quarta-feira, 22 de maio de 2013
Os Arquivos da Copa do Mundo-1970-Jogo 3- Uruguai 2x0 Israel
A terceira partida da Copa de 70 reuniria dois extremos. De um lado, um dos favoritos a conquistar o título, o bicampeão mundial, Uruguai, que havia sido eliminado nas quartas de final, quatro anos antes. Do outro, um estreante em Copas, a desconhecida seleção de Israel.
A Celeste, para chegar ao México, usou e abusou de seu ponto forte, a defesa quase que intransponível. Estreou derrotando o Equador, em Guaiaquil, por 2 a 0. Depois, empatou sem gols com o Chile, em Santiago. Nos jogos de volta, fez 1 a 0 no Equador e garantiu a vaga ao bater o Chile, por 2 a 0. Como se vê, em quatro partidas disputadas, a seleção uruguaia não foi vazada uma vez sequer.
Israel, por sua vez, contou com a desistência da Coreia do Norte, o que abriu caminho para que a vaga para a fase final fosse decidida em apenas duas partidas, contra a Nova Zelândia. Na primeira, uma goleada de 4x0. Na volta, nova vitória, desta vez, por 2 a 0. Na fase decisiva, Israel enfrentou a seleção da Austrália. Jogando em casa a partida de ida, Israel tratou de vencer, por 1 a 0, garantindo assim a vantagem do empate. Na volta, em Sydney, empate em 1 a 1 e vaga assegurada pela primeira vez para os israelenses. As bolsas de apostas, no entanto, não acreditavam que a equipe poderia ir longe na Copa. Afinal, o time era quase que exclusivamente formado por amadores. Sendo assim, a expectativa em Puebla era que a Celeste não tivesse problemas para aplicar uma sonora goleada nos debutantes em mundiais.
Surpreendentemente, a primeira oportunidade foi de Israel. Depois de um chutão do goleiro Visoker, o atacante Rom, avançou e conseguiu o remate. Mazurkiewicz, um dos melhores goleiros do mundo, defendeu com segurança. A Celeste sofreria outro baque, quando Pedro Rocha, o craque do time, senti uma contusão logo aos oito minutos. Para desespero uruguaio, a lesão era grave e ele não voltaria mais a atuar na Copa. Em seu lugar, entrou Cortez.
Aos 12, foi a vez do Uruguai chegar perto de abrir o marcador. Espárrago recebeu de Mujica na meia esquerda, derivou para o meio e soltou uma bomba rasteira. Visoker teve dificuldades para espalmar para o lado. O fato é que a Celeste era muito superior, tecnicamente falando. Mas não conseguia traduzir essa superioridade em oportunidades ou em gols. Taticamente, os sul-americanos atuavam no 4-1-2-3, com a bola e no 4-4-2 sem. Já Israel, sabendo de sua inferioridade, jogava no 4-4-2, de posse da pelota e no 4-5-1, sem, procurando sempre jogar atrás da linha da bola e marcar os adversários.
Aos 22, saiu o gol do Uruguai. Montero Castillo, que como único volante não tinha muito com o que se preocupar, foi a frente e abriu boa bola para o lateral esquerdo Mujica. Ele fez o cruzamento, a zaga falhou e Maneiro, que fechava na segunda trave, escorou de cabeça para abrir o marcador.
Somente aos 37, a Celeste voltou a ameaçar. E novamente, foi através de seu volante de contenção, Montero Castillo, que avançou e arriscou de longe, assustando o goleiro Visoker. A realidade é que os primeiros 45 minutos de jogo foram decepcionantes para o público.
Israel voltou do intervalo com uma alteração. O ponta esquerda Talbi deixouo o campo e Bar entrou em seu lugar. E a Celeste voltou querendo matar logo o jogo. Aos quatro minutos, Mujica fez boa jogada pela esquerda e chutou forte. O remate saiu tirando tinta da trave direita de Israel. No minuto seguinte, saiu o segundo gol. Ubinas fez o cruzamento da direita, a zaga afastou mal, Maniero pegou a sobra e finalizou forte. Visoker fez grande defesa, espalmando a bola. Para azar do goleiro israelense, o rebote sobrou para Mujica, que bateu de primeira e marcou o segundo tento uruguaio.
Aos 12, o técnico de Israel fez a sua segunda modificação, colocando em campo Vallach e tirando Rom. Os laterais eram os grandes destaques do Uruguai. Aos 13, Mujica cobrou uma falta com extrema violência. Mais uma vez, o remate passou raspando a trave direita de Visoker. Assim como acontecera na etapa inicial, a equipe sul-americana tirou o pé do acelerador, sabendo que não correria riscos e que a próxima partida, dali a quatro dias, seria contra a poderosa Itália.
Mesmo assim, o Uruguai quase ampliou, aos 28. Mujica fez o chuveirinho na área. Espárrago desviou de cabeça e Cubilla, na linha da pequena área, encheu o pé. Para seu azar, a bola explodiu no travessão. A vitória da Celeste foi mais do que justa. O time não concedeu nenhuma chance para o adversário e mostrou o poder de sua defesa. Fica a dúvida se, contra adversários mais fortes, o volante Montero Castillo e os laterais Ubinas e Mujica irão ter tanta liberdade para apoiar o ataque. Também é necessário checar o quanto será sentida a ausência de Pedro Rocha.
Ficha Técnica
Uruguai 2x0 Israel
Data: 02/06/1970 Local: Estádio Cuauhtemoc, em Puebla Público: 20.564 Árbitro: Robert Davidson (Escócia)
Gols: Maniero, aos 22 do 1 tempo e Mujica, aos 5 do 2 tempo
Uruguai: Mazurkiewicz, Ubinas, Ancheta, Matosas e Mujica, Montero Castillo, Maneiro e Pedro Rocha (Cortez, 12 do 1 tempo), Cubilla, Espárrago e Losada. Técnico: Juan Hohberg
Israel: Visoker,Schwager, Rosen, Rosenthal e Primo, Spiegel, Spiegler e Shum, Faygenbaum, Rom (Vallach, 12 do 2 tempo) e Talbi (Bar, no intervalo). Técnico: Emanuel Schaffer
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário