terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Amistoso 68- Alemanha 2x1 Brasil, Aimoré se mostra ultrapassado
Pré-Jogo
A conquista da Taça Rio Branco não amenizou as críticas as más atuações da seleção brasileira. Armando Nogueira, em sua coluna no Jornal do Brasil, advertia que enfrentar o Uruguai, com "o ultrapassado futebol sulamericano era uma coisa. Enfrentar as seleções européias era outra. Não que Alemanha, Tchecoslváquia, Portugal e Iugoslávia fossem brilhantes. Mas como qualquer equipe do velho continente, todas tem na sua disciplina tática, a grande força".
Realmente. O Brasil embarcava para uma excursão a Europa sem saber o que iria encontrar pela frente. Pior, o selecionado nacional estava remodelado, sem Pelé. A curiosidade da imprensa internacional era imensa, para saber como estariam jogando os ex campeões do mundo, depois do fracasso na Copa da Inglaterra.
A fratura de Piazza, obrigou o treinador Aimoré Moreira a convocar Carlos Roberto, jogador do Botafogo. Além de perder seu homem de confiança na meia cancha, Aimoré teria pouquíssomo tempo para que os atletas se adaptassem ao fuso horário. A seleção embarcou no dia 14 e, já no dia 16, estaria em campo, enfrentando a Alemanha.
Nosso primeiro adversário também não atravessava boa fase. Depois do vice campeonato na Copa de 66, os alemães não chegaram nem mesmo as quartas de finais da Eurocopa, vencida pela Itália. Helmut Schoen fazia uma renovação na equipe. Dos titulares da Copa, permaneciam apenas Beckembauer, Overath e o veterano Seeler. Entretanto, em seu último amistoso, a Alemanha deu mostras de sua força, ao derrotar a Inglaterra, em Wembley, por 1 a 0.
Para resguardar o seu meio de campo, Aimoré Moreira cogitava, já na Europa, barrar Rivellino e escalar Denílson em seu lugar. A ideia do treinador era dar um suporte defensivo maior a equipe, já que, atuando no 4-2-4 (como vocês irão conferir no Tactical Pad), com Riva e Gérson compondo o setor, o time ficaria muito aberto.
A Partida
-Aimoré madou a campo o seguinte time: Cláudio, Carlos Alberto, Jurandir, Joel e Sadi, Denílson e Gérson, Paulo Borges, Jairzinho, Tostão e Edu. A equipe se postava num 4-2-4 que variava para o 4-3-3, com o recuo (não muito frquente) de Tostão para a meia cancha. Nesse momento, Jairzinho ocupava o comando do ataque.
-Já a Alemanha atuava com Wolter, Vogts, Lorenz, Muller e Fitchel, Weber, Beckembauer e Overath, Held e Neuberger. O posicionamento tático alemão variava do 4-4-2, o 4-3-3, com Held indo se juntar ao ataque e Beckembauer armando as tramas ofensivas.
-GOL! De qualquer modo, os bávaros já tinham o domínio do jogo e do meio de campo, quando, aos oito minutos, Neuberger cruzou da direita, Jurandir falhou ao tentar matar a bola no peito e permitiu a conclusão e o gol de Held. Alemanha 1x0.
-A suerioridade germânica era muito grande. Com mais homens no meio de campo, eles tinham facilidade em tocar a bola e aparecer a todo momento na área brasileira. O escrete canarinho só conseguiu sua primeira jogada aos 15 minutos. Denílson tabelou com Gérson, progrediu, invadiu a área, driblou Lorenz e bateu forte, rastero, de pé esquerdo. O goleiro Wolter foi obrigado a desviar para escanteio.
-Aos 20, Jairzinho tentou cavar um pênalti, atirando-se ao chão. O árbitro nada marcou e a Alemanha partiu no contra-ataque. Weber deu ótimo passe para Dorfel, que veio de trás e estava em posição legal. O meio-campista recebeu e tentou tocar por cima de Cláudio. Para sua infelicidade, a bola passou a poucos centímetros da meta brasileira.
-Cinco minutos depois, nova trama de ataque alemã. Desta vez, Beckembauer arriscou de longe e obrigou Cláudio a fazer uma difícil defesa, espalmando a bola para córner.
-Aos 28, jogada pelo lado esquerdo de ataque alemão. Neubereger foi a linha de fundo e cruzou na cabeça de Beckembauer que, sozinho fez o que se espera. Cabeceou de cima pra baixo, no canto. Cláudio, que a essa altura já era o melhor jogador do Brasil, conseguiu praticar uma extraordinária defesa. Na sequência do lance, o goleiro falhou, ao não encaixar uma bola fácil e Overath tocou para o gol. Jurandir salvou sob a linha.
-A diferença entre as seleções era notória. Enquanto o Brasil seguia atuando com toque de bola lento e excessivo, a Alemanha usava e abusava da forte marcação e da velocidade em suas transições ofensivas. Pior, nem no um contra um, que sempre favoreceu a técnica do do nosso jogador, o escrete canarinho conseguia levar vantagem.
-Faltando três minutos para o intervalo, nova chance germânica. Overath recebeu a bola na ponta direita, derivou para o meio, sem ser incomodado por ninguém do Brasil e arriscou de fora da área. A bola saiu tirando tinta da meta de Cláudio.
Segundo Tempo
-O panorama não se alterou na etapa final. Enquanto o Brasil tocava a bola sem conseguir penetração, a Alemanha impunha seu jogo de velocidade. Aos 8 minutos, Vogts tabelou com Beckembauer, que avançou e, de pé esquerdo, mandou uma bomba que passou a centímetros da trave direita.
-GOL! O massacre continuava. No minuto seguinte, Held recebeu a bola pela esquerda, nas costas de Carlos Alberto, avançou e centrou rasteiro. Overath deu um leve desvio na pelota, que sobrou limpa para Dorfel bater sem chances para Cláudio. 2 a 0.
-GOL! Mal a saída foi dada, em um dos raros ataques brasileiros, a seleção conseguiu diminuir o prejuízo. Edu avançou pela esquerda e cruzou na cabeça de Tostão. Alemanha 2 a 1.
-Mesmo melhorando um pouco, depois de ter feito o gol, o Brasil não mostrava força ofensiva. Os germânicos, ao contrário, chegavam com facilidade ao campo de ataque, justamente pela superioridade numérica no meio de campo. Aos 24, Overath bateu de fora da área e mais uma vez colocou Cláudio para trabalhar.
-A partir dos 25 minutos, os alemães diminuiram um pouco o ritmo. Mesmo assim, aos 33, Beckembauer tocou para Overath que mais uma vez soltou a bomba, de canhota. Cláudio teve que se esticar todo para mandar a bola a escanteio.
-No fim das contas, apesar de um segundo tempo morno, a Alemanha mereceu vencer e o 2 a 1 foi até pouco. No total, foram criadas, além dos gols, sete oportunidades bávaras contra apenas duas brasileiras.
Flagrante tático
Pós Jogo
A maior crítica da imprensa, após a derrota era pelo não aproveitamento de Rivellino, que atuara bem diante do Uruguai, na vaga de Denílson. Alguns poucos, como João Saldanha, alertavam para o esquema tático compeltamete ultrapassado que a seleção usara. Para ele, não só os alemães eram mais fortes fisicamente, como também tinham a vantagem de um ou dois homens na meia cancha.
De qualquer forma, a exursão continuou. No dia 20, escalado em um 4-3-3, o Brasil deu show diante da Polônia, vencendo por 6 a 3. Três dias depois, o goleiro Félix engoliu um frangaço e a seleção deixou o campo derrotada pela Tchecoslváquia (futura adversária na Copa), por 3 a 2. No dia 25, diante da sensação européia, a Iugoslávia, o Brasil volta a jogar bem e, com gols de Carlos Alberto, de pênalti e Tostão, vence a partida. No dia 30, dando adeus a Europa, novo triunfo, dessa vez em cima dos envelhecidos portugueses, por 3 a 0.
Antes de retornar ao Brasil, a seleção fez dois amistosos no México e dois em Lima. No primeiro, venceu o time olimpíco mexicando, por 2 a 0. No segundo, enfrentando o time principal, um tropeço, por 2 a 1. Já no Peru, que se preparava para as eliminatórias sulamericanas, duas vitórias, por 4 a 3 e 4 a 0.
Link para o Compacto do jogo
http://www.youtube.com/watch?v=Pov-EAD6RNA
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