sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
A Era de Ouro do Flamengo- O Primeiro Turno do Carioca e o início da Libertadores
O Primeiro Turno do Carioca e o início da Libertadores 1981
Zico ficou gostou da proposta feita pelo clube e deve renovar em breve. Sendo assim, mudou de idéia e vai estar em campo na estréia do Campeonato Carioca mesmo sem ter assinado o contrato ainda.
O primeiro jogo foi contra o Serrano, em Petrópolis. Vitória de dois a zero, com gols de Zico, de pênalti e Júnior. Mesmo controlando a partida, o time não esteve bem, mais uma vez.
No coletivo antes da segunda rodada, os reservas fizeram dois a um nos titulares. Anselmo e Lico marcaran para os suplentes e Zico descontou. Sani ficou preocupado com mais uma má atuação de seus jogadores. Disse que estava “propenso a mudanças”.
Contra o Madureira, nem o fato de jogar no Maracanã foi suficiente para fazer o time jogar bem. A vitória veio, por quatro a dois, com gols de Nunes (3) e Baroninho. Mas as vaias da arquibancada davam a entender que o torcedor não estava satisfeito com o desempenho dos atletas. Pelo menos, após a partida, uma grande notícia: Zico finalmente renovou o seu vínculo com o clube. O novo contrato iria até o meio de 1983.
Flamengo 1x1 Bangu
O Flamengo foi a campo com Raul, Carlos Alberto, Rondinelli, Marinho e Júnior, Andrade, Carpegianni e Zico, Chiquinho, Nunes e Baroninho. Aos 10, uma saída errada de Marinho proporcionou ao Bangu a primeira chance. Rubens Feijão aproveitou o erro de passe e bateu de primeira, quase pegando Raul desprevenido.
O rubro-negro forçava o jogo pelo lado direito. Aos 15, Carlos Alberto foi à linha de fundo e cruzou rasteiro, para trás. Nunes tentou a finalização, mas foi atrapalhado pelo goleiro Tobias. Aos 22, Luisão passou como quis pelos defensores do Flamengo, driblou Carlos Alberto e bateu sem chance para Raul. Para sorte do mais querido, a bola explodiu na trave esquerda e não entrou.
Um minuto depois, Zico recebeu de Júnior, ganhou na trombada de Moisés e chutou de pé esquerdo. Tobias fez grande defesa e impediu a abertura do placar. Entretanto, aos 29, não houve nada que o goleiro do Bangu pudesse fazer para evitar o gol do fla. Nunes tabelou com Júnior, que avançou pela esquerda e cruzou na primeira trave. Por lá fechava o João danado, que escorou de primeira, com a perna esquerda, marcando um belo gol. Um a zero!
O rubro-negro teve chance de ampliar a vantagem aos 32, quando Baroninho cobrou uma falta frontal com extrema violência. Tobias voou e conseguiu desviar para escanteio. Era o melhor momento do time na partida. Foram várias finalizações e cruzamentos até o fim da etapa inicial. Porém, nenhuma chegou a levar perigo à meta defendida por Tobias. Pelo contrário, quem quase chegou a igualdade foi o Bangu, através de Rubens feijão, de cabeça, aos 43 minutos.
A primeira chance da segunda etapa também foi do time de Moça Bonita. Mirandinha passou por Júnior e bateu cruzado. Luisão deu o carrinho, mas não conseguiu alcançá-la. O Bangu parecia ter achado o mapa da mina. No minuto seguinte, novamente Mirandinha levou a melhor em cima de Júnior. Dessa vez, o ponta tentou a finalização, assustando Raul.
Aos 13, não teve jeito. Mirandinha, sempre ele, cruzou com perfeição, na cabeça de Luisão. O atacante subiu sozinho e ajeitou para a entrada de Rubens Feijão, que apenas desviou de Raul. Um a um.
Incrível, um minuto depois, Mirandinha aproveitou uma falha de Júnior e bateu cruzado. Raul se esticou todo e desviou a bola para escanteio. O Flamengo estava perdido e não se encontrava em campo.
Preocupado, o técnico Dino Sani mexeu no time aos vinte minutos. Entraram Lico e Peu, nos lugares de Carpegianni e Chiquinho. Taticamente, Peu entrou na ponta direita. Enquanto Lico tentava dar um pé a Júnior na marcação e saia para armar o jogo.
Com o Flamengo desorganizado e o Bangu satisfeito com o empate, nada de mais aconteceu na partida. O rubro-negro perdia seu primeiro ponto no turno, mas seguia na liderança.
Depois do segundo tempo desastroso, a pressão em cima de Dino Sani aumentou. Ele começa a ter seu cargo ameaçado. Para ajudar, Adílio finalmente renova o seu contrato. E Carpegianni começa a fazer sua transição para a Comissão Técnica. Mais, ele diz que se aposenta assim que Vítor retornar do Torneio de Toulon. Tentando dar a volta por cima, os jogadores se reúnem e fazem um pacto pela conquista o tetracampeonato da Taça Guanabara.
Flamengo 7x0 Americano
O jogo foi disputado numa quarta feira a noite, em um Maracanã com público pequeno devido ao alto preço dos ingressos. Bria fez apenas uma alteração na equipe. Adílio, de contrato renovado no lugar de Carpegianni.
Logo aos dois minutos, Nunes recebeu toque de calcanhar de Adílio e arriscou de longe. Gato Félix não conseguiu segurar e a sobra ficou para Chiquinho, que bateu em cima do goleiro. Sete minutos depois, Chiquinho foi a linha de fundo e centrou na segunda trave. Nunes cabeceou com manda o figurino. Para baixo, com força. Mais uma vez o goleiro do Americano fez uma grande defesa.
Aos 20, Zico levou uma pancada de Orlando Fumaça e passou a jogar no sacrifício. O zagueiro campista continuou a distribuir pancadas. Júnior foi a vítima seguinte. Dessa vez, levou o cartão amarelo.
O Flamengo seguia atacando. Aos 33, mesmo machucado, Zico mostrou porque era craque. Cobrou uma falta com extrema categoria. Infelizmente, a bola bateu no travessão, quicou sobre a linha e foi afastada pela zaga.
Um minuto depois, o Americano ficou com um homem a menos em campo. Orlando Fumaça deu mais um de seus pontapés e foi expulso.
Com a vantagem numérica, finalmente saiu o gol rubro negro. Aos 38, Adílio roubou a bola no campo de ataque e deixou Nunes na cara do goleiro. O atacante teve calma suficiente para finalizar fora do alcance de Gato Félix. Um a zero!
Ainda houve tempo para mais uma boa chance. Aos 43, Andrade soltou uma bomba da intermediária que explodiu na trave esquerda do arqueiro de Campos.
No intervalo, Sani teve que tirar Zico, que não agüentou as dores no tornozelo. Peu entrou no seu lugar. O time não sentiu a saída de seu craque. Aos três minutos, Marinho ganhou uma dividida na defesa e avançou com a bola. Ao chegar na intermediária ofensiva, tocou para Adílio. O camisa oito deu um passe magistral por elevação para Chiquinho. O ponteiro encobriu Gato Félix e marcou o segundo tento do Flamengo. Dois a zero!
A equipe da Gávea deitava e rolava. Para recompor sua defesa, o Americano tirou seu ponta direita, Piscina, de campo. Com isso, Júnior, sem ter a quem marcar, passou a jogar solto.
Aos 18, o time de Campos tentou ir a frente. Perdeu a bola e ficou desarrumado atrás. Peu esticou lançamento para Nunes, na esquerda. Sozinho, ele avançou, entrou na grande área e rolou para trás. O passe achou Baroninho, que encheu o pé e marcou o terceiro.
Estava fácil demais. Três minutos depois, veio o quarto gol. Peu recebeu de Andrade e de um drible de corpo no marcador, fugindo inclusive da falta. Depois, passou por outro zagueiro e marcou um golaço. Quatro a zero!
Aos 28, uma obra prima. Adílio, deslocado pela direita, cruzou. A zaga afastou e o rebote caiu nos pés de Andrade, na meia lua. O volante ajeitou, viu o goleiro adiantado e tocou por cobertura, no ângulo. Cinco a zero!
Para piorar ainda mais as coisas, o jogador Ronaldo sentiu uma lesão e ficou em campo apenas fazendo número, deixando o Americano com dois jogadores a menos em campo.
Aos 38, Sérgio Pedro cometeu pênalti em Adílio. Nunes bateu forte, no canto esquerdo e fez seis a zero mengão.
A cinco minutos do fim do jogo, Carlos Alberto foi a linha de fundo e centrou. Mais uma vez, a zaga afastou mal. Nunes aproveitou a sobra para chutar de primeira, rasteiro, e dar números finais ao massacre. Sete a zero! Era também o sétimo gol do artilheiro do campeonato carioca.
Em sua análise final, o comentarista da TVE, José Inácio Werneck falava sobre a grande atuação de Adílio em sua volta a equipe. “Com Adílio, a movimentação do meio de campo volta a ser dinâmica, como era antes. Sua grande performance mostra toda sua importância para o Flamengo. E não se esqueçam que ainda falta o Tita nesse time.”
O último adversário antes da excursão a Europa seria o Vasco. A preocupação de todos na Gávea era com a recuperação de Marinho e Zico, que apresentavam lesões. O galinho era quem mais preocupava, já que o tornozelo duramente atingido por Orlando Fumaça ainda estava inchado e dolorido.
Flamengo 1x0 Vasco
Para alívio de todos, Zico recuperou-se e foi escalado para o clássico. E logo no começo da partida, ele fez um lançamento longo para Nunes, deslocado pela esquerda. O artilheiro do campeonato invadiu a área e mandou uma bomba que assustou o goleiro Mazaropi.
A vitória seria importantíssima para o Flamengo, que embarcaria rumo a Europa no dia seguinte. Aos oito, Chiquinho cruzou. Zico dividiu com o zagueiro e, mesmo caído, conseguiu desviar de cabeça para o meio da área. Nunes aproveitou-se do passe e bateu forte, de primeira. A bola saiu raspando a trave esquerda do Vasco.
O domínio era todo rubro-negro. Aos 16, Carlos Alberto arriscou de longe e obrigou Mazaropi a praticar segura defesa. Chamava atenção a movimentação do time. Zico, muito marcado, recuava para armar o jogo, abrindo espaços para as incursões de Adílio. Nunes se mexia tanto pela esquerda como pela direita e confundia a zaga cruzmaltina.
Aos 18, não teve jeito. Carlos Alberto tocou para Chiquinho. O ponta derivou para o meio e serviu Zico. O galinho entortou Orlando com um drible de corpo e chutou colocado, abrindo o marcador. Um a zero!
Com a desvantagem, o Vasco se viu obrigado a sair mais para o jogo, atacando especialmente pelo lado esquerdo e levando vantagem sobre Carlos Alberto. Mesmo assim, não criou nenhuma oportunidade clara para empatar a peleja.
Aos 38, Baroninho foi derrubado na entrada da área. Zico cobrou de forma magistral. Infelizmente, a bola foi na trave direita, rolou por sobre a linha e acabou aliviada pela zaga. Mazaropi, coitado, ficou parado, só rezando e torcendo.
Logo no recomeço do jogo, após o intervalo, Raul levou a pior em uma dividida com César e acabou se lesionando. Foi substituído por Canterele. A primeira chance do Vasco só aconteceu aos nove minutos, em um tiro longo de Dudu, que passou rente a trave esquerda.
A resposta rubro-negra veio aos doze, quando Marinho se antecipou na defesa, tabelou com Zico e foi à linha de fundo. Lá, ele cruzou rasteiro para o arremate de primeira de Chiquinho. Bem colocado, Mazaropi fez a defesa.
Em seguida, para fechar mais o meio de campo, Bria sacou Baroninho e pôs em campo Leandro, atuando como cabeça de área.
A substituição não fez bem ao Flamengo. Acuado, a equipe cedeu campo ao Vasco e ainda perdeu a saída de contra ataque. Aos 31, Roberto recebeu grande passe de Dudu e perdeu um gol feito.
Faltando sete minutos para o fim do clássico, o Fla finalmente criou uma boa chance. Leandro recebeu na lateral esquerda e centrou na cabeça de Zico. A testada saiu forte, para baixo. Mazaropi se esticou todo e praticou grande intervenção para espalmar a bola, desviando-a para escanteio.
Aos 42, João Luís cobrou falta da meia direita e mandou a pelota no cantinho. Dessa vez, foi Cantarele quem teve que se desdobrar para evitar que o Vasco chegasse a igualdade.
O jogo ficou aberto no final. Aos 44, novamente Leandro fez grande jogada pela esquerda e cruzou. Orlando desviou de cabeça e a sobra caiu nos pés de Chiquinho, dentro da área. O ponteiro ajeitou a redonda e bateu, mas Mazaropi saiu bem do gol, abafando a conclusão.
Mesmo muito recuado na etapa complementar, a vitória no clássico dava uma tranqüilidade muito grande para a equipe, que ia para a Europa na liderança da Taça Guanabara com apenas um ponto perdido.
Depois da série de bons resultados, os jogadores pareciam felizes.
únior disse que a confiança voltou a Gávea. Adílio, por sua vez, declarou que a equipe entraria na ponta dos cascos para a disputa da Taça Libertadores.
Porém, como sempre, nem tudo eram flores. Tita veio a público dizer que não mais atuaria pela ponta direita e que preferia ser negociado. Insatisfeito com a reserva, Cantarele também pediu pra sair. Ambos cabaram multados pela diretoria. O goleiro em 10% do seu salário. O meio campista em 40%. Nesse misto de euforia e crise, o time embarcou para a disputa do Torneio de Nápoles.
Na semifinal da competição, o Flamengo deu show. Bateu o Avelino por cinco a um, com gols de Adílio, Baroninho (2), Zico e Leandro.
No dia seguinte, a decisão contra o Napoli, anfitrião da disputa. Zico conta que antes da partida conversou muito com Nunes. “Expliquei a ele que futebol não se joga apenas com a bola nos pés. O Napoli tinha na defesa o holandês Rudi Krol, que era quem iniciava todas as tramas ofensivas. Pedi a Nunes que marcasse-o em cima. Assim foi feito”.
De fato, com Krol anulado, o mengo deu mais um passeio. A goleada de cinco a zero (três de Zico, Nunes e Adílio) serviu para que a imprensa européia se encantasse definitivamente com o futebol requintado e de muito toque de bola da equipe. Zico, com mais uma atuação de gala, passou a ser cada vez mais especulado como possível reforço de algum grande time do velho continente. Para completar a semana perfeita, Vítor e Mozer conquistaram o título do Torneio de Toulon com a Seleção de novos e ganharam moral com Telê Santana. Mas seguiriam na reserva do Flamengo.
De volta ao estadual, o rubro-negro esbarrou na grande atuação do goleiro Ernani, do América. Com grandes defesas, ele parou o ataque do fla e foi o responsável direto pelo empate sem gols. Apesar de perder o segundo ponto na Taça Guanabara, o mengo ainda era líder.
Sem tempo para descanso, o time rumou para o Estádio Ítalo Del Cima, onde atropelou o Campo Grande por cinco a dois. Zico, duas vezes, Nunes, duas vezes e Rondinelli foram os autores dos tentos.
Flamengo 2x1 Volta Redonda
Dino Sani mandou a campo Cantarele, Leandro, Rondinelli, Marinho e Júnior. Andrade, Adílio e Zico. Chiquinho, Nunes e Baroninho. Aos quatro, Zico girou em cima de seu marcador e de perna esquerda perdeu ótima oportunidade de abrir o marcador.
Apesar de ter o domínio completo da partida e não sofrer qualquer tipo de ameaça, o fla simplesmente não conseguia furar a retranca do voltaço. Impaciente, a torcida começou a vaiar. Afinal, essa vitória era fundamental para que o time conquistasse a Taça Guanabara.
Aos 30, uma rebatida da zaga mal feita sobrou para Nunes. O atacante tinha espaço para progredir, mas resolveu bater de virada, da entrada da área. Acabou finalizando em cima do goleiro. Essa jogada era um retrato da atuação rubro-negra até o momento: preguiçosa!
Finalmente, o gol saiu aos 39. Júnior abriu para Baroninho, que centrou. Nunes subiu mais do que a zaga e testou firme. Um a zero!
A etapa final começou com um susto pra torcida. Amauri, cara a cara com Cantarele, desperdiçou o empate. Na sequência, Nunes achou Zico no meio da zaga. O galinho avançou, mas acabou finalizando em cima do goleiro do Volta Redonda.
O time estava mais ligado. Aos 10, Nunes, deslocado pela esquerda, cruzou na segunda trave. Zico, de voleio, mandou a bola na trave. Depois, a equipe voltou a entrar no modo preguiça. E tomou o castigo aos 27. Leandro falhou no corte. Amauri pegou a sobra, foi a linha de fundo e centrou. O pequenino Betinho subiu completamente desmarcado e empatou a partida.
Imediatamente, Sani pôs Tita em campo no lugar de Baroninho. Ele que não queria jogar na ponta direita, acabou na ponta esquerda. Acuado pelas vaias e pelo resultado, o Flamengo respondeu. Aos 34, Tita achou Júnior na esquerda. O lateral foi a linha de fundo e rolou para trás. Zico ainda teve tempo de dominar e ajeitar a bola antes de tocar para o fundo das redes. Mengo dois a um!
Faltando quatro minutos para o fim do jogo, Rondinelli sentiu a perna e foi substituído por Mozer. Em seguida, Chiquinho puxou um contra ataque pela direita e rolou para Tita bater forte, de primeira. Infelizmente, a conclusão acabou saindo por sobre a meta.
No último minuto, Nunes recebeu grande passe de Adílio, avançou, driblou o goleiro e incrivelmente conseguiu chutar para fora. Digno de Inacreditável Futebol Clube. De qualquer forma, com os dois pontos conquistados, o Flamengo se aproximou ainda mais da conquista do primeiro turno e de garantir sua vaga na decisão do estadual.
O próximo compromisso era o clássico diante do Fluminense. Em crise e já sem chances de conquistar o turno, o tricolor escalaria um time misto. No último coletivo antes do jogo, os reservas bateram os titulares por três (Anselmo, Fumanchu e Peu) a um (Zico). O alerta estava dado.
Flamengo 1x2 Fluminense
Do lado do Fluminense, quatro desfalques. Dino Sani escalou o Flamengo com Cantarele, Leandro, Mozer, Marinho e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Chiquinho, Nunes e Baroninho. Em seu comentário inicial na TVE, José Inácio Werneck foi enfático. “O favorito hoje é o Flamengo. O Fluminense vem cumprindo uma campanha catastrófica e está muito desfalcado”.
A partida começou com o rubro negro tendo mais posse de bola. Entretanto, quem chegava com mais perigo era o tricolor, especialmente pela esquerda, onde Zezé levava vantagem no duelo com Leandro.
Aos 19, Rubens Galaxe apanhou a sobra de um cruzamento de Robertinho e mandou uma bomba que passou raspando a trave direita de Cantarele. Aos 23, saiu o gol do flu. Leandro falhou e permitiu que Rubens Galaxe ganhasse a divida e centrasse na área. Cantarele não saiu. Zezé segundo cabeceou e quando a bola ia entrando, Mozer conseguiu cortar. No rebote, Zezé bateu de primeira e abriu o marcador. Fluminense um a zero.
O empate rubro negro veio um minuto depois. Chiquinho arrancou pela direita e passou por três marcadores. Ao entrar na grande área, ele rolou para Zico, que avançou e da marca do pênalti soltou o tiro para estufar as redes. Um a um. Uma igualdade conquistada na base da individualidade e da qualidade técnica da equipe.
Mesmo com a igualdade, o Flamengo não se achava em campo. Aos 30, Zezé passou como quis por Leandro e bateu para boa defesa de Cantarele. O primeiro tempo chegou ao fim com o panorama inalterado. Um rubro negro confuso e um tricolor atacando pelos flancos e muito mais perigoso.
Lesionado, Nunes saiu no intervalo, dando lugar a Tita, que jogou como um falso nove. Logo aos três minutos, Robertinho levou a melhor em cima de Marinho, foi a linha de fundo e rolou para trás. Zezé segundo chutou rasteiro, cruzado, sem defesa para Cantarele. Fluminense dois a um.
Aos 13, foi a vez de Baroninho deixar o campo. Vítor entrou em seu lugar. Dessa forma, a equipe se reestruturou em um 4-2-1-2-1, com Vítor e Andrade na cabeça da área. Zico, de ponta de lança. Chiquinho pela ponta direita e Adílio na esquerda. E Tita definitivamente foi atuar como centroavante.
Aos 17, Andrade recebeu de Zico aparentemente em posição legal. Mesmo assim, o árbitro assinalou o impedimento e anulou o que seria o tento de empate. A pressão do mengo acontecia muito mais pelo recuo excessivo do Fluminense do que por méritos técnicos.Aos 33, foi a vez de Zico marcar. Novamente, o árbitro anulou, alegando que o galinho estava fora de jogo.
De fato, a atuação do Flamengo foi muito ruim. A diretoria reclamou muito dos gols anulados. Entretanto, mesmo sendo derrotada a equipe permanecia na liderança por pontos perdidos, beneficiada pelo empate no confronto entre Bangu e Botafogo.O fla tinha dois pontos a mais e um jogo a menos que o alvinegro. Os dois gols anulados também foram foco de muita reclamação por parte dos rubro negros.
De qualquer forma, a equipe sabia que precisava esquecer rapidamente o tropeço no clássico. Afinal, a próxima parada seria contra o Atlético-mg, no Mineirão, na estréia da Libertadores. E a preparação não começou nada bem. Adílio, que fora instruído a cair pela ponta esquerda contra o Fluminense e simplesmente não obedecera, foi afastado dos treinos. Além disso, Nunes, ainda sentindo a lesão, era dúvida.
No coletivo, Dino Sani escalou Vítor e Andrade na cabeça da área, para dar maior proteção a defesa. No treinamento, funcionou. Os titulares bateram os juvenis por três a zero, com dois gols de Zico e um de Tita.
No dia da partida, duas boas notícias para a torcida. Primeiro, Adílio pediu desculpas por não ter acatado as instruções do seu treinador e recebeu o perdão. Depois, o Botafogo empatou em casa com o Americano (0x0) e mesmo com dois jogos a mais, seguia atrás na classificação.
No Mineirão, a estratégia de Sani não funcionou. Acuado, o Flamengo levou dois gols do Atlético e parecia que iria estrear com derrota na Libertadores. Mas Flamengo é sempre Flamengo. Na base da garra, Nunes e Marinho marcaram e o time conseguiu arrancar um ponto que parecia muito pouco provável.
A imprensa criticou muito as alterações de Sani. Quando perdeu Andrade, contundido, o treinador colocou Fumachu na ponta direita, deslocando Tita para o meio de campo. Mais tarde, sacou Fumanchu, mandou Tita para a extrema direita e liberou Vítor para encostar no ataque. Aliás, Tita, Nunes e Andrade se contundiram no jogo e foram imediatamente vetados do confronto contra o Olaria.
Antes de ir a Rua Bariri, o Flamengo contou com novo tropeço do Botafogo, desta vez, diante do América (0x0). Com isso, uma vitória diante do Olaria praticamente garantiria o tetracampeonato da Taça Guanabara e a uma vaga na decisão do estadual.
