sete minutos, Gallardo recebeu de Funtes pela meia esquerda, passou como quis por Davidov e bateu forte, por sobre a meta de Simeonov. Como era de se esperar, os comandados de Didi tomavam a iniciativa do jogo, e os búlgaros apostavam nos rápidos contra ataques. A tática dos europeus deu certo. Aos 12, uma linda jogada ensaiada. Yakimov rolou para Bonev, que, de primeira, deixou Dermendjiev, que correra pelo lado da barreira (que ficou apenas assistindo), na cara do gol. O atacante só teve o trabalho de desviar de Rubinos, que saía desesperado da sua meta. Esse foi o primeiro gol marcado na Copa de 1970.

A técnica dos Peruanos era admirável. Entretanto, faltava objetividade aos toques de calcanhar e tabelinhas. Além disso, o time praticamente só atacava pelo lado esquerdo, usando o bom ponta Gallardo. Percebendo isso, o treinador Stefan Bochkov reforçou a marcação por aquele setor.

Aos 27, o lateral direito Campos cometeu falta em Dermendjiev e acabou levando a pior, se machucando. Em seu lugar, entrou J.González. Aos 30, contra ataque rápido da Bulgária. Bonev abriu para Dermendjiev na esquerda. Esse tocou para Jekov, que, de calcanhar, ajeitou para Yakimov soltar uma bomba rasteira. Rubinos chegou a desviar a pelota, mas o árbitro italiano Antônio Sbardella assinalou apenas tiro de meta. Na sequência. Gallardo aproveitou uma bobeira de Penev, roubou-lhe a bola, avançou e chutou forte. A bola passou raspando a trave esquerda de Simeonov.

O primeiro tempo chegou ao fim com apenas quatro chances criadas, duas para cada lado. Mas no marcador, estava escrito. Bulgária 1x0 Peru.

A etapa complementar começou da mesma forma que a inicial. O Peru tocando mais a bola, procurando o ataque. Porém, novamente, foi a Bulgária quem marcou. Logo aos quatro minutos, Bonev cobrou falta da entrada da área. O tiro foi no centro do gol, em cima de Rubinos. O goleiro tomou um senhor frango, ao deixar a bola escapar por entre suas mãos. Bulgária 2 a 0.

Em seguida ao gol, Didi fez a sua segunda alteração. Baylón deixou o gramado para entrada de Sotil. A resposta foi quase imediata. Aos seis, León tocou para Gallardo , na ponta esquerda. O atacante driblou Chalamaov e bateu forte, de pé direito. A bola bateu no travessão e entrou.

A partida passou a ser disputada em ritmo alucinante, apesar do forte calor. Aos 10, Sotil passou por dois marcadores e foi derrubado quase na linha da grande área. Chumpitaz, cobrou forte, (mesmo escorregando na hora do tiro) rasteiro, no canto direito de Simeonov, que pulou, mas não conseguiu evitar o gol de empate.

Aos 14, a Bulgária, que já parecia sentir demais o calor, fez a sua primeira alteração. Popov, o ponta direito deixou o gramado e Maraschilev o substituiu. Só dava Peru. Seis minutos depois de empatar a partida, Chumpitaz deu um chutão para a frente, Chalamanov falhou e Gallardo ganhou a jogada e, da entrada da área, finalizou com perigo para a meta búlgara.

Aos 27, a virada peruana. Cubillas recebeu na intermediária ofensiva, tabelou com Miflin, driblou dois adversários e bateu firme, no canto esquerdo baixo de Simeneov. Peru 3 a 2!. Antes mesmo que a bola voltasse a rolar, Stefan Bochkov realizou sua segunda e última ateração. Saiu Bonev e entrou o craque do time, Asparoukhov. Na base da vontade e do bom futebol de seu principal jogador, a seleção europeia até que passou a atacar mais. Entretanto, a essa altura, o time de Didi já estava bem fechado atrás. Invertiam-se os papéis do início do jogo.

No fim das contas, a virada peruana foi merecida. Não só porque foi o time com a proposta mais ofensiva, mas também porque criou o dobro de chances do que seu adversário (6 a 3). Para ir mais longe na competição, o time treinado por Didi, tinha que acertar a defesa e atacar um pouco mais pelo lado direito, completamente esquecido nessa partida. O triunfo foi histórico para os sul-americanos. Afinal, em sua segunda participação em Copas do Mundo, eles obtiveram a primeira vitória.

Ficha do jogo

Peru 3x2 Bulgária

Data: 02/06/1970 Local: Estádio Guanajuato, em León Público: 13.675 Árbitro: Anotnio Sbardella (Itália)

Gols: Dermendjiev, aos 12 do 1 tempo. Bonev, aos 4, Gallardo, aos 6, Chumpitaz, aos 10 e Cubillas, aos 27 do 2 tempo

Peru: Rubinos, Campos (J.González, 27 do 1 tempo), De La Torre, Chumpitaz e Fuentes, Miflin, Bayon (Sotil, 5 do 2 tempo) e Cubillas, Challe, León e Gallardo. Técnico: Didi

Bulgária: Simeonov, Chalamanov, Dimitrov, Davidov e Aladjov, Penev, Bonev (Asparoukhov, 28 do 2 tempo) e Yakimov, Popov (Maraschilev, 14 do 2 tempo), Jekov e Dermendjiev. Técnico: Stefan Bochkov

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