Em campo, o time fez a sua parte. Bateu o Olaria por três a zero, com dois gols de Zico e um de Ronaldo. Agora, a equipe era líder, dois pontos a frente de Botafogo e América. Bastava um empate na última rodada, diante do alvinegro para a conquista do tetra. Ou talvez nem isso.
Devido ao regulamento confuso, o Flamengo poderia ser campeão sem entrar em campo. No sábado, o América jogaria contra o Fluminense. Se vencesse, chegaria aos mesmos 16 pontos do rubro-negro e garantiria a conquista, já que mesmo vencendo o clássico de domingo, o Botafogo também alcançaria os 16 pontos. E com os três rivais empatados, o primeiro critério de desempate era o número de vitórias. O que, nesse caso, garantiria a conquista do mengo.
Escaldado pela derrota frente ao Fluminense, Dino Sani pediu respeito ao Botafogo. O clima era de muita confiança. No coletivo apronto, goleada dos titulares em cima dos reservas, por quatro (três de Tita e Marinho) a zero.
No sábado, o América bateu o Fluminense, por dois a um e o Flamengo pode comemorar por antecipação o tetracampeonato da Taça Guanabara. Mais do que isso, com a vaga garantida na decisão do estadual, a equipe poderia agora focar apenas na Libertadores.
Flamengo 0x0 Botafogo
O clássico não passou de um simples amistoso. Ou de um jogo de entrega das faixas. Dino Sani escalou Cantarele, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior. Figueiredo, Adílio e Zico, Tita, Ronaldo e Baroninho.
A partida começou com o Botafogo tomando mais a iniciativa, especialmente pelo lado direito, nas costas de Júnior. Aos poucos, o Flamengo foi encaixando seus contra ataques. Aos 11, foram duas chances criadas e desperdiçadas. A primeira, por Ronaldo, que não alcançou um desvio de Zico e a segunda com Adílio, que finalizou em cima de seu próprio companheiro.
Aos 17, Júnior tabelou com Zico e cruzou. A zaga do Botafogo falhou e Ronald conseguiu matar a bola no peito, no meio dos dois zagueiros. O centroavante ajeitou o corpo e chutou, mas acabou pegando mal na bola e perdendo mais uma boa chance.
Zico teve a sua chance de abrir o placar oito minutos depois. O galinho recebeu de Júnior, avançou até a meia lua e bateu com violência. O remate passou rente a trave esquerda de Luís Carlos. Apesar da gritante superioridade na etapa inicial, o rubro negro não conseguiu sair do zero a zero.
No intervalo, Dino Sani fez uma alteração. Saiu Leandro e entrou Nei Dias. E logo aos quatro minutos o Flamengo perdeu mais uma ótima chance. Nei Dias tabelou com Tita, avançou e tocou para Zico. O galinho ganhou na corrida de Zé Eduardo e bateu cruzado, raspando a meta de Luís Carlos.
Aos 13, o técnico do mengo fez outra substituição. Sacou Ronaldo, colocando Peu em seu lugar. Claramente, o objetivo era ganhar ainda mais força ofensiva, já que Ronaldo não esteve bem no jogo.
Não foi o que aconteceu. Por conta de sua característica de meia, Peu recuava muito e acabava embolando com Zico, deixando o Flamengo sem presença de área e, conseqüentemente, sem criar muitas chances.
Aos 37, a primeira oportunidade alvinegra. Mirandinha recebeu lançamento de Mendonça, passou com quis por Mozer e finalizou de esquerda. Cantarele se esticou todo e conseguiu desviar para escanteio.
Com sua velocidade, Mirandinha levou pânico a defesa rubro negra. Aos 43, novamente ele ganhou na corrida de Mozer, entrou na área e bateu cruzado. Para sorte do Flamengo ninguém fechou na segunda trave. O zero a zero permanecia. E pelo quarto ano seguido a Taça Guanabara ia para a Gávea!
No próximo texto: O Segundo Turno do Carioca de 81 e o fim da primeira fase da Taça Libertadores. Até lá!
